Ayres Britto: "Não há ativismo no Supremo; há proatividade interpretativa"
No mesmo evento, o também ex-presidente do STF Nelson Jobim concordou com o colega e avaliou que houve um crescimento de provocação ao Supremo
Estadão Conteúdo
Publicado em 26 de fevereiro de 2019 às 13h20.
Última atualização em 26 de fevereiro de 2019 às 14h01.
São Paulo - O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal ( STF ) Carlos Ayres Britto defendeu nesta terça-feira, 26, a atuação da Corte e negou que haja o chamado "ativismo judicial" dos ministros. Segundo ele, o ativismo judicial é confundido com uma proatividade interpretativa da legislação. "Essa Constituição habilitou o Supremo a guardá-la, sobretudo. Quando o Supremo desata, desentranha da Constituição nessas angulações normativas, é acusado de ativismo. Mas não há ativismo, há uma proatividade interpretativa", disse Ayres Britto no o 20º CEO Brasil 2019 Conference, do BTG Pactual, em São Paulo (SP).
No mesmo evento, o também ex-presidente do STF Nelson Jobim concordou com o colega e avaliou que houve um crescimento de provocação ao Supremo sobre diversos temas e justificou: "o que se passa é que o ambiente político não encontrou forma para seus dissensos e jogou para o Supremo esses dissensos. Se, de um lado, o Supremo está invadindo os ponderes, por outro lado o que nos provoca é quem está no poder".
Sem citar nomes, Jobim criticou a deputada federal Joice Hasselamann (PSL-SP), que, minutos antes, no mesmo evento, disse estar trabalhando em "remédios" no regimento interno da Câmara com o objetivo de "evitar o que a oposição sabe fazer, que é atrapalhar a vida do parlamento, com obstrução de pautas". Para ele, mudança de regimento da Câmara é "para atropelar" e "atropelo produz o dissenso", afirmou Jobim, que iniciou a fala dizendo que o "Congresso não tem nada novo", mas "algum personagem novo".
Jobim elogiou o atual presidente do STF, Dias Toffoli, o qual, segundo ele, tem mostrando a capacidade de dialogar e da reconstrução da colegialidade, que mostra o Supremo não como algo isolado.