Pesquisadora brasileira aprimora teste de Rorschach
O Método de Rorschach é um dos testes psicológicos mais utilizados entre psicólogos de diversas abordagens terapêuticas, tanto na clínica como na pesquisa
Da Redação
Publicado em 12 de fevereiro de 2015 às 16h48.
São Paulo - Um estudo realizado por pesquisadores do Instituto de Psicologia (IP) da Universidade de São Paulo ( USP ) estabeleceu normas e referências para o psicodiagnóstico de Rorschach, que pode ser aplicado no processo de avaliação psicológica e no atendimento clínico de adolescentes no estado de São Paulo.
Quase um século após ter sido desenvolvido pelo psiquiatra suíço Hermann Rorschach (1884-1922), o Método de Rorschach é um dos testes psicológicos mais utilizados entre psicólogos de diversas abordagens terapêuticas, tanto na clínica como na pesquisa.
Ainda não havia no Brasil normas para o psicodiagnóstico de adolescentes baseado na abordagem do sistema francês Escola de Paris de aplicação do teste.
A pesquisa " Dados normativos brasileiros do Rorschach na adolescência: atlas e dicionário ", conduzida por Maria Abigail de Souza com apoio da FAPESP, forneceu parâmetros para que profissionais adotem a técnica considerando os dados normativos apresentados por 108 adolescentes paulistas, de 12 a 17 anos, submetidos ao teste.
A fim de definir valores específicos para essa população em São Paulo, os pesquisadores estabeleceram percentuais que diferenciam as respostas mais frequentes das raras e os padrões das percepções, de acordo com os diferentes pontos de análise nas manchas.
A pesquisa dará origem ao livro O Método de Rorschach em Adolescentes Brasileiros: Atlas e Dicionário.
A publicação será disponibilizada aos profissionais que aplicam o teste. A iniciativa atende a resolução do Conselho Federal de Psicologia (CFP) que determina que testes estrangeiros de qualquer natureza “devem ser adequados a partir de estudos realizados com amostras brasileiras, considerando a relação de contingência entre as evidências de validade, precisão e dados normativos com o ambiente cultural onde foram realizados os estudos para sua elaboração”.
Aspectos da personalidade
O Método de Rorschach é um teste projetivo: ao tentar organizar uma informação ambígua, sem um significado claro (como as manchas), o indivíduo projeta aspectos da sua personalidade.
“Trata-se de uma técnica em que se solicita ao indivíduo que diga o que vê em dez estímulos ambíguos, construídos como manchas bilaterais em torno de um eixo mediano. O conjunto de respostas elaboradas, denominado Protocolo de Rorschach, evidenciará um processo contínuo em que participam percepção e projeção e será material de estudo para o psicólogo desenvolver a compreensão do funcionamento psíquico”, explicou Souza.
Não há respostas certas ou erradas, mas sim mais semelhantes ao estímulo apresentado e mais frequentes em determinada amostra de uma população.
“É importante observar bem como as respostas foram dadas, para que o trabalho de cotação, depois da aplicação em um sujeito, seja o mais fiel possível. O Rorschach está muito presente no imaginário popular, mas de forma equivocada, como se o diagnóstico fosse feito sem critérios, de forma meramente subjetiva”, enfatizou Souza.
O psicólogo avalia a percepção do indivíduo, considerando, entre outros fatores, se a mancha foi vista como um todo ou em partes, a que aspectos foi dada maior importância (se à forma, à cor ou a uma impressão de movimento), qual a natureza do conteúdo descrito (se humano, animal, vegetal ou inanimada) e a originalidade ou banalidade da resposta – ou seja, se a percepção é comum ou rara na população da pessoa que está sendo avaliada.
“Por isso, é de extrema importância que sejam definidas normas para a validade do teste em diferentes populações, considerando características relacionadas ao meio cultural, configurando-se alguns padrões normativos para determinado grupo”, disse a pesquisadora.
A partir das respostas, o profissional procura obter um quadro amplo da dinâmica psicológica do indivíduo, considerando sua forma de perceber o estímulo, a atenção, o julgamento crítico, o conteúdo verbal, o simbolismo e a linguagem utilizada.
“As projeções fornecem informações importantes ao psicólogo, favorecendo a apreensão da dinâmica do conjunto da personalidade. A carência de normas adequadas aos diferentes contextos em que o teste é aplicado dificulta essa apreensão”, destacou.
Estatística
As respostas foram coletadas e classificadas em um banco de dados digital.
Os pesquisadores realizaram reuniões semanais para que a cotação das respostas se desse de modo harmônico, seguindo os mesmos procedimentos e critérios de aplicação e classificação.
O tratamento estatístico dos dados foi realizado pelo psicólogo especialista em Métodos Quantitativos do IP, Vinícius Frayze David, que utilizou o programa IBM SPSS para gerar as estatísticas descritivas da amostra, avaliando ainda diferenças devidas ao sexo, à faixa etária dos adolescentes e ao nível educacional dos pais.
“Foi um trabalho minucioso de cotação de formas e de estabelecimento de valores normativos decorrentes das respostas dos adolescentes, que serão úteis não só para o conhecimento psicológico do cliente pelo profissional, mas também para os jovens que demandem um psicodiagnóstico clínico, com o objetivo de melhor orientar seu encaminhamento e tratamento psicológico”, disseSouza.
