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Tele permite manter celular na troca de operadora

Oi começa a vender somente aparelhos desbloqueados, nos quais o cliente pode instalar chips de outras companhias

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 15 de fevereiro de 2013 às 17h30.

 A Oi é a primeira das grandes operadoras brasileiras de telefonia celular - aquelas com participação de mercado superior a 10% - a vender somente aparelhos desbloqueados. Com isso, os clientes poderão, se quiserem, trocar o chip da companhia pelo dos concorrentes e, com o mesmo aparelho, passar a usar a rede e os serviços dos rivais se acharem mais vantajoso. Ao fazer isto, porém, o cliente não poderá manter o mesmo número do celular da Oi.</p> 

A empresa, contudo, não é a primeira operadora do país a adotar a medida. Desde 2004, quando iniciou as operações com a tecnologia GSM (principal tecnologia usada pelos celulares brasileiros), a mineira CTBC, de Uberlândia, vende aparelhos desbloqueados. Sua participação de mercado, contudo, é pequena - 0,34% do total, segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) referentes a abril.

Esse tipo de celular já é encontrado no mercado também por outras vias. Uma delas são as grandes redes varejistas, como a Pernambucanas e o Ponto Frio, que desde 2005 vendem aparelhos desbloqueados. Outra opção era o cliente solicitar o desbloqueio nas lojas das operadoras. Em alguns casos, a Oi cobrava até 300 reais para liberar o celular para acessar a rede dos rivais. As operadoras, porém, resistem à idéia de vender aparelhos desbloqueados em suas lojas.

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"Uma boa parte dos celulares já é desbloqueada pelos clientes nos primeiros meses após a compra. O que fizemos foi ouvir o consumidor", afirmou João Silveira, diretor de Varejo da Oi, durante teleconferência nesta quarta-feira (23/5). Segundo o executivo, o mercado de GSM amadureceu e, com isso, os consumidores perceberam que uma coisa é o serviço que a operadora presta, representado pelo chip, e outra é a qualidade e as características do aparelho - que pode ser comprado em um varejista ou no ponto-de-venda de uma operadora.

A tendência também é forte no exterior. Segundo o executivo, somados os mercados europeu e asiático, mais de 70% dos aparelhos vendidos já são desbloqueados.

Concorrência

"A grande vantagem, para o cliente, é a certeza de que poderá optar, a qualquer momento, pela melhor oferta ou promoção do mercado", afirmou Silveira. Na prática, o consumidor ficará livre para ter chips de quantas operadoras quiser, trocando-os no mesmo aparelho à medida em que o pacote de serviços oferecido por uma ou outra lhe parecer mais vantajoso.

A oferta também será válida para os atuais clientes da Oi, que poderão desbloquear gratuitamente seu aparelho. A decisão expõe a Oi à maior competição com as concorrentes, pois, do mesmo modo que um cliente da rival pode migrar para um celular desbloqueado da Oi, o inverso pode ocorrer. Silveira admite que uma parcela da base pode ser perdida com a iniciativa, mas demonstra confiança. "A eventual perda de base, por respondermos aos anseios do consumidor, é mais do que compensada pela chegada de novos consumidores", disse.

A operadora encerrou abril com 13,456 milhões de usuários, de acordo com dados da Anatel. O montante representa 13,08% do mercado brasileiro de celulares, que fechou o mês passado em 102,875 milhões de linhas ativas. Quando se considera apenas o mercado de GSM, a fatia da Oi sobe para 19,6%, já que existem 68,604 milhões de clientes GSM no país.

A iniciativa também mostra que a operadora vai partir para uma briga mais direta para ganhar clientes da concorrência, diante da desaceleração do crescimento da base de celulares do Brasil. O mercado, que chegou a crescer a taxas mensais de dois dígitos há alguns anos, começa a dar mostras de estabilização. Em abril, por exemplo, o número de linhas cresceu apenas 0,71%.

Com uma política agressiva de marketing e vendas, a Oi conquistou a liderança na região I, área em que é concessionária dos serviços de telefonia móvel. A empresa foi a primeira do país a vender apenas o chip, sem a necessidade de o cliente adquirir também um aparelho celular. Em seguida, eliminou o subsídio na compra de aparelhos pré-pagos. O resultado é que a empresa detém, hoje, cerca de 27% do mercado nos 16 estados em que atua. A TIM vem em seguida, com 26%. Vivo e Claro detêm 18% cada uma. Em dezembro de 2003, a fatia da Oi era de 18% e a Vivo liderava a região, com 27%.

Aposta nos serviços

Ao desbloquear os celulares, a Oi comprará uma briga direta com a TIM e a Claro, que também possuem redes GSM em mercados operados pela companhia. A Vivo, por operar uma rede de CDMA, não será afetada neste momento. Segundo Silveira, a maior aposta é a prestação de serviços para reter e atrair usuários.

Ao lado de uma forte campanha publicitária que vai enfatizar a liberdade de escolha dos clientes, a Oi também estudará medidas para baratear o custo das ligações. "No fundo, o cliente quer falar mais, pagando menos", diz. Redução de tarifas, promoções, bônus na compra de celulares pós-pagos, incentivos para o uso casado de telefones fixos e celulares são alguns dos serviços com os quais a Oi espera atrair a clientela de outras companhias.

No caso dos pós-pagos, o desbloqueio do celular não significará o cancelamento do contrato assinado pelo cliente com a Oi. O plano, seja de 12, 24 ou mais meses, continuará em vigor e será cobrado pelos termos do acordo, mesmo que, eventualmente, o usuário não esteja usando a linha.

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