Adriana Accorsi: o peso do PT em Goiânia
Camila Almeida A delegada Adriana Accorsi (PT) é a candidata da continuidade na cidade de Goiânia – e isso não é uma vantagem. Paulo Garcia (PT), em seu segundo mandato, é o pior prefeito das capitais do Brasil, com 62% da população considerando sua gestão ruim ou péssima. O cenário nacional também está longe de favorecer […]
Da Redação
Publicado em 14 de setembro de 2016 às 18h17.
Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h46.
Camila Almeida
A delegada Adriana Accorsi (PT) é a candidata da continuidade na cidade de Goiânia – e isso não é uma vantagem. Paulo Garcia (PT), em seu segundo mandato, é o pior prefeito das capitais do Brasil, com 62% da população considerando sua gestão ruim ou péssima. O cenário nacional também está longe de favorecer a candidata. O vermelho foi abolido da campanha, que aposta em tons brancos e no discurso da renovação. Adriana tem 8% das intenções de voto – está em quarto lugar numa corrida liderada pelo ex-prefeito Iris Rezende (PMDB), com 37%. Em entrevista a EXAME Hoje, a candidata falou sobre as necessidades da segurança pública, os desafios em relação à juventude e o conturbado cenário político .
Camila Almeida
A delegada Adriana Accorsi (PT) é a candidata da continuidade na cidade de Goiânia – e isso não é uma vantagem. Paulo Garcia (PT), em seu segundo mandato, é o pior prefeito das capitais do Brasil, com 62% da população considerando sua gestão ruim ou péssima. O cenário nacional também está longe de favorecer a candidata. O vermelho foi abolido da campanha, que aposta em tons brancos e no discurso da renovação. Adriana tem 8% das intenções de voto – está em quarto lugar numa corrida liderada pelo ex-prefeito Iris Rezende (PMDB), com 37%. Em entrevista a EXAME Hoje, a candidata falou sobre as necessidades da segurança pública, os desafios em relação à juventude e o conturbado cenário político .
Além da senhora, há também outro delegado, Waldir Oliveira (PR) na disputa à prefeitura de Goiânia. Como é a relação de vocês? Há alguma semelhança na postura que vocês assumem?
Na verdade, existem quatro chapas diferentes lideradas por trabalhadores da segurança pública, com uma delegada e um delegado saindo candidatos. O delegado Waldir é da minha turma da Polícia Civil e atuamos na função há mais de 16 anos. Eu inclusive fui superior dele por cerca de um ano. Nós temos uma relação amistosa, respeitosa, mas temos projetos e pensamentos muito diferentes, inclusive em relação à contribuição que o município pode trazer para a segurança pública e à questão da inclusão da juventude.
O que é preciso mudar na segurança pública de Goiânia?
Essa é uma das maiores angústias da população – não só da capital, mas de todo o estado. Nós tivemos, nos últimos anos, um aumento muito grande no número de homicídios e crimes violentos. O município pode contribuir muito, principalmente em dois aspectos. Primeiro, na ação preventiva, que é função do município. Prevenção ao uso de drogas, prevenção ao envolvimento das crianças e adolescentes com a criminalidade – e não só através da prática esportiva e cultural, mas pela inclusão com políticas de primeiro emprego, por exemplo. Isso será prioridade na nossa gestão. Segundo, na capacitação da guarda municipal — que já é extremamente capacitada, com quase todos os membros com curso superior – e na ampliação das soluções tecnológicas, como videomonitoramento. Eu fui secretária municipal de Defesa Social e atuamos na estruturação da guarda: adquirimos viaturas e armamentos, trocamos todo o fardamento, aumentamos salário e os funcionários passaram a receber vale-alimentação. O objetivo é que eles possam contribuir com a Polícia Civil e Militar na segurança comunitária.
Essa questão da guarda municipal armada é polêmica e divide opiniões. Por que a senhora acredita que armar a guarda é importante?