O livro com os resultados obtidos será acompanhando por um dicionário das respostas mais frequentes e um atlas com a localização dos pontos observados pelos adolescentes nas manchas, com a validação do CFP.
São Paulo - Um estudo realizado por pesquisadores do Instituto de Psicologia (IP) da Universidade de São Paulo ( USP ) estabeleceu normas e referências para o psicodiagnóstico de Rorschach, que pode ser aplicado no processo de avaliação psicológica e no atendimento clínico de adolescentes no estado de São Paulo.
Quase um século após ter sido desenvolvido pelo psiquiatra suíço Hermann Rorschach (1884-1922), o Método de Rorschach é um dos testes psicológicos mais utilizados entre psicólogos de diversas abordagens terapêuticas, tanto na clínica como na pesquisa.
Ainda não havia no Brasil normas para o psicodiagnóstico de adolescentes baseado na abordagem do sistema francês Escola de Paris de aplicação do teste.
A pesquisa " Dados normativos brasileiros do Rorschach na adolescência: atlas e dicionário ", conduzida por Maria Abigail de Souza com apoio da FAPESP, forneceu parâmetros para que profissionais adotem a técnica considerando os dados normativos apresentados por 108 adolescentes paulistas, de 12 a 17 anos, submetidos ao teste.
A fim de definir valores específicos para essa população em São Paulo, os pesquisadores estabeleceram percentuais que diferenciam as respostas mais frequentes das raras e os padrões das percepções, de acordo com os diferentes pontos de análise nas manchas.
A pesquisa dará origem ao livro O Método de Rorschach em Adolescentes Brasileiros: Atlas e Dicionário.
A publicação será disponibilizada aos profissionais que aplicam o teste. A iniciativa atende a resolução do Conselho Federal de Psicologia (CFP) que determina que testes estrangeiros de qualquer natureza “devem ser adequados a partir de estudos realizados com amostras brasileiras, considerando a relação de contingência entre as evidências de validade, precisão e dados normativos com o ambiente cultural onde foram realizados os estudos para sua elaboração”.
Aspectos da personalidade
O Método de Rorschach é um teste projetivo: ao tentar organizar uma informação ambígua, sem um significado claro (como as manchas), o indivíduo projeta aspectos da sua personalidade.
“Trata-se de uma técnica em que se solicita ao indivíduo que diga o que vê em dez estímulos ambíguos, construídos como manchas bilaterais em torno de um eixo mediano. O conjunto de respostas elaboradas, denominado Protocolo de Rorschach, evidenciará um processo contínuo em que participam percepção e projeção e será material de estudo para o psicólogo desenvolver a compreensão do funcionamento psíquico”, explicou Souza.
Não há respostas certas ou erradas, mas sim mais semelhantes ao estímulo apresentado e mais frequentes em determinada amostra de uma população.
“É importante observar bem como as respostas foram dadas, para que o trabalho de cotação, depois da aplicação em um sujeito, seja o mais fiel possível. O Rorschach está muito presente no imaginário popular, mas de forma equivocada, como se o diagnóstico fosse feito sem critérios, de forma meramente subjetiva”, enfatizou Souza.
O psicólogo avalia a percepção do indivíduo, considerando, entre outros fatores, se a mancha foi vista como um todo ou em partes, a que aspectos foi dada maior importância (se à forma, à cor ou a uma impressão de movimento), qual a natureza do conteúdo descrito (se humano, animal, vegetal ou inanimada) e a originalidade ou banalidade da resposta – ou seja, se a percepção é comum ou rara na população da pessoa que está sendo avaliada.
“Por isso, é de extrema importância que sejam definidas normas para a validade do teste em diferentes populações, considerando características relacionadas ao meio cultural, configurando-se alguns padrões normativos para determinado grupo”, disse a pesquisadora.
A partir das respostas, o profissional procura obter um quadro amplo da dinâmica psicológica do indivíduo, considerando sua forma de perceber o estímulo, a atenção, o julgamento crítico, o conteúdo verbal, o simbolismo e a linguagem utilizada.
“As projeções fornecem informações importantes ao psicólogo, favorecendo a apreensão da dinâmica do conjunto da personalidade. A carência de normas adequadas aos diferentes contextos em que o teste é aplicado dificulta essa apreensão”, destacou.
Estatística
As respostas foram coletadas e classificadas em um banco de dados digital.
Os pesquisadores realizaram reuniões semanais para que a cotação das respostas se desse de modo harmônico, seguindo os mesmos procedimentos e critérios de aplicação e classificação.
O tratamento estatístico dos dados foi realizado pelo psicólogo especialista em Métodos Quantitativos do IP, Vinícius Frayze David, que utilizou o programa IBM SPSS para gerar as estatísticas descritivas da amostra, avaliando ainda diferenças devidas ao sexo, à faixa etária dos adolescentes e ao nível educacional dos pais.
“Foi um trabalho minucioso de cotação de formas e de estabelecimento de valores normativos decorrentes das respostas dos adolescentes, que serão úteis não só para o conhecimento psicológico do cliente pelo profissional, mas também para os jovens que demandem um psicodiagnóstico clínico, com o objetivo de melhor orientar seu encaminhamento e tratamento psicológico”, disseSouza.
O livro com os resultados obtidos será acompanhando por um dicionário das respostas mais frequentes e um atlas com a localização dos pontos observados pelos adolescentes nas manchas, com a validação do CFP.