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Steve Jobs odiaria “Jobs”, cinebiografia com Ashton Kutcher

“Jobs” não tem espaço para sutilezas, e os personagens aparecem na tela em cores exageradas

Ashton Kutcher no papel de Steve Jobs: talvez o tom aliviasse com Kutcher, que consegue convencer no papel de um Jobs obcecado pelo sucesso da Apple (Divulgação)
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Da Redação

Publicado em 16 de agosto de 2013 às 17h53.

São Paulo - Steve Jobs odiaria Jobs, cinebiografia que estreia no dia 6 de setembro no Brasil com Ashton Kutcher no papel do confundador da Apple. Ele provavelmente se levantaria da poltrona após a exibição, seguiria com seu andar desengonçado até a equipe responsável pelo filme e começaria a berrar.

Demitiria John Debney, autor das composições musicais açucaradas, que fazem o filme parecer um feel-good movie dos anos 1980. Gritaria até respingar saliva no roteirista Matt Whiteley, que topou e falhou em fazer caber a história em 122 minutos.

Por fim, xingaria com os pulmões cheios o diretor Joshua Michael Stern, responsável por coordenar as diversas partes de um filme raso, pouco informativo, que apela para cenas sentimentais na tentativa de entreter o público.

Talvez o tom aliviasse com Ashton Kutcher, que consegue convencer no papel de um Jobs obcecado pelo sucesso da Apple, ainda que ao custo de amizades e do próprio equilíbrio mental.

Kutcher reproduz em detalhes os trejeitos de Jobs -- até a maneira com que ele puxava para cima as calças jeans quando elas escorregavam. Os gestos, roupas e ritmo da fala mostram que ele se esforçou para mergulhar no personagem. Antes de as filmagens começarem, Kutcher adotou uma dieta baseada em frutas, como Jobs, até ser internado com pancreatite.

Jobs não tem espaço para sutilezas, e os personagens aparecem na tela em cores exageradas. Arthur Rock, chefe do conselho que demitiu Jobs em 1985, interpretado por J.K. Simmons, é um vilão óbvio, construído com o único objetivo de ser odiado. John Sculley (vivido por Matthew Modine) serve ao papel de marionete perdida e até Jonathan Ive (Giles Matthey) aparece, como o designer talentoso, alinhado à visão de Jobs.

Entre as cenas interessantes, estão as que mostram o cofundador da Apple durante os projetos Lisa e Macintosh. Os surtos de cólera com programadores incautos convencem, assim como o ator Nelson Franklin, que dá vida a Bill Atkinson, na tentativa de conciliar o temperamento explosivo do chefe com a visão técnica de seus engenheiros, limitada na opinião de Jobs.

O filme faz um resumo fraco da trajetória da Apple. Mostra que a saída de Jobs nos anos 1980 é bem diferente da fase atual da companhia. Naquele momento, a cultura que Jobs pregava foi banida e substituída por uma estratégia mais focada em planilhas de custos do que nos produtos. Ainda assim, aos que se interessam por essa história, há outras fontes mais ricas que o filme. Entrevistas gravadas e a biografia escrita por Walter Isaacson, lançada em 2011, são investimentos de tempo e dinheiro bem mais sensatos que o ingresso para assistir a Jobs.

//www.youtube.com/embed/FrvkCS0ZGPU

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São Paulo - Steve Jobs odiaria Jobs, cinebiografia que estreia no dia 6 de setembro no Brasil com Ashton Kutcher no papel do confundador da Apple. Ele provavelmente se levantaria da poltrona após a exibição, seguiria com seu andar desengonçado até a equipe responsável pelo filme e começaria a berrar.

Demitiria John Debney, autor das composições musicais açucaradas, que fazem o filme parecer um feel-good movie dos anos 1980. Gritaria até respingar saliva no roteirista Matt Whiteley, que topou e falhou em fazer caber a história em 122 minutos.

Por fim, xingaria com os pulmões cheios o diretor Joshua Michael Stern, responsável por coordenar as diversas partes de um filme raso, pouco informativo, que apela para cenas sentimentais na tentativa de entreter o público.

Talvez o tom aliviasse com Ashton Kutcher, que consegue convencer no papel de um Jobs obcecado pelo sucesso da Apple, ainda que ao custo de amizades e do próprio equilíbrio mental.

Kutcher reproduz em detalhes os trejeitos de Jobs -- até a maneira com que ele puxava para cima as calças jeans quando elas escorregavam. Os gestos, roupas e ritmo da fala mostram que ele se esforçou para mergulhar no personagem. Antes de as filmagens começarem, Kutcher adotou uma dieta baseada em frutas, como Jobs, até ser internado com pancreatite.

Jobs não tem espaço para sutilezas, e os personagens aparecem na tela em cores exageradas. Arthur Rock, chefe do conselho que demitiu Jobs em 1985, interpretado por J.K. Simmons, é um vilão óbvio, construído com o único objetivo de ser odiado. John Sculley (vivido por Matthew Modine) serve ao papel de marionete perdida e até Jonathan Ive (Giles Matthey) aparece, como o designer talentoso, alinhado à visão de Jobs.

Entre as cenas interessantes, estão as que mostram o cofundador da Apple durante os projetos Lisa e Macintosh. Os surtos de cólera com programadores incautos convencem, assim como o ator Nelson Franklin, que dá vida a Bill Atkinson, na tentativa de conciliar o temperamento explosivo do chefe com a visão técnica de seus engenheiros, limitada na opinião de Jobs.

O filme faz um resumo fraco da trajetória da Apple. Mostra que a saída de Jobs nos anos 1980 é bem diferente da fase atual da companhia. Naquele momento, a cultura que Jobs pregava foi banida e substituída por uma estratégia mais focada em planilhas de custos do que nos produtos. Ainda assim, aos que se interessam por essa história, há outras fontes mais ricas que o filme. Entrevistas gravadas e a biografia escrita por Walter Isaacson, lançada em 2011, são investimentos de tempo e dinheiro bem mais sensatos que o ingresso para assistir a Jobs.

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