8 de janeiro: PF identifica suspeitos de invasão das sedes dos Três Poderes com base no DNA
O material genético foi achado em garrafas, bitucas de cigarro, roupas e outros itens que ficaram para trás
Agência de notícias
Publicado em 28 de julho de 2023 às 14h03.
Última atualização em 28 de julho de 2023 às 14h35.
Perícia feita pela Polícia Federal no material genético dos invasores do 8 de janeiro concluiu que pelo menos três golpistas invadiram duas das sedes dos Três Poderes, em Brasília.
A análise foi feita em garrafas, bitucas de cigarro, roupas e demais itens que ficaram para trás no Palácio do Planalto, Congresso e Supremo Tribunal Federal. O trabalho foi realizado por profissionais do Instituto Nacional de Criminalística (INC).
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Os peritos conseguiram identificar o mesmo perfil genético em um vestígio de sangue coletado na área externa do térreo do Palácio do Planalto e também em uma máscara descartável que estava no primeiro pavimento do STF. Em outro caso, o material foi reconhecido na área interna do térreo do Planalto e na cúpula externa da Câmara dos Deputados.
O terceiro DNA coincidente estava em uma embalagem de água de coco e copo descartável encontrados no segundo piso do Planalto e em uma mancha de sangue na vidraça da fachada oeste do STF.
A partir desse material, foram feitas inserções das informações no Banco Nacional de Perfis Genéticos, interligado às bases estaduais, e comparações com o DNA dos presos em flagrante pelos ataques golpistas. A coleta de saliva, digital e fotografia dessas pessoas foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, a pedido da PF. Após a análise, foi constatado que o material genético não corresponde a nenhum dos 1.388 presos na ocasião. Investigadores agora tentam descobrir a identidade desses suspeitos.
Mais de mil vestígios recolhidos
O trabalho dos peritos começou no dia seguinte aos atos antidemocráticos, nas dependências e redondezas dos três prédios públicos. Após o isolamento e a preservação dos locais, os policiais federais passaram a buscar pelas chamadas células epiteliais, espécie de revestimento de proteção do corpo, e até mesmo de gordura.Ao todo, mais de mil vestígios foram recolhidos em peças de roupas deixadas pelos vândalos, como bonés, camisas e meias, e em objetos onde houve contato e consequentemente transferência de tecidos, como canetas, óculos, pentes e bitucas de cigarros.
Também foram utilizadas como fontes de análise fluidos de saliva deixados em copos, garrafas e telefones celulares e ainda resíduos de impressão digital depositados em superfícies tocadas pelos homens e mulheres que participaram dos atos antidemocráticos. Além de compilarem as informações no chamado “Laudo de Perícia Criminal — Local de Crime”, cerca de 50 agentes fotografaram e filmaram os lugares, inclusive com o auxílio de drones, e também mediram as dependências da Praça dos Três Poderes com equipamento de scanner 3D.
Todo o material recolhido foi apreendido, embalado, lacrado e encaminhado a setores do instituto de criminalística para exames laboratoriais complementares: Perícia em Genética Forense, Perícia Química e Perícia Documentoscópica. Diante das análises dos profissionais, foi possível extrair, dos quase mil vestígios biológicos coletados, 176 perfis considerados completos por serem geneticamente comparáveis e incontestes.
Com o confronto, 47 perfis foram coincidentes com presos encaminhados a cadeias do Distrito Federal e compõem provas incontestáveis da presença deles nos locais examinados. No entanto, as 129 amostras restantes não deram “match” e ficarão armazenadas até o fim da prescrição penal ou pedido de retirada do banco, podendo ser utilizadas sempre que for necessário.