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Segurança mostra que Snowden triunfou onde Obama fracassou

Ex-agente teve bastante sucesso em conseguir que companhias melhorem a segurança informática contra hacker

Mulher usando uma máscara do ex-agente da NSA Edward Snowden em frente a embaixada dos EUA em Berlim, na Alemanha (Thomas Peter/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 29 de novembro de 2013 às 21h26.

Washington - O ex-contratado da Agência Americana de Segurança ( NSA ), Edward Snowden , teve sucesso onde o presidente Barack Obama fracassou: conseguir que a Microsoft Corp., a Google Inc. e a Yahoo! Inc. melhorem a segurança informática contra hackers.

As companhias adotarão códigos mais difíceis de serem descifrados para proteger suas redes e dados, após anos de rejeitar a maioria dos pedidos da Casa Branca e dos defensores da privacidade para melhorarem a segurança. As novas medidas chegam depois que documentos divulgados por Snowden revelaram como os programas de espionagem dos EUA acessaram os dados sobre os clientes das companhias – às vezes com seu conhecimento, às vezes não –, o que está ameaçando os lucros em casa e no exterior.

“Essas companhias lutaram ativamente contra numerosos mecanismos que teriam exigido dados muito mais seguros”, disse Sascha Meinrath, diretor do Instituto de Tecnologia Aberta na New America Foundation, em Washington, em entrevista por telefone. “Agora elas estão literalmente pagando o preço”.

Embora a Google, a Yahoo, a Microsoft e a Facebook Inc. forneçam dados ao governo por ordem judicial, eles estão tentando impedir a NSA de acessar, sem autorização, a informação que flui entre os servidores informáticos usando codificações. Isso mistura os dados usando uma fórmula matemática que somente pode ser decodificada com uma senha digital especial.

A NSA acessou cabos de fibra ótica no exterior para extrair dados da Google e da Yahoo, driblou ou quebrou a codificação e introduziu secretamente debilidades e acessos secundários aos códigos, conforme matérias do Washington Post, do New York Times e do jornal britânico Guardian baseadas em documentos de Snowden. Ele agora está na Rússia em asilo provisório.

As redes e serviços da Microsoft supostamente foram hackeadas pela NSA, informou o Washington Post, em 26 de novembro. Documentos divulgados por Snowden sugerem, sem prová-lo, que a NSA alvejou os serviços Hotmail e Windows Live Messenger da Microsoft com um programa chamado MUSCULAR, disse o jornal.

“Essas alegações são muito inquietantes”, disse Brad Smith, assessor jurídico da companhia sediada em Redmond, Washington, em uma declaração por e-mail. “Se forem certas, essas ações constituem hacking e confisco de dados privados, e no nosso entender violam a proteção garantida pela Quarta Emenda da Constituição”.


Correndo atrás na tecnologia

A Microsoft corre atrás de outras grandes companhias quanto à proteção “dos usuários contra ataques ilegítimos às suas redes para obter dados de usuários sem um mandado”, disse Kurt Opsahl, advogado sênior do grupo defensor de direitos digitais Electronic Frontier Foundation, sediado em San Francisco.

“Pedimos às companhias que implementassem a codificação em cada passo do trânsito de uma comunicação ou dentro dos sistemas de um fornecedor de serviços”, disse Opsahl por e-mail. “A notícia sobre o programa MUSCULAR, da NSA, serviu como chamada de atenção e é encorajador ver tantas companhias trabalhando para garantir que os dados dos usuários não sejam roubados pela porta dos fundos”.

O poder do dinheiro

A diferença é que agora as companhias estão respondendo à pressão do mercado, disse James Lewis, diretor do programa de tecnologia e políticas públicas no Centro para Estudos Internacionais e Estratégicos, associação sem fins de lucro de Washington.

“Eles têm que fazer algo para mostrar aos clientes estrangeiros que estão protegendo-os da vigilância”, disse Lewis em entrevista por telefone. “A administração estava procurando incentivos e parece que encontraram um”.

