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Redator na Exame
Publicado em 13 de dezembro de 2024 às 10h33.
Última atualização em 13 de dezembro de 2024 às 11h03.
Os preços do café arábica dispararam, alcançando o maior valor em quase 50 anos. Na última terça-feira (11), o contrato de futuros para março chegou a US$ 3,48 (R$ 20,94) por libra, marcando um aumento de 70% no acumulado do ano, segundo a CNBC.
A última vez que o preço esteve tão elevado foi em 1977, após uma nevasca devastar plantações no Brasil. Hoje, a combinação de seca, temperaturas extremas e dependência de poucas regiões produtoras impulsiona a nova alta.O Brasil, maior produtor mundial de café, enfrenta um cenário crítico. Entre agosto e setembro, o país registrou a pior seca em 70 anos, seguida por chuvas intensas em outubro, comprometendo a safra de 2024/2025. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção brasileira deve alcançar 66,4 milhões de sacas de 60 kg, uma queda de 5,8% em relação à estimativa anterior.
Carlos Mera, especialista do Rabobank, alerta que esta é a quinta safra consecutiva prejudicada por eventos climáticos extremos no Brasil, afetando o crescimento de longo prazo das plantações de café.Além disso, a produção concentrada em regiões tropicais como Brasil, Vietnã, Colômbia e Etiópia, que juntas somam 56% da oferta global, torna o mercado vulnerável a condições adversas.
Enquanto a oferta sofre, a demanda global continua em alta, puxada por mercados emergentes como a China. O robusta, variedade usada em blends e cafés instantâneos, também registra preços recordes, agravando a situação.
David Oxley, da Capital Economics, prevê que uma queda significativa nos preços só ocorrerá com o aumento da produção e reposição dos estoques, o que pode levar anos.Fabricantes como a Nestlé já repassam os custos elevados ao consumidor final, com aumento de preços e embalagens menores. "Estamos absorvendo os aumentos sempre que possível, mantendo a alta qualidade e sabor", disse um porta-voz da empresa.
Outras marcas, como Starbucks e Lavazza, preferiram não comentar.
Especialistas preveem que os preços podem subir ainda mais antes de estabilizar. A dependência de poucas regiões produtoras, os efeitos da crise climática e a demanda global crescente tornam o mercado altamente volátil e desafiam tanto produtores quanto consumidores.
Com cenários climáticos cada vez mais imprevisíveis, a cadeia global do café precisará buscar soluções inovadoras para lidar com crises futuras.