Senador Aécio Neves (PMDB-MG): "governo não quer que se investigue absolutamente nada, não quer investigar cartel, nem portos", disse (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 23 de abril de 2014 às 18h35.
São Paulo - O senador Aécio Neves (PSDB-MG) disse nesta quarta-feira que o governo da presidente Dilma Rousseff quer evitar ao máximo que seja aberta uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) exclusiva sobre a Petrobras, que deve investigar a compra da Refinaria de Pasadena (Texas) pela estatal.
"O governo não quer que se investigue absolutamente nada, não quer investigar cartel, nem portos. O governo apenas quer evitar que se investigue a Petrobras, porque isso vai trazer desgaste para quem teve responsabilidades em negócios tão danosos para os brasileiros", afirmou, em entrevista ao programa Jornal Boca do Povo, da Rádio Difusora Pantanal, de Mato Grosso do Sul.
O ex-governador mineiro defendeu que a proposta da CPI da Petrobras não tem como objetivo desgastar o governo, reforçou que o PSDB apenas cumpriu "seu dever" de fiscalizador das ações do governo e demonstrou preocupação com a situação da estatal. "A nossa maior empresa vale menos de metade do que valia há quatro anos atrás. Ela se transformou em uma das companhias mais endividadas do mundo.
Ela deixou as páginas da economia para habitar as páginas policiais. O Brasil inteiro acompanhou esse desatino da compra de uma refinaria que valia US$ 45 milhões, que depois de equívocos sucessivos, foi comprada por US$ 1,2 bilhão", afirmou Aécio. "Não é apenas a questão de Pasadena.
Em Pernambuco, está sendo construída uma refinaria chamada Abreu e Lima, que foi orçada inicialmente em US$ 2,5 bilhões, já gastou US$ 18 bi e não ficará pronta por menos de US$ 20 bi. Isso é dinheiro da sociedade", acrescentou.
Quando questionado sobre as indicações políticas a cargos na Petrobras, Aécio disse que o aparelhamento do Estado brasileiro e das empresas brasileiras talvez seja a "pior das heranças" que esse ciclo de governo do PT vai deixar. "Fazer um governo com composições políticas é do jogo democrático, mas o PT levou isso às ultimas consequências. O aparelhamento do PT chega ao ascensorista da agência do ministério tal...", disparou o tucano.
Sobre a recente queda da presidentes nas pesquisas, o senador atribuiu o revés às promessas não cumpridas feitas pela petista. Além disso, o tucano destacou que no Brasil há um crescente sentimento de mudança. "Hoje, 70% da população quer mudanças totais ou profundas.
Não há ainda uma identificação por parte da sociedade de quem será o instrumento da mudança. A razão para isso é o desconhecimento dos candidatos, tanto sobre mim, quanto em relação ao Eduardo (Campos) e também ao Randolfe (Rodrigues, do Psol)", explicou Aécio, que demonstrou estar ansioso para enfrentar Dilma nos debates.
"Hoje, há um monólogo do governo. Quero debater sobre o descalabro da condução econômica, sobre a demonização que o PT fez durante dez anos em relação às parcerias do setor privado", emendou.
'Aliança branca'
Aécio não descartou a possibilidade de o PSDB lançar candidatura própria em Mato Grosso do Sul e sinalizou que dificilmente a legenda tucana se uniria ao PT na disputa estadual. De acordo com o senador, essa não seria uma aliança natural. "Não haverá alianças estaduais que contrariem os interesses da direção nacional do PSDB.
O que o PT vem fazendo ao Brasil, o prejuízo que o partido vem causando na gestão temerária da economia, que nos legará uma inflação alta, com um crescimento extremamente baixo e uma perda crescente da credibilidade do País. Nós condenamos tudo isso", concluiu o senador.