Exame Logo

Segundo dia de Innovation Forum discute comportamento de usuários a partir da análise das mídias sociais

Abrindo o debate, Rafael Sbarai, editor de mídias digitais da VEJA.com., contou como sua equipe analisou tuites durante a Copa

Rafael Sbarai (Abril)
DR

Da Redação

Publicado em 9 de setembro de 2014 às 16h37.

Aconteceu nesta terça-feira (9) o segundo dia do Innovation Forum, evento da Editora Abril realizado pela Diretoria de Tecnologia da Informação em parceria com a revista INFO e a área de treinamento editorial da empresa. Os debates do dia foram concentrados nas análises de comportamento dos usuários por meio das mídias sociais.

Abrindo o debate, Rafael Sbarai, editor de mídias digitais de VEJA.com, contou como sua equipe analisou os tuítes de diversos usuários durante a Copa do Mundo de 2014. Para dar início ao projeto, tuítes em língua portuguesa foram analisados por um programa “treinado”, traduzindo incertezas da emoção humana durante uma partida em dados sólidos.

Veja também

Uma máquina, então, começou a compreender a linguagem natural, identificando palavras-chave e frases de determinado idioma (neste caso, o português e também o inglês). Depois, jornalistas treinados analisaram de 5 a 7 mil tuítes.

Com a experiência, descobriram que o profissional mais criticado foi o técnico Luis Felipe Scolari. Em segundo ficou Bernard. O mais elogiado? David Luiz. Durante a derrota da seleção brasileira para a Alemanha, o levantamento obteve mais de 1,5 milhão de pageviews e foi a segunda reportagem mais acessada do mês de julho.

O que os brasileiros sentiram durante a Copa?

Em seguida, Claudio Pinhanez, analista sênior da IBM Brasil, explicou como a empresa fez um computador entender o que as pessoas estavam pensando e sentindo durante a Copa.  A dificuldade desse projeto existe porque “as pessoas escrevem como falam. Além disso, se um tuíte ou post do Facebook possui um palavrão ou uma palavra negativa, não necessariamente o sentimento é negativo”, afirmou.

De acordo com Pinhanez, usar a ferramenta geográfica do Twitter não era uma opção, pois identifica apenas uma pequena parcela que mora em determinado país. Sendo assim, para analisar tuítes, a IBM decidiu compilar todos aqueles posts que estavam em língua portuguesa. O especialista afirmou que a parcela de usuários portugueses que apareceria na análise era pequena, e, portanto, não traria problemas.

A técnica utilizada foi um algoritmo chamado “Deep Learning”, que ‘aprendeu’ o que era negativo, positivo ou neutro em um grupo de tuítes, além de pontos importantes utilizados quando falamos de futebol, como o sarcasmo.

Dessa forma, foram analisados 53 milhões de posts – a maioria do Twitter – de 5,8 milhões de diferentes brasileiros. O pico, como podem imaginar, aconteceu no jogo entre Brasil e Alemanha, com 72 mil tuítes por minuto.

Depois, Pinhanez perguntou: “Para que serve saber o que as pessoas sentem em um grande evento esportivo?”.  E ele mesmo respondeu: “Há um interesse jornalístico, claro, mas o indivíduo, hoje, não pode estar envolvido em um grande evento sem saber o que estão falando dele”.

Para finalizar, ele contou um estudo de caso em que pessoas analisaram tuítes de mulheres que haviam acabado de ter um filho. A análise conseguiu até mesmo identificar quais estavam com depressão pós-parto pelo jeito que escreviam. Segundo o executivo, com esses dados, no futuro, exames médicos poderão ser feitos a partir da análise de nossos posts nas redes sociais.

Recorde de jogos mais tuítados da história do Twitter

Para finalizar a conversa sobre as mídias sociais, Luís Cipriani, engenheiro de soluções do Twitter Brasil, contou alguns dados sobre o Twitter durante a Copa do Mundo.  Ele também explicou como criou um pequeno dispositivo que “tilintava” cada vez que algum time fazia um gol durante as partidas (momento em que havia um pico de volume nos tuites). A ideia foi batizada de “Tilingol”.

“Meu objetivo é fazer com que vocês entendam o potencial da plataforma do Twitter e como ela pode ajudar a enriquecer o produto de vocês com aspectos sociais vindos do Twitter”, disse Luis. Sobre os dados, ele disse que essa Copa trouxe o recorde de jogos mais tuítados da história do microblog. Além disso, o jogador Neymar foi o mais tuítado durante o evento em nosso país. “A Copa, do ponto de vista do entretenimento, foi um sucesso tremendo”, afirmou.

Já para criar o robô, ele explicou que foram necessárias 3 coisas: capturar tuites com a palavra ‘gol’, implementar um algoritmo pra detectar o pico de volume de tuítes e, por último, ativar o motor do robô quando acontecesse um gol.

