Startup americana se valoriza 60% em 2020 enquanto os mercados caem
A Zoom Video Communications aproveita o crescimento do trabalho em casa para conquistar novos clientes para seu aplicativo de videoconferência
Lucas Agrela
Publicado em 13 de março de 2020 às 05h55.
Última atualização em 15 de março de 2020 às 21h01.
São Paulo – Se você faz videoconferências no trabalho, provavelmente já usou alguma vez um aplicativo chamado Zoom. Criado pela startup americana Zoom Video Communications, baseada em San Jose, na Califórnia, ele é um aplicativo para o mercado corporativo que, basicamente, cumpre o mesmo papel que o Skype, da Microsoft, ou o Hangouts, do Google: conectar diversas pessoas em uma reunião a distância em tempo real. Diante da pandemia do coronavírus (Covid-19), as ações da empresa estão entre as poucas que cresceram em 2020 enquanto o mercado financeiro desabou globalmente.
O pico de valorização das ações da companhia foi de 125 dólares, registrado no dia 5 de março, quando as bolsas de diversos países, como o Brasil e os Estados Unidos, já sofriam os efeitos negativos da pandemia. O valor das ações caiu um pouco desde então. No pregão da quinta-feira (12), os papéis da companhia encerraram o dia valendo 109,47 dólares, mas, ainda assim, acumulavam uma alta de 60% desde o início de janeiro.
Quando a empresa entrou no mercado de ações, em abril de 2019, os papéis da startup foram lançados a 36 dólares. Com isso, a empresa levantou 752 milhões de dólares na sua entrada na bolsa.
O principal motivo da recente alta foi a maior demanda por ferramentas de trabalho remoto em face à pandemia, o que favorece plataformas digitais como a da Zoom Video Communications. Além de vídeo ao vivo, o software também permite trabalhar em equipe em tempo real e trocar mensagens de texto. O serviço está disponível na web e por meio de aplicativos para smartphones com sistema operacional Android e iPhones.
Hoje com pouco mais de 2.000 funcionários, a Zoom foi criada em 2011 e recebeu 146 milhões de dólares em rodadas de investimentos de fundos privados. Seu valor de mercado superou 1 bilhão de reais em 2017.
A solução de colaboração a distância da Zoom tem um período gratuito de uso e, depois que termina a cota de tempo pré-determinada de 40 minutos, a startup cobra uma assinatura de empresas interessadas em continuar a usar. A estratégia é a mesma usada por muitas grandes companhias de tecnologia, como a Netflix, que oferece acesso gratuito ao seu acervo de vídeos online por alguns dias antes de cobrar uma mensalidade.
Entretanto, na China, país de origem da Covid-19, a Zoom eliminou temporariamente o limite de tempo para usuários gratuitos – uma estratégia para demonstrar amplamente os benefícios de seu serviço de videoconferência e colaboração online e, assim, conquistar clientes.
A Zoom Video Communications foi criada pelo chinês Eric S. Yuan, graduado pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. Antes de fundar a startup, Yuan trabalhava na empresa de tecnologia Cisco Systems, que tem uma solução de colaboração online parecida com a Zoom chamada Webex. A startup cobra 15 dólares no plano de assinatura para pequenas empresas ou 20 dólares para as de médio porte. O valor de 20 dólares também é o preço de partida para mensalidades cobradas de grandes empresas, a depender do número de funcionários que utilizarão a plataforma.
O mercado de videoconferências é disputado por empresas, como a Cisco Systems, a Microsoft (dona do Skype e do Teams) e o Google (dono do Hangouts), além da Zoom.
A estratégia da Zoom Video Communications tem dado certo. Em 2019, a startup teve um faturamento de 622,7 milhões de dólares, o que representa um crescimento de 88% ante 2018. No ano passado, a empresa informava ter mais de 82.000 clientes.
Agora, a Zoom Video Communications almeja converter novos assinantes em razão do impulso ganhado com a reclusão de pessoas para evitar o contágio do coronavírus. Se depender do ânimo dos investidores, vai dar tudo certo – ou muitos investidores que compraram ações da startup nos últimos dias vão perder dinheiro.
Atualização: A Zoom retratada na reportagem é a Zoom Video Communications, não a Zoom Technologies. A matéria foi corrigida.