Pegamos carona com o carro por trás dos mapas da Here
O automóvel é um dos 12 carros da Here que circulam por São Paulo para fazer o mapeamento de todas as vias que a cidade possui
Da Redação
Publicado em 28 de setembro de 2016 às 05h56.
São Paulo – EXAME.com pegou uma carona nada discreta em nome da tecnologia. O passeio foi em um True Car, um dos automóveis da Here que são usados para a criação de seus mapas digitais. Neste momento, doze estão rodando o país equipados com antenas, GPS, câmeras e outros sensores.
É verdade que os True Cars são bastante chamativos e atraem olhares por onde quer que passem, principalmente por conta da antena localizada no teto do carro. É nela que fica um sistema GPS de alta precisão que captura coordenadas do percurso.
Quatro câmeras Full HD também ficam acopladas com ângulo de 90 graus entre elas. A cada três segundos, elas fotografam o cenário e formam imagens em 360 graus que serão colocadas no mapa. O carro conta com um sensor giratório que mede distâncias. Com essa tecnologia, a Here é capaz de formar mapas em 3D.
Dentro do carro, um tablet mostra o funcionamento das câmeras e o trajeto percorrido. Melanie Ribeiro, analista de comunidades do Here e minha companheira de carona, explica que cada via tem mais de 200 atributos. “Existem atributos para quase tudo. A altura de pontes e viadutos são importantes para caminhões, por exemplo”, diz Ribeiro.
Os mapas também contam com ajuda de seus usuários. Qualquer pessoa pode fornecer informações sobre as ruas, no site da empresa. Para participar, é preciso realizar um cadastro neste link e seguir as orientações (que estão em inglês). “As informações são validadas pelo algoritmo e por analistas da Here”, diz Ribeiro.
Os mapas da Here têm atraído clientes. Eles são usados como padrão em carros de montadoras como BMW e Audi. Eles também são os mapas oficiais do Facebook. Durante a Olimpíada do Rio, eles auxiliaram no deslocamento de delegações da Vila Olímpica até os locais dos eventos esportivos em mais de cinco mil veículos.
Analistas da Here atualizaram os dados de todas as vias do Rio de Janeiro, já que o evento mudou bastante os caminhos disponíveis na cidade. “Nós incluímos informações sobre as faixas dedicadas às delegações, a Vila Olímpica e as 32 arenas distribuídas pela cidade”, falou a EXAME.com Vinícius Ferreira, gerente de produto da Here.
Foram mais de 70 mil rotas configuradas e 14 mil pontos de interesse indicados no mapa. Além disso, o aplicativo da Here recebeu uma atualização para que alguns locais tivessem mapas internos. “No Maracanã, quem quisesse ir ao banheiro ou comprar alguma coisa só precisava olhar o app”, explica Melanie Ribeiro.
Um usuário comum também pode usufruir do produto da Here pelo site oficial ou com o app Here WeGo, disponível para Android e iPhone. Uma função prática é a possibilidade de usar mapas de forma offline, o que pode ajudar viajantes, por exemplo. “O Google começou a oferecer esse recurso agora, mas nós temos mapas offline há anos”, alfineta Ferreira.
Carro autônomo
A Here vem se preparando para servir a carros autônomos. Uma ferramenta da empresa é a Sensoris, uma plataforma para a troca de dados entre veículos autônomos. “Conseguimos criar uma rede de informações sobre diversos assuntos, como situação do tráfego das vias em tempo real”, diz Vinícius Ferreira. Segundo ele, onze companhias já aderiram ao sistema, entre elas Bosch , Daimler , LG Electronics e Pioneer.
Além do Sensoris, a empresa também está desenvolvendo uma tecnologia de localização em nuvem . Com isso, todas as informações coletadas pelos carros autônomos poderão ser vistas no momento em que acontecem. “Nós acreditamos que esse ecossistema colaborativo de dados é a base que define um carro autônomo”, disse Ferreira.
A própria Here é uma empresa coletiva. Desde agosto de 2015, ela é controloda por um consórcio de montadoras alemãs formado por Audi, BMW e Daimler. Na época de sua compra, os fabricantes de carros temiam que a tecnologia da Here -- que era da Nokia -- fosse parar nas mãos do Google ou da Apple. Isso faria com que as montadoras perdessem o controle de sistemas de informação dentro do carro.