De acordo com ele, foi utilizada uma API (interface de programação de aplicativos, na sigla em inglês) para que uma máquina utilizasse o Twitter e capturasse, em tempo real, os tuítes com a palavra “gol”, por exemplo.  A máquina, então, aprendeu a ler os picos do gol. Durante o jogo Brasil x Croácia, a API foi programada para identificar os tuítes com as palavras “gol”, “gool”, “gooool” e “golaço”.

Mas, para que ele serve, afinal? Cipriani explica: “para filtrar dados de um volume enorme de tuites que recebemos por minuto”. Assim, “a API pode ser utilizada para capturar outras palavras também e em diversos eventos diferentes, como protestos e acidentes”, afirmou.

O dispositivo contém uma placa, o “Raspberry Pi”, que roda o sistema operacional Linux, e foi montado com um palito de café, um clipe e guizos de árvores de natal amarrados com um arame. “Era o que eu tinha na hora”, afirmou Luís, levando a plateia aos risos. Veja, abaixo, o pequeno “robô” em ação:

https://vine.co/v/Mpq2jHdq5HE/embed/simple

Criando um "sistema de sistemas" com a Internet das Coisas

Dando continuidade às palestras, Jomar Silva, engenheiro eletrônico da Intel Brasil, iniciou um debate sobre a Internet das Coisas.

A Internet das Coisas é o conceito que fala sobre como, cada vez mais, teremos mais e mais dispositivos conectados à Internet, incluindo eletrodomésticos em nossas casas. De acordo com Jomar, no entanto, o problema é que cada aparelho está conectado de forma “desconexa” e não “conversa” com os outros.

Ele afirmou que, segundo estimativa da Intel, em 2020 teremos mais de 20 milhões de dispositivos conectados à Internet. Em 2015, já serão 15 bilhões. Para ele, são necessários sistemas inteligentes para analisar e compartilhar dados em tempo real sem interação humana, como acontece atualmente. Assim, será possível construir uma cidade toda conectada, por exemplo, com sistemas de ônibus, aéreos e os demais trabalhando em conjunto.

Ao ser perguntado por uma das integrantes da plateia sobre o que falta em termos de segurança pra que hackers não invadam os dispositivos de uma casa conectada, por exemplo, ele respondeu que é preciso, na hora da compra dos aparelhos, procurar os níveis de segurança disponíveis e verificar o que você, como usuário, pode fazer para aumentá-los.

Segundo ele, e preciso sempre ler os termos de segurança e privacidade, procurar utilizar a identificação de 2 fatores quando esta existir e criar senhas mais inteligentes. Citando um estudo recente, ele disse que “a melhor senha é uma gigantesca e feita de palavras desconexas, e não mais aquela que substitui letras por números e símbolos”.

Propaganda e seu Papel na Destruição Criativa

Encerrando os debates, assim como ontem, foi apresentado um case de sucesso feito com a Fiat. Fred Saldanha, vice-presidente executivo de criação da agência Isobar, começou apresentando o conceito de “Destruição Criativa”, explicando que nada mais é do que a inovação, que irá destruir o modelo de negócio ultrapassado.

Para aguçar a criatividade da plateia, ele fez algumas perguntas: “Por que a Kodak não inventou o Instagram? Por que o Google não inventou o Waze? Por que a Blockbuster não criou o Netflix?”. É preciso melhorar ou adaptar um produto que já existe para o mercado atual, segundo Saldanha. “E é aí que a agência entra, para ajudar o cliente a repensar um jeito de inovar”.

Assim, a Fiat decidiu investir na “Live Store”, uma plataforma digital avançada que leva a concessionária para a sua casa. A solução funciona da seguinte forma: o consumidor entra no site da Live Store e é atendido por um funcionário, aqui chamado de “expert”, que está em um estande e apresenta os modelos de carros para o consumidor em sua própria casa.

Com um aparelho com câmera acoplado em sua cabeça, o funcionário pode entrar e sair do carro e mostrar tudo o que o consumidor deseja. Caso o interessado no carro queira ver modelos de outras cores, o expert consegue mostrar na tela de um smartphone – que também aparece na tela do pc ou tablet utilizado pelo consumidor.

Caso o cliente não queira esperar para ser atendido, pode acompanhar o atendimento de outro usuário. A plataforma facilitou o trabalho das concessionárias, já que agora os consumidores vão até elas com modelo, cor e rodas previamente escolhidos.

O projeto ganhou na categoria de Inovação no Festival de Cannes deste ano. Veja o vídeo sobre a Live Store abaixo:

//player.vimeo.com/video/95430728?title=0&byline=0&portrait=0

Acompanhe tudo sobre:INFOInovação

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Tecnologia

Mais na Exame