"A famosa mala de dinheiro não saiu da Rodrimar", diz empresa dos portos
A companhia cita o emblemático capítulo da mala dos R$ 500 mil da JBS, filmada nas mãos do ex-assessor do presidente, Rodrigo Rocha Loures
Estadão Conteúdo
Publicado em 29 de março de 2018 às 18h40.
Brasília - A Rodrimar, alvo da Operação Skala deflagrada nesta quinta-feira, 29, para pegar amigos e aliados do presidente Michel Temer , afirmou em uma nota extensa que "nunca recebeu qualquer privilégio do poder público em mais de sete décadas de existência".
Agentes da Polícia Federal , munidos de autorização do ministro Luís Roberto Barroso , do Supremo Tribunal Federal ( STF ), prenderam o empresário e advogado José Yunes e o coronel João Baptista Lima Filho - muito próximos de Temer - e fizeram buscas em 20 endereços, entre os quais a sede da Rodrimar, em Santos (SP).
"A operação não afetou os negócios da companhia, que completará 75 anos de trabalho com muita qualidade e com a fidelidade e o respeito de seus clientes e de todo o setor de comércio exterior no Brasil", afirmou o grupo.
"A Rodrimar e seu presidente foram surpreendidos com a Operação Skala, deflagrada pela Polícia Federal em dia de feriado no Judiciário, impossibilitando o acesso dos advogados aos autos", destaca nota.
Em outro trecho do texto, a companhia afirma que "nunca pagou propina a nenhum agente público e nunca autorizou que alguém o fizesse em seu nome".
A companhia cita o emblemático capítulo da mala dos R$ 500 mil da JBS, filmada nas mãos do ex-assessor do presidente, Rodrigo Rocha Loures, em abril do ano passado, em uma rua de São Paulo. O dinheiro seria destinado a Temer via um executivo da Rodrimar.
"A 'famosa' mala de dinheiro não saiu da Rodrimar nem era destinada a ela ou a seus executivos, como já foi esclarecido nos autos da investigação", diz a empresa. "Já houve, inclusive, uma denúncia referente a essa questão da mala sem nenhuma acusação contra alguém da Rodrimar."
A empresa assinala que também "soa estranho que um inquérito da década de 1990, já arquivado e no qual ninguém da Rodrimar tenha sido sequer intimado tenha sido usado para esse extemporâneo mandado de prisão".
"Também é falsa a afirmação apurada em um inquérito da década de 1990 de que tenha havido 'caixinha' ou 'caixa dois', tanto que o inquérito já foi arquivado por determinação do Supremo Tribunal Federal".
Sobre o Decreto dos Portos, assinado em 2017 por Temer, a Rodrimar esclareceu que "seus dirigentes atuaram, sim, como representantes e parceiros das entidades setoriais no sentido de ajudar a construir o texto de um decreto".
"Todas as empresas que atuam nos portos brasileiros participaram ativamente desses esforços."
O grupo reconhece que "é verdade que algumas das reivindicações do setor foram atendidas pelo governo federal sim, mas boa parte não foi, inclusive a adaptação dos contratos assinados antes de 1993, o que era o principal interesse da Rodrimar, pois o maior de seus contratos correspondente a cerca de 80% do faturamento da empresa, é de 1991".
"O decreto não beneficiou nenhuma empresa. Ele estabelece critérios que podem vir a permitir a adaptação de 114 contratos de concessão em portos públicos obtidos em processos licitatórios a partir de 1993, entre eles um da Rodrimar, responsável por menos de 10% do faturamento da empresa. As concessionárias tiveram de informar ao governo quanto pretendem investir para adaptar os contratos ao decreto e a decisão cabe agora ao Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil", ressalta a nota da Rodrimar.
"Não compreendemos qual tipo de benefício ou privilégio a empresa teria recebido do Poder Público se ela teve de recorrer à Justiça para garantir os seus direitos e continuar operando. Reiteramos que a Rodrimar nunca recebeu qualquer privilégio do Poder Público em mais de sete décadas de existência. A companhia sempre atuou com ética, competência e respeito aos seus clientes, colaboradores e parceiros. E assim continuará!"