SAF no Brasil será para exportação e Paulínia deve ser grande hub, diz CEO da Cosan Investimentos
Ricardo Mussa criticou a exportação de etanol para outros países que, segundo ele, acabam transformando o produto em SAF e vendendo para terceiros
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 4 de novembro de 2024 às 11h53.
A produção de SAF, combustível sustentável de aviação, no Brasil deverá ser majoritariamente voltada paraexportação, segundo avaliação de Ricardo Mussa, CEO da Cosan Investimentos.
“O SAF no Brasil vai ser para exportação.O mercado desenvolvido, como Europa, Estados Unidos e Ásia, terá demanda suficientepara absorver o que o Brasil pode produzir”, afirmou Mussa durante o AgroForum,evento promovido pelo BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME).
O executivo destacou ainda que vê o município de Paulínia, em São Paulo, como potencial hub nacional de produção do SAF. A cidade, segundo ele, é um polo estratégico por contar com ampla infraestrutura de etanol, fator que podereduzir os custos logísticos e atrair novos investimentos.
“Paulínia é um super lugar. Tem toda a estrutura do etanolduto e uma conexão direta com o porto de Santos”, explicou Mussa.
Exportação de etanol
Além disso, o CEO da Cosan criticou a exportação de etanol para outros países que, segundo ele, transformam o produto em SAF e o vendem para terceiros — ou seja, agregam valor a algo que poderia trazer mais valor à produção brasileira.
“É uma idiotice exportarmos etanol, para que outros países produzam SAF e exportem para a Europa”, afirmou.Ele explicou que a cada 1,7 litro de etanol, é possível produzir um litro de combustível sustentável de aviação.
Mussa ressaltou que, para o desenvolvimento da indústria, será crucial que os governos incentivem a produção do SAF. O custo, segundo ele, inevitavelmente refletirá nas tarifas aéreas, com os consumidores arcando com parte dos custos de sustentabilidade.
“O SAF vem independente do custo.Vai ser colocado um preço e o consumidor vai pagar a conta. Hoje, a aviação é responsável por cerca de 3% das emissões globais”, finalizou o executivo.