Poluição dos veículos causa 4,6 mil mortes ao ano em SP
A poluição provocada pelos veículos em São Paulo causa 4,6 mil mortes por ano na maior cidade do país
Da Redação
Publicado em 23 de setembro de 2013 às 05h46.
São Paulo - A poluição provocada pelos veículos em São Paulo causa 4,6 mil mortes por ano na maior cidade do país, um número três vezes maior que o de mortos em decorrência de acidentes de trânsito, de acordo com relatório divulgado neste domingo em meio à realização do Dia Mundial sem Carro.
Segundo a pesquisa do Instituto Saúde e Sustentabilidade, esse tipo de poluição é responsável pela redução de 1,5 ano de vida da população na região metropolitana de São Paulo, que concentra em seus 38 municípios mais de 20 milhões de pessoas.
O custo para o atendimento de pacientes tratados por doenças causadas pela poluição veicular, de acordo com o estudo, pode chegar a cada ano a R$ 1 bilhão.
A diretora-executiva do instituto, Evangelina Vormittag, afirmou à Agência Efe que as medidas adotadas pelo município, como a adesão neste domingo ao Dia Mundial sem Carro e o estudo para implementar a cobrança de pedágios no centro da cidade, são também um assunto de saúde pública.
Na atividade de hoje, que acompanha a Virada Esportiva, uma jornada contínua de 48 horas de atividades esportivas em ruas, estádios, parques e outros espaços da cidade, São Paulo restringiu o trânsito de veículos em 60 ruas e avenidas do centro, para dar espaço a bicicletas, patins e skates.
"Com a restrição do tráfego de veículos e levar as pessoas a usarem um transporte fisicamente mais ativo, como as bicicletas ou o simples fato de caminhar, existe uma redução das taxas de colesterol, e com um maior controle da obesidade haverá menos doenças", disse Evangelina.
A falta de mobilidade e o alto fluxo veicular têm, segundo a pesquisadora, efeitos nos níveis de estresse e ansiedade das pessoas, que passam a tolerar menos o barulho e o tempo perdido nos engarrafamentos.
"Esse tempo perdido no trânsito poderia ser aproveitado para a recreação, o exercício físico, a convivência familiar ou em mais e melhores horas de sono", destacou a especialista.
O urbanista e professor da Faculdade de Arquitetura da Universidade de São Paulo (USP), João Sette Whitaker, considerou em entrevista à Efe o contexto da cidade é "problemático".
"O assunto de São Paulo é complicado porque estamos falando de um modelo que foi durante um século permanente e pensado em sua estrutura em função do automóvel", salientou Whitaker.
Para o professor, "quando isso colapsa e começa a perturbar a classe média, surge então a questão de mobilidade em discussão e se descobre que o modelo de mobilidade estruturado nos carros era insustentável".
No entanto, Whitaker considera que não é o momento para pensar em uma restrição permanente de veículos no centro da cidade, devido a que uma proposta nesse sentido só funcionaria com o melhoramento do serviço de transporte público.
"Este dia (o Dia Mundial sem Carro) funciona como um sinalizador de que esta perspectiva pode ser pensada para o futuro", finalizou.