Invest

Wall Street em queda livre, vale a pena investir agora? Especialistas divergem

Wall Street já caiu no passado, mas em poucos meses sempre recuperou as perdas. Vale a pena aproveitar dessa janela de oportunidades?

NYSE - The New York Stock Exchange - Bolsa New Yorque - Nova Iorque - Pregão - Internacional - juros - americano - EUA (Leandro Fonseca/Exame)

NYSE - The New York Stock Exchange - Bolsa New Yorque - Nova Iorque - Pregão - Internacional - juros - americano - EUA (Leandro Fonseca/Exame)

Desde o começo do ano, Wall Street está sofrendo um dos maiores "mercados ursos" da história, com os principais índices que amargaram quedas em dois dígitos.

Do dia 3 de janeiro, primeiro pregão do ano, até hoje, o S&P 500 caiu 24,12%, o Nasdaq 32,72% e o Dow Jones 19,92%.

Entretanto, analisando os grandes momentos de queda recentes, aparece evidente como Wall Street sempre consegue se recuperar. E após 12 meses, 36 meses, 5 anos e 10 anos, os números são praticamente sempre positivos.

Por exemplo, durante o mercado urso de 1987, que durou do dia 25 de agosto até dia 4 de dezembro, o S&P 500 perdeu 33,5%, mas já um ano depois o resultado era positivo de 14,7%, três anos depois de 34,1%, cinco anos depois de 96,8% e 10 anos depois de 387,1%.

Na Crise dos Subprimes, iniciada em outubro de 2007 e terminada em março de 2009, o principal índice de Wall Street perdeu 56,8%, recuperando após três anos com uma alta de 3,7% e após 10 anos com uma alta de 209,6%.

Números parecidos com todas as quedas do índice registradas desde 1950 até hoje.

A pergunta que surge espontânea, portanto, é: vale a pena investir no mercado financeiro americano em momentos de queda como esse? Existe uma janela de oportunidades para o investidor pessoa física brasileiro?

Vale a pena investir em Wall Street?

"Depende de que tipo de horizonte o investidor está pensando. Se é um alocador de médio e longo prazo, está comprando relativamente mais descontado, com um preço lucro que atualmente está em 15/16 vezes e chegou a bater 22/23 vezes ao longo do ano. Todavia, caso o horizonte seja mais curto, é preciso tomar cuidado: Wall Street pode cair mais", explica Alex Lopez Lima, estrategista-chefe da corretora Guide.

Segundo o economista, há muito tempo os EUA não tinham uma inflação tão persistente, entrincheirada especialmente em serviços e salários, e um mercado de trabalho extremamente forte. "Isso está alimentando a tese que os juros terão que permanecer mais elevados por mais tempo", explica Lima.

Para Cesar Crivelli, sócio e analista da Nord Research, "o investimento em Bolsa dos EUA deve ser feito sempre, independentemente do momento".

"É sempre conveniente ter posições na Bolsa americana, por uma questão de diversificação, de melhores oportunidades, proteção cambial, entre outras. Agora, provavelmente não é esse o momento para colocar tudo em Wall Street. Pois teremos ainda um período de mau humor do mercado, que só deve começar a melhorar mesmo quando inciaremos a ver uma inflação mais baixa", explica Crivelli.

Segundo ele, os dados macroeconômicos americanos continuam ainda extremamente fortes, seja do ponto de vista de inflação que de emprego. E isso reforça o que o Federal Reserve (Fed) percebeu: a inflação não era algo passageiro, como se imaginava até o começo do ano.

"Por isso, o Banco Central dos EUA está comprometido a combater a inflação por meio de aumento de juros. E isso acaba se refletindo negativamente nas ações. Todavia, isso tende a ser um ciclo mais curto, pois o mercado hoje já está precificando os juros em 4% ao ano, e a Bolsa reflete já esse cenário negativo. Por isso, a tendência do mercado financeiro pode mudar em breve. Claro, caso o mercado de trabalho continue forte e a inflação não recuar, os juros terão que subir mais", explica Crivelli.

Com juros mais elevados, a inflação deixará espaço para uma recessão, e isso impactará os lucros das empresas listadas. "O S&P 500 está incorporando os lucros menores da recessão. Faz parte do processo. Os ativos listados por lá são bons eu gosto muito, mas vejo um processo lento, principalmente para ajustar o lucros do ano que vem. E isso ainda não aconteceu. Os analistas não começaram ainda a fazer os downgrande de lucros. O efeito que vimos sobre as ações é apenas dos juros", diz Lima.

Qual setores ficar de olho?

No caso dos setores que os investidores deveriam olhar com mais carinho, ambos os analistas concordam: consumo.

"O setor de consumo vinha sendo penalizado desde o começo do ano, obviamente está sofrendo com essa questão da inflação, principalmente de custo, de frete, de logística, e então as empresas acabam perdendo margem, mas isso acaba se equalizando. Sempre foi assim, precisa de alguns trimestres para normalizar. Vemos boas oportunidades no horizonte de alguns anos", diz Crivelli

Uma opinião compartilhada por Lima, que salienta também como outros setores para ficar de olho são energia e defesa. "No mundo falta energia, inclusive para a transição para um padrão mais sustentável. E o mundo vai continuar dependendo desse setor ainda por um bom tempo. Além disso, com essas tensões geopolíticas atuais, as empresas como Lockheed Martin e General Electric estão indo muito bem", salienta Lima.

Segundo Lima, todavia, mesmo se Wall Street está enfrentando um momento complicado, a situação nos EUA é muito melhor do que na Europa, por causa da guerra na Ucrânia e a inflação mais elevada. "Agora, quem está se saindo surpreendentemente bem é o Brasil. Estamos brilhando em relação ao resto do mundo", diz Lima.

Acompanhe tudo sobre:Investimentos-pessoaisNasdaqNyse Euronextwall-street

Mais de Invest

Veja o resultado da Mega-Sena, concurso 2737; prêmio acumulado é de R$ 47,2 milhões

Mega-Sena sorteia neste sábado prêmio acumulado em R$ 47 milhões; veja como apostar

Ibovespa cai 13,8% e dá brecha para comprar ‘excelentes ações em promoção’

Inter faz campanha de renegociação e dá desconto de até 98%

Mais na Exame