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Sebo bovino e banha de porco: JBS aposta em fornecer resíduos para fabricação de SAF

1,2 milhão de toneladas de sebo bovino e banha de porco já foram direcionadas para a produção de SAF

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 23 de julho de 2024 às 12h23.

Última atualização em 23 de julho de 2024 às 13h03.

Sebo bovino e banha de porcos são resíduos animais que costumam geralmente ir para o lixo. A JBS, gigante de alimentos, vê neles uma oportunidade de negócio. A empresa anunciou nesta terça-feira, 23, que os resíduos das operações da companhia nos Estados Unidos, Canadá e Austrália estão sendo transformados em combustível para aeronaves.

Em dois anos, 1,2 milhão de toneladas de sebo bovino e banha de porco já foram direcionadas para a produção de Combustível Sustentável para Aviação (SAF, na sigla em inglês), e outros combustíveis renováveis — o uso do sebo bovino para a geração de biocombustível é conhecido como ‘cowpower’.

O Brasil ocupa o quinto lugar entre os principais exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres, com 100,5 mil toneladas, segundo o último levantamento da Associação Brasileira de Reciclagem Animal (Abra), divulgado em 2023.

Para Jason Weller, CSO global da JBS, a iniciativa reforça o compromisso da empresa com a gestão responsável de resíduos e com a promoção da economia circular em suas operações. "O setor de aviação foi historicamente desafiado na descarbonização, pois depende de combustível fóssil. Ao reaproveitar resíduos animais, contribuímos para o meio ambiente e ajudamos este setor crítico em seu processo de descarbonização", afirma.

Dados do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) mostram que as emissões de dióxido de carbono (CO₂) relacionadas à aviação aumentaram, em média, 2,6% por ano nos últimos 25 anos e o setor de aviação comercial responde por cerca de 5% da sobrecarga global do clima.

O SAF se apresenta como uma alternativa climática amigável ao combustível fóssil, já que tem potencial de reduzir as emissões de carbono em até 70% e pode ser usado como uma mistura de até 50% no tanque de querosene usado em aeronaves comerciais.

O setor de reciclagem animal é composto por indústrias que processam esses resíduos, reguladas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) quando registradas no Serviço de Inspeção Federal (SIF). No Brasil, a legislação federal que normatiza esse setor é fundamentada na Lei nº 1.283/1950, regulamentada pelo Decreto nº 9.013/2017.

A Friboi conduz pesquisas sobre o aproveitamento de resíduos animais para a fabricação de combustível de aviação no Brasil. Ao mesmo tempo, a Biopower, integrante do grupo JBS, avalia a produção de combustível renovável para navios, como uma alternativa ao bunker oil, combustível fóssil amplamente utilizado por embarcações marítimas.

A Biopower é uma das principais produtoras brasileiras de biodiesel a partir de resíduos orgânicos do processamento de bovinos, oferecendo uma alternativa que reduz em até 80% as emissões de gás carbônico em comparação ao diesel fóssil. A empresa opera três unidades fabris em Mafra (SC), Lins (SP) e Campo Verde (MT).

Biodiesel B100

No ano passado, a JBS deu início a um projeto para introduzir o uso de biodiesel 100% (B100) em sua frota própria de caminhões — um caminhão da montadora holandesa DAF já utiliza o B100 com o objetivo de comprovar a qualidade do biocombustível como um importante substituto para o setor.

O caminhão já passou de 120 mil km de uso e o resultado mostrou que o veículo abastecido com B100 apresentou rendimento equivalente ao diesel e emissão de até 80% menos gás carbônico — desde 1º de março de 2024, o aumento do percentual da mistura de biodiesel ao diesel vendido para o consumidor final já está funcionando na prática. O índice do biocombustível no diesel comercializado no país passou a ser de 14%.

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