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A startup também desenvolve programas de treinamento de coletores de sementes com comunidades locais e fornece apoio financeiro aos empreendedores locais dos viveiros parceiros. (LeoFFreitas/Getty Images)
EXAME Solutions
Publicado em 24 de maio de 2024 às 15h00.
Última atualização em 27 de maio de 2024 às 13h57.
Reflorestamento? Não, restauração ecológica em escala. Eis o que a re.green faz, devolvendo todos os subsistemas e biodiversidade às florestas brasileiras. Apoiada por gestoras conhecidas — Gávea Investimentos, Principia, Dynamo, Lanx e BW Capital Partners —, a startup atua em toda a cadeia de restauração, desde a coleta de sementes até a comercialização do carbono.
“Nosso diferencial é otimizar a diversidade de espécies nativas e o aperfeiçoamento contínuo a partir de um robusto programa de pesquisa e desenvolvimento”, diz o site da empresa, cujo conselho de administração é formado pelo cineasta João Moreira Salles, pelo Armínio Fraga (ex-presidente do Banco Central e fundador da Gávea) e pela Ilona Szabó (co-fundadora e presidente do Instituto Igarapé), entre outros nomes.
A meta da startup, que recebeu um aporte de R$ 380 milhões dos sócios, é restaurar 1 milhão de hectares de florestas e capturar 15 milhões de toneladas de carbono por ano. Nas últimas semanas, ela anunciou um acordo com a Microsoft para restaurar 15 mil hectares da Amazônia e da Mata Atlântica. A parceria começa com 9 mil hectares nesses dois biomas.
Trata-se de um dos maiores projetos de venda de crédito de carbono já firmados no planeta e o primeiro contrato do tipo assinado pela re.green. “Esse acordo é um grande orgulho para a re.green e um importante marco para o desenvolvimento de um novo mercado, baseado no valor das florestas em pé, na escala das soluções baseadas na natureza e no avanço científico”, declarou a startup por meio de nota.
Ela se apresenta como a primeira companhia do gênero a combinar a silvicultura de madeira nativa com projetos de carbono. É o que torna possível a restauração ecológica em escala em regiões onde o preço da terra é elevado. É o caso, por exemplo, de diversos trechos da Mata Atlântica. Sem a madeira, defende a empresa, seria impossível restaurar regiões do tipo em escala.
Para essas regiões, a re.green prevê um ciclo único de colheita de espécies madeireiras. Concluída a colheita, o processo de restauração terá início. Registre-se que a startup está desenvolvendo uma cadeia de valor para amadeira nativa certificada, hoje inexistente.
“Iremos desenvolver serrarias com tecnologia de ponta nas regiões dos nossos projetos, atuando para capacitar pequenos produtores locais”, anunciou a re.green. “Por fim, com a comercialização da madeira garantimos a permanência dos empregos e rendas geradas, além da produção de outros ativos biológicos como frutas e óleos (sempre obtidos por manejo sustentável por meio de trabalhadores locais)”.
Com apenas dois anos de atuação, a companhia já é tida como relevante no mercado de carbono. Em 2022, o primeiro projeto começou a sair do papel. Fica na Fazenda Ouro Verde, no sul da Bahia. Na região de Eunápolis, a propriedade de 336 hectares faz parte da Mata Atlântica.
A startup, entre outras iniciativas, também desenvolve programas de treinamento de coletores de sementes com comunidades locais; fornece apoio financeiro aos empreendedores locais dos viveiros parceiros; e se engaja com comunidades do entorno das áreas em recuperação para evitar incêndios.
No ano passado, Bernardo Strassburg, um dos fundadores, foi premiado como Líder em Sustentabilidade de 2023 pela Environmental Finance. Trata-se de uma plataforma online de notícias e análises sobre investimentos sustentáveis e finanças verdes, entre outros assuntos do tipo.
“Este prêmio é a prova de que nossas abordagens científicas são uma solução poderosa”, declarou Strassburg quando recebeu a distinção. “Não estamos só falando em plantar árvores, estamos fazendo algo muito maior; estamos restaurando ecossistemas inteiros, não só em termos de composição funcional, mas também em relação a todos os seus processos”.