A nova legislação (3.022/14) diz que as guardas municipais passam a ter uma força de segurança pública, com o direito de usar armas, uma vez que o desafio exige isso em muitos locais, para a própria segurança do trabalhador. Aqui em Goiânia, discutimos exaustivamente essa questão, baseados na história e no contexto brasileiros, e efetuamos toda a capacitação necessária. Aliás, a Guarda de Goiânia fez o dobro de horas de capacitação que é exigida pela Polícia Federal. Armamos a Guarda há mais de um ano e nunca tivemos nenhum incidente.
Qual deve ser a prioridade da próxima gestão?
Estamos vivendo um esquecimento da juventude negra e da periferia, uma situação de desemprego da juventude e de evasão escolar dos adolescentes. A prioridade em Goiânia tem que ser a atenção e a inclusão social das crianças e adolescentes através da educação. Nós temos um déficit de 5.000 vagas na educação infantil até três anos de idade. Precisamos zerar o déficit educacional, precisamos retomar as escolinhas esportivas, que foram fechadas na administração anterior e as crianças ficaram sem alternativa de atividade. O adolescente precisa se capacitar e ter possibilidade de inclusão no mundo do trabalho. É a minha opinião principalmente como delegada de proteção à criança e adolescente. Nossa cidade tem muitos jovens e, ao mesmo tempo, vive uma violência muito grande contra essa juventude. Precisamos olhar para a inclusão.
Goiânia tem uma dívida muito alta e as contas do município não estão bem, o que acaba dificultando a atração de investimentos e a continuidade de obras. Como recuperar a estabilidade financeira?
Nós vivemos um período de crise muito grave há dois anos, que resultou em problemas muito sérios, mas nunca houve, por exemplo, atraso no pagamento dos servidores como houve no estado. No município, foram tomadas medidas muito rigorosas de restrição da utilização dos recursos e a próxima prefeita ou prefeito que iniciar a administração recebe Goiânia com as contas em dia. Este ano estão sendo entregues mais de 60 obras em parques, quase 40 quadras esportivas entregues só nessa administração. Foi apresentado o balanço do último semestre feito na Câmara Municipal e o prefeito demonstrou que as contas estão sendo regularizadas e, no final do ano, teremos capacidade de atrair investimentos.
Como a senhor avalia a atual gestão? O prefeito Paulo Garcia já foi várias vezes eleito o pior prefeito do Brasil e tem uma rejeição altíssima da população.
Na última pesquisa realizada em Goiânia, o governo federal apresentou uma péssima aprovação, assim como o governo do estado [o atual governador é Marconi Perillo, do PSDB], e infelizmente não é diferente no município. Nós tivemos uma administração com problemas gravíssimos, relacionados principalmente à chegada da crise a Goiânia que inviabilizou uma série de projetos. Mas conseguimos retomar um dos maiores projetos da gestão, o BRT, e grande parte dele será entregue no final do ano. Tivemos também muitos corredores exclusivos de ônibus, ciclovias e até uma cicloponte. Um dos maiores parques lineares do Brasil está sendo feito aqui. Acredito que a baixa aprovação é por falta de divulgação das obras. É preciso uma divulgação criativa, sem muito gasto de dinheiro público, mas que seja próxima do cidadão.
Por que, apesar de vocês serem do mesmo partido, seu discurso é de renovação e não de continuidade?
Nós somos do mesmo partido e isso é de conhecimento geral da população de Goiânia, uma vez que eu nunca fui de outro partido. A política tem que se renovar de uma forma geral. O Partido dos Trabalhadores precisa realizar autocrítica e renovar as formas não só de política, mas de administração. Precisamos avançar para uma política mais transparente, mais sincera e mais próxima das pessoas. E não é porque nós somos do mesmo partido que nós não temos que melhorar. Por isso, uma das nossas propostas é retomar o orçamento participativo, através qual não só a população tem total conhecimento dos gastos públicos, como também participa da tomada de decisões.Na minha opinião, a população vai escolher o homem ou a mulher que vai cuidar da cidade com base nas características pessoais e história dos candidatos, mais do que pelo partido político. Aqui não tem nenhum partido que possa dizer que não tem pessoas envolvidas nos últimos escândalos de corrupção. Então, eu não me sinto preterida por essa razão.