RSF critica conivência de redes sociais com regimes autoritários
Segundo a Repórteres Sem Fronteira, redes como Facebook e Twitter desativaram contas de jornalistas como cooperação com regimes como da China
EFE
Publicado em 10 de março de 2017 às 11h05.
Última atualização em 10 de março de 2017 às 11h06.
Paris - A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) reprovou nesta sexta-feira a desativação de várias contas de jornalistas em redes sociais como Facebook e Twitter pela cooperação destas redes sociais com regimes autoritários como os de China, Turquia e Tailândia.
Em um relatório divulgado hoje, pela ocasião do Dia Mundial Contra a Cibercensura, a RSF também condenou "o vazio jurídico" que permite a companhias especializadas em cibersegurança fornecer material a regimes autoritários, que exercem "vigilância online" e "censura".
Tais práticas - afirma a organização de defesa dos profissionais da imprensa - também ocorrem em países como França, Reino Unido, Estados Unidos, Austrália e México.
A RSF denunciou que o Twitter estreou uma ferramenta na Turquia para censurar "pelo menos 20 de contas de jornalistas", depois do fracassado golpe de Estado de 15 de julho de 2016 contra o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.
"O Facebook, por sua vez, gera preocupação por sua colaboração ativa com determinados Estados, pela supressão de conteúdos jornalísticos e por sua política opaca de 'moderação' de conteúdos", prosseguiu a organização com sede em Paris.
Como exemplo, citou o perfil da página "ARA News" - um portal de informações sobre Síria, Iraque, Turquia e Oriente Médio em geral -, que foi bloqueada por vários dias no final de dezembro de 2016 sem "nenhuma explicação".
Para combater a censura, a RSF apresentou um dispositivo pelo qual as páginas desativadas podem reaparecer e ficarem visíveis, e cinco delas puderam voltar ao ar.
Trata-se da denominada técnica do "espelho", que publica na rede uma cópia do site bloqueado e a associa a provedores informáticos, como Fastly, Amazon, Microsoft e Google.
Deste modo, é "impossível" para as autoridades derrubar estas páginas "espelho", porque teriam que cortar a conexão destes gigantes da internet, contou a organização.
A RSF reivindicou "mais transparência" na relação das empresas de internet com os governos, a quem pediu que não se excedam em sua vigilância nas telecomunicações.
Também exigiu que a União Europeia e a ONU atuem como fiadores do acesso livre à internet e da defesa dos direitos humanos.