As revelações sobre a espionagem da NSA poderiam custar à indústria americana de computação em nuvem até US$ 35 bilhões até 2016, segundo o Conselho da Indústria de Tecnologia da Informação e a Associação da Indústria de Informação de Softwares, duas associações comerciais de Washington.

“As mentes mais inteligentes dessas companhias fracassaram totalmente na sua tarefa quanto a identificar riscos para esses modelos de negócios”, disse Meinrath. “O fato de que as revelações de Snowden possam atuar como catalisador para elas implementarem as melhores práticas para comunicações seguras e a integridade dos dados é um grande resultado”.

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“Essas companhias lutaram ativamente contra numerosos mecanismos que teriam exigido dados muito mais seguros”, disse Sascha Meinrath, diretor do Instituto de Tecnologia Aberta na New America Foundation, em Washington, em entrevista por telefone. “Agora elas estão literalmente pagando o preço”.

Embora a Google, a Yahoo, a Microsoft e a Facebook Inc. forneçam dados ao governo por ordem judicial, eles estão tentando impedir a NSA de acessar, sem autorização, a informação que flui entre os servidores informáticos usando codificações. Isso mistura os dados usando uma fórmula matemática que somente pode ser decodificada com uma senha digital especial.

A NSA acessou cabos de fibra ótica no exterior para extrair dados da Google e da Yahoo, driblou ou quebrou a codificação e introduziu secretamente debilidades e acessos secundários aos códigos, conforme matérias do Washington Post, do New York Times e do jornal britânico Guardian baseadas em documentos de Snowden. Ele agora está na Rússia em asilo provisório.

As redes e serviços da Microsoft supostamente foram hackeadas pela NSA, informou o Washington Post, em 26 de novembro. Documentos divulgados por Snowden sugerem, sem prová-lo, que a NSA alvejou os serviços Hotmail e Windows Live Messenger da Microsoft com um programa chamado MUSCULAR, disse o jornal.

“Essas alegações são muito inquietantes”, disse Brad Smith, assessor jurídico da companhia sediada em Redmond, Washington, em uma declaração por e-mail. “Se forem certas, essas ações constituem hacking e confisco de dados privados, e no nosso entender violam a proteção garantida pela Quarta Emenda da Constituição”.


Correndo atrás na tecnologia

A Microsoft corre atrás de outras grandes companhias quanto à proteção “dos usuários contra ataques ilegítimos às suas redes para obter dados de usuários sem um mandado”, disse Kurt Opsahl, advogado sênior do grupo defensor de direitos digitais Electronic Frontier Foundation, sediado em San Francisco.

“Pedimos às companhias que implementassem a codificação em cada passo do trânsito de uma comunicação ou dentro dos sistemas de um fornecedor de serviços”, disse Opsahl por e-mail. “A notícia sobre o programa MUSCULAR, da NSA, serviu como chamada de atenção e é encorajador ver tantas companhias trabalhando para garantir que os dados dos usuários não sejam roubados pela porta dos fundos”.

O poder do dinheiro

A diferença é que agora as companhias estão respondendo à pressão do mercado, disse James Lewis, diretor do programa de tecnologia e políticas públicas no Centro para Estudos Internacionais e Estratégicos, associação sem fins de lucro de Washington.

“Eles têm que fazer algo para mostrar aos clientes estrangeiros que estão protegendo-os da vigilância”, disse Lewis em entrevista por telefone. “A administração estava procurando incentivos e parece que encontraram um”.

As revelações sobre a espionagem da NSA poderiam custar à indústria americana de computação em nuvem até US$ 35 bilhões até 2016, segundo o Conselho da Indústria de Tecnologia da Informação e a Associação da Indústria de Informação de Softwares, duas associações comerciais de Washington.

“As mentes mais inteligentes dessas companhias fracassaram totalmente na sua tarefa quanto a identificar riscos para esses modelos de negócios”, disse Meinrath. “O fato de que as revelações de Snowden possam atuar como catalisador para elas implementarem as melhores práticas para comunicações seguras e a integridade dos dados é um grande resultado”.

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