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Primeiro painel do RIA Festival debate o comportamento na era digital

Palestrantes concordaram que precisamos ainda achar um equilíbrio e não deixar a Internet tomar conta de nossas vidas, e sim ser apenas um complemento

RIA Festival (INFO)
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Da Redação

Publicado em 28 de agosto de 2014 às 16h28.

No primeiro painel do RIA Festival, evento criado para discutir as transformações e oportunidades da era digital, os palestrantes David Baker, Marcia Tiburi e Ronaldo Lemos comentaram sobre o comportamento na era digital.

Abrindo a apresentação, chamada "Eu on = Eu off?", David, que já escreveu para revistas como Wired e The Guardian e é membro da The School of Life, disse que precisamos pensar se nós “construímos a coisa certa” – se referindo à Internet. Ele afirma que sim, nós construímos a world wibe web, que possui apenas 25 anos, e que precisamos descobrir um jeito de deixá-la "melhor" do que ela é atualmente.

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David também afirmou que a maioria das pessoas pensa não pagar pelo uso da Internet, mas disse que as grandes empresas (como Facebook, Google e outras) usam nossas informações pessoais, que, segundo ele, são extremamente valiosas. Para ele, a Internet perfeita seria aquela que poderíamos “desligar” pelo menos uma vez por semana para termos tempo para as relações pessoais presenciais.

Em seguida, a filósofa, escritora e professora Marcia Tiburi disse acreditar que o grande desafio é ter diálogo, uma “interação na vertical” - e não apenas na horizontal (todos iguais, no mesmo nível), como temos visto até hoje. Ela afirma que o legal da Internet e das redes sociais é exatamente essa horizontalidade, mas que fica cada vez mais difícil investir em processos verticais.

Ela explica que as redes sociais e a Internet estão subjetivando as pessoas cada vez mais, são meios de subjetivação, já que somos todos parte desse meio. E completa que os smartphones, televisões, tablets e máquinas de fotografar também são meios de subjetivação, só que, no caso da Internet, nós esquecemos que ela é apenas um meio – de comunicação, interação etc - e passamos a viver como se ela fosse um ‘fim’. Ela diz achar isso perigoso e que “precisamos questionar nossa relação com esses meios”.

Ronaldo Lemos, diretor do Creative Commons e um dos fundadores do Marco Civil da Internet, quis comentar algumas tendências com relação ao uso da tecnologia e como essa tecnologia mexe em vários campos sociais.

A principal é como a tecnologia está mudando nossa relação com as pessoas, mostrando alguns pontos específicos. Depois de perguntar à plateia quais redes sociais as pessoas usavam, ele disse achar interessante como cada um desses dispositivos muda a forma como nos relacionamos uns com os outros.

Ele deu o exemplo do Instagram, que permite que as pessoas se comuniquem além do texto, sendo que até pouco tempo atrás toda a comunicação era baseada no texto. Desde a escola, aprendemos e fazemos provas pelo texto.  “Aos poucos, estamos migrando para uma forma de comunicação em que o texto deixa de ser o elemento central”, disse.

No fim, todos concordaram que precisamos ainda achar um equilíbrio e não deixar a Internet tomar conta de nossas vidas, e sim ser apenas um complemento dela.

Marcia, inclusive, diz que acha o termo "amigos" do Facebook um tanto quanto depreciativo, já que não falamos pessoalmente com a maioria das pessoas que temos adicionadas na rede. "A amizade é algo tão forte do ponto de vista  filosófico, uma relação tão intensa entre duas pessoas, que o termo não faz jus ao que significa na rede social", completou.

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