Presidente da Apple não indica uso de redes sociais por criança
"Eu não sou uma pessoa que acredita que conseguimos sucesso se estiver usando [tecnologia] o tempo todo", disse Tim Cook
Estadão Conteúdo
Publicado em 25 de janeiro de 2018 às 13h57.
São Paulo - Em meio a críticas ferrenhas ao Facebook e seus impactos sociais, uma declaração polêmica do diretor-presidente da Apple , Tim Cook, voltou os holofotes a companhia que sofre processos em vários países por conta da lentidão proposital em iPhones. Líder da fabricante de tecnologia, Cook disse que não recomenda crianças usarem redes sociais e diz que é impossível ter sucesso estando online o tempo todo.
Na semana passada, Cook se reuniu com estudantes na Inglaterra que começariam a ter aulas de programações com apoio da Apple, conforme informou o The Guardian. Na ocasião, além de ganharem um iPad, os alunos receberam dicas do executivo.
"Eu não tenho filhos, mas tenho um sobrinho em que coloco alguns limites", disse Cook aos alunos. "E há algumas coisas que não permitirei: Eu não quero que eles usem uma rede social, por exemplo." Cook aproveitou a ocasião para falar da importância de se estudar programação. Na visão dele, saber programar é mais importante que falar uma segunda língua.
Apesar do incentivo ao uso de dispositivos conectados, o executivo também alfinetou as pessoas que passam muitas horas online, na internet. "Eu não sou uma pessoa que acredita que conseguimos sucesso se estiver usando [tecnologia] o tempo todo."
Os comentários de Cook sobre as redes sociais são uma das poucas formas possíveis para o executivo criticar o tempo gasto por usuários na internet, visto que é uma das únicas plataformas que a empresa não possui produtos.
A Apple fabrica computadores, tablets, possui a própria plataforma de transmissão de música, televisão, celulares, inteligência artificial, assistente virtual, relógios inteligentes entre outros.
Apesar das críticas, a Apple já tentou fazer sua própria rede social. Em 2010, a empresa anunciou o iTunes Ping, uma rede social focada em música. Nela, os usuários poderiam seguir artistas e amigos, comentar sobre músicas e álbuns, além de visualizar listas de shows e indicar quais eventos musicais gostariam de ir.
O serviço, no entanto, não decolou e foi descontinuado pela companhia.
Crise
As declarações acontecem em um momento pouco favorável para a Apple. A empresa foi processada em vários países, após confirmar que tornava propositalmente lento os modelos mais antigos de iPhone. O motivo, segundo a empresa, era corrigir um defeito de bateria que permitia desligar celulares automaticamente.
Recentemente a companhia anunciou que irá disponibilizar uma atualização de seu sistema operacional que dará direito aos usuários optarem pela troca de bateria ou lentidão do aparelho.
No começo do mês, investidores importantes da empresa exigiram que a Apple tome medidas para diminuir o vício dos jovens em aparelhos da companhia, como o iPhone. A empresa não quis comentar.