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Por que a Microsoft quer comprar o Yahoo!

Parceira do Yahoo! em buscas e publicidade online, a Microsoft parece pronta a engolir o pioneiro portal da web

O Yahoo! se mantém lucrativo, mas sua receita vem se reduzindo ano a ano desde 2008 (Justin Sullivan / Getty Images)

O Yahoo! se mantém lucrativo, mas sua receita vem se reduzindo ano a ano desde 2008 (Justin Sullivan / Getty Images)

Maurício Grego

Maurício Grego

Publicado em 21 de outubro de 2011 às 11h07.

São Paulo — Mais uma vez, circulam notícias insistentes de que a Microsoft prepara uma tentativa de compra do Yahoo!. Em 2008, a empresa dirigida por Steve Ballmer ofereceu 44,6 bilhões de dólares pelo portal. Apesar de o mercado ter considerado esse preço alto na época, o conselho de administração do Yahoo! rejeitou a oferta, dizendo que era insuficiente. Mas uma nova oferta parece estar a caminho.

Hoje, o Yahoo! é avaliado em menos da metade daquele valor. Há dois dias, num evento na Califórnia, Steve Ballmer disse que foi uma sorte a compra não ter acontecido. Apesar de o Yahoo! permanecer lucrativo, sua receita tem caído ano a ano desde 2008. No mês passado, o portal demitiu a CEO Carol Bartz. O CFO Tim Morse assumiu como CEO interino.

Antes de sair, Bartz chegou a dizer que a empresa estudava uma restruturação. Depois, soube-se que o Yahoo! contratou a assessoria das empresas Goldman Sachs e Allen & Co. Correu, no mercado, a notícia de que essas duas empresas estavam em busca de compradores para o Yahoo! E, ao que parece, não faltam potenciais candidatos.

No dia 2 deste mês, Jack Ma, CEO da chinesa Alibaba, declarou que tinha interesse em comprar o Yahoo! (que é dono de 40% da companhia asiática). Ontem, no evento Asia D, em Hong Kong, o empresário chinês confirmou a oferta. Segundo o site AllThingsD, Ma está só esperando o conselho de administração do Yahoo! decidir se vai vender a empresa a ele.

Muitos pretendentes

No mesmo evento, Jerry Yang, um dos fundadores do Yahoo!, disse que a empresa está avaliando todas as opções, inclusive a venda para Jack Ma. Segundo o jornal britânico Guardian, a lista de pretendentes inclui também a News Corporation, do magnata Rupert Murdoch, e pelo menos quatro empresas de investimentos (as americanas Providence, Hellman & Friedman e Silver Lake; e a russa Digital Sky). Inclui, também, a Microsoft, que pode se associar a alguma dessas empresas para a aquisição.


A Microsoft já tem uma parceria com o Yahoo!, negociada em 2009, com duração prevista de dez anos. Desde o ano passado, o Yahoo! usa seu mecanismo de busca, também empregado no Bing. E a Microsoft gerencia a venda de anúncios associados a buscas do Yahoo!. Até agora, muita gente achava que essa parceria tivesse atendido a boa parte dos objetivos da Microsoft em sua tentativa de aquisição do Yahoo! Assim, a empresa de Redmond teria, agora, poucos motivos para comprar sua parceira do Vale do Silício.

Ontem, porém, na conferência Asia D, Jerry Yang deu a entender que a turma de Redmond está insatisfeita, conforme relata o site Business Insider. “A parceria não caminhou da maneira que eles queriam”, disse ele. A empresa de Redmond parece buscar um reforço em sua receita com publicidade online de duas maneiras: aumentando sua participação no mercado de buscas e no de anúncios gerais, a chamada display advertising. Essas são, basicamente, as fontes de receita do Yahoo!

A guerra das buscas

Dados divulgados neste mês pela comScore mostram que, em setembro, o Google teve 65,3% de participação nas buscas feitas na web nos Estados Unidos. O Yahoo! ficou em segundo lugar, com 15,5%; e, o Bing, em terceiro, com 14,7%. Em outros países, como o Brasil, o domínio do Google é muito maior; e, a participação do Bing, muito mais modesta. Para a Microsoft, unir o Bing ao buscador do Yahoo! seria uma maneira de subir imediatamente para o segundo lugar e ocupar uma posição mais significativa no mercado.

Algo parecido acontece na área de display advertising, em que o Yahoo! era líder mundial até o início deste ano. Em 2009, o portal tinha 15,8% de participação nesse mercado, contra apenas 7% do segundo colocado, o Facebook. Mas dados divulgados em junho pela empresa eMarketer mostram que o Yahoo! caiu para segundo lugar. Deve fechar 2011 com 13,1% de participação, enquanto a turma de Mark Zuckerberg deve aumentar sua fatia para 17,7%.


A Microsoft, que está em quarto lugar em display advertising, deve fechar o ano com pouco menos de 4,9%. Juntas, Yahoo! e Microsoft somam 18%, mais do que a parcela prevista para o Facebook e quase o dobro da previsão para o Google, o terceiro colocado, que é de 9,3%. A eMarketer prevê que esse mercado movimente 12,3 bilhões de dólares neste ano.

Naturalmente, as coisas não são tão simples quanto esses números podem fazer supor. Muitos dos serviços do Yahoo! – como e-mail, mensagens instantâneas, informações financeiras e notícias – já têm seus equivalentes nos sites da Microsoft. Se as duas empresas se unirem, dependendo de como essas sobreposições forem tratadas, poderá haver casos em que a audiência combinada acabe ficando menor que a soma dos números individuais.

O lobby do Google

Se a proposta de compra da Microsoft avançar, a aquisição ainda terá de ser aprovada pelos órgãos regulatórios americanos. Em 2008, o Google reclamou ruidosamente que a compra do Yahoo! pela Microsoft reduziria a competição no mercado de publicidade online. É provável que a empresa de Larry Page e Sergey Brin tente fazer seu lobby novamente para impedir a transação.

A história do Yahoo!, um dos principais portais globais da web, confunde-se com a da própria internet. Jerry Yang e David Filo fundaram a empresa em 1995, quando ainda eram estudantes na universidade de Stanford, no Vale do Silício. Os dois cadastraram os sites da web existentes na época, criando um ponto de partida para quem buscava se orientar na nascente rede mundial.

A empresa sobreviveu ao estouro da bolha da internet, em 2001, e cresceu faturando com publicidade. Falando sobre a importância do Yahoo!, Jack Ma, da Alibaba, disse que “Se não existisse o Yahoo!, eu nem teria começado meu negócio na internet”. Agora, o negócio pioneiro de Yang e Filo tem grande chance de deixar de existir como empresa independente.

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