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Cacau SP: Com teste piloto, São Paulo aposta em triplicar área plantada de cacau no estado até 2025

Medida será implementada em duas etapas: inicialmente, o governo planeja alocar R$ 100 mil para até 500 produtores estaduais, no total de R$ 5 milhões; na segunda fase, a intenção é expandir para mais 1.000 produtores

Cocoa farmer uses pruning shears to cut the cocoa pods or fruit ripe yellow cacao from the cacao tree. Harvest the agricultural cocoa business produces. (Freepik/Freepik)
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 25 de julho de 2024 às 06h06.

O governo de São Paulo tem planos de expansão até outubro para o Programa Cacau SP, iniciado em 2023, com a adição de novas linhas de crédito e incentivos para impulsionar o crescimento da cacauicultura no estado. A informação foi confirmada com exclusividade à EXAME pelo secretário de Agricultura do estado, Guilherme Piai.

Atualmente, o governo de São Paulo estima que existam 300 hectares de cacau plantados na região noroeste do estado, além de aproximadamente 200 hectares nas regiões do litoral e do Vale do Ribeira.

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Ainda em fase preliminar, a medida será implementada em duas etapas: inicialmente, o governo planeja alocar R$ 100 mil para até 500 produtores estaduais, no total de R$ 5 milhões. Na segunda fase, a intenção é expandir para mais 1.000 produtores, com um limite de investimento de até R$ 150 milhões.

"A ideia é que a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati) lidere a extensão rural, enquanto a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) cuidará da pesquisa, financiando produtores interessados em cultivar cacau no Vale do Ribeira. A região é propícia, com recursos hídricos garantidos e clima ideal. As cooperativas, bem estruturadas, serão fundamentais para centralizar a operação e facilitar a compra e venda para grandes empresas" afirmou o secretário à EXAME.

A secretaria paulista acredita que o cultivo de cacau em agroflorestas e sistemas integrados de produção, especialmente em conjunto com a cultura da banana, que é uma das principais atividades agrícolas dos municípios do Vale do Ribeira, possa ser impulsionado com a proposta - a expectativa é alcançar 1.500 hectares no total até fevereiro de 2025.

Setor produtivo apoia medida

A proposta apresentada pela gestão paulista foi bem recebida por empresas e entidades do setor produtivo consultadas pela EXAME, especialmente diante dos números desanimadores relacionados à commodity no primeiro semestre.

As exportações de cacau brasileiro caíram 35%, para 97 mil toneladas no período, segundo dados compilados pelo SindiDados – Campos Consultores, e divulgados pela Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC).

Os embarques de derivados de cacau ficaram praticamente estáveis, passando de 24,7 mil toneladas, para 22,6 mil toneladas. Além disso, a escassez de oferta da amêndoa de cacau refletiu na queda de 9,5% na moagem do fruto no primeiro semestre. O volume industrializado de amêndoas de cacau foi de 114,3 mil toneladas nesses seis primeiros meses de 2024, ante 126,4 mil toneladas do ano anterior.

Segundo a  Mondelez, um conglomerado norte-americano e uma das principais empresas globais de snacks, o Brasil é um dos poucos países que possui um ecossistema completo, desde o cultivo do cacau até a entrega de produtos finais com alta qualidade.

"Iniciativas que promovam o uso do conhecimento, tecnologia e inovação são fundamentais para proporcionar um ambiente de produtividade e excelência para o chocolate nacional", destacou a companhia em nota.

Para o presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), Jaime Recena, a iniciativa da Secretaria de Agricultura surge em um momento crucial para o setor, sobretudo diante da crise na oferta, intensificada pela quebra das lavouras dos dois maiores produtores globais – Gana e Costa do Marfim, responsáveis por 60% da produção global.

"A adoção de práticas básicas no manejo da cultura, com a constante capacitação por meio de assistência técnica qualificada e acesso a materiais genéticos melhorados (sementes e mudas) propiciarão o salto do país na produção. É um ótimo momento para o Brasil aumentar sua produção", afirmou Recena.

Em abril, a Cacau Show anunciou um investimento de R$ 1 bilhão na produção de cacau para este ano e reforçou seu apoio ao fomento à cacaicultura – a empresa brasileira planeja plantar aproximadamente 7 mil hectares de cacau nos próximos anos.

"A nossa marca busca diversas localidades pelo Brasil para realização deste nosso sonho e São Paulo, por ser nosso Estado sede, é uma dessas localidades. Estamos na fase de análise do projeto apresentado para entendermos a viabilidade", afirmou a empresa, em nota.

Plano Inova Cacau

A medida também faz parte do Plano Inova Cacau, lançado pela Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) no final de 2023. O Brasil pretende dobrar sua produção anual de amêndoas de cacau até 2030 e deve alcançar 400 mil toneladas.

No ano passado, o país produziu 290 mil toneladas e os estados do Pará e da Bahia lideraram a produção, de acordo com dados da Associação Nacional dos Produtores de Cacau (ANPC).

O Plano Inova Cacau pretende expandir a cadeia produtiva para novas áreas de cultivo em todo o país, concentrando-se principalmente no Pará e na Bahia, que juntos respondem por mais de 80% da produção nacional. Na região de São José do Rio Preto, no noroeste paulista, já se observa um movimento considerável em direção a novas culturas, como a banana.

O Brasil é um importante player no mercado global de cacau, ocupando a 5ª posição entre os maiores produtores. O estado do Pará, localizado no norte do país, lidera a produção, com mais de 53% do total nacional. Por outro lado, a produção em São Paulo representa apenas 0,5% do volume total produzido no Brasil.

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