Afinal, a eleição já acabou? Os mundos paralelos de Bolsonaro e Haddad
Enquanto o capitão do exército pensa na equipe de governo, seu adversário leva ao ar uma campanha dura sobre os horrores da tortura no regime militar
Da Redação
Publicado em 18 de outubro de 2018 às 06h06.
Última atualização em 18 de outubro de 2018 às 07h12.
A dez dias do fim do primeiro turno, as campanhas de Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) têm visões muito particulares sobre em que pé está a campanha presidencial. Sobre uma coisa não há discordância: a distância entre os dois candidatos é enorme. São 18 pontos a favor de Bolsonaro, segundo Ibope, e 16 segundo o Datafolha.
Para Bolsonaro e sua equipe, fica cada vez mais claro que o sentimento é de jogo ganho. Ontem, ele afirmou que está “quase com a mão na faixa presidencial”, e que seus adversários estão “apavorados”. Na terça-feira o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do capitão reformado do exército, afirmou que “bater em Haddad é chutar cachorro morto”. “Não é soberba, não. É realidade. Não consegue decolar”, afirmou, segundo Valor.
Em paralelo, o candidato do PSL começa a tentar formar seu eventual governo. A deputada Tereza Cristina (DEM-MS), presidente da Frente Parlamentar Agropecuária, afirmou ter sido procurada para indicar nomes. Uma das promessas do candidato, vale lembrar, é acabar com as indicações políticas. O atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), negocia com aliados do provável presidente para permanecer no cargo a partir de 2019.
Para que tudo isso aconteça, Bolsonaro precisa primeiro ganhar as eleições. Segundo o Datafolha, no primeiro turno 26% dos eleitores decidiram seu candidato a presidente na última semana, o que, na teoria, dá algum alento ao PT. Nesta terça-feira Haddad afirmou que a campanha ainda está “começando”.
Uma aposta petista é a boa e velha propaganda eleitoral no rádio e na televisão. Na terça-feira, o partido levou ao ar um programa sobre tortura, com depoimentos de vítima de Carlos Alberto Brilhante Ustra, coronel a quem Bolsonaro dedicou seu voto pelo impeachment de Dilma Rousseff. Nas redes sociais, a campanha petista está explicando, em tom sombrio, como funcionam alguns dos equipamentos de tortura usados no regime militar elogiado pelo adversário. Ontem, novo filme mostra uma criança atirando nos pais após encontrar uma arma no armário de casa — uma das propostas de Bolsonaro é armar a população para combater o crime.
A campanha é capaz de embrulhar o estômago. Mas vai aumentar a rejeição de Bolsonaro e reduzir a diferença a favor de Haddad? Algumas respostas devem sair na pesquisa Datafolha a ser divulgada nesta quinta-feira, durante o Jornal Nacional.