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País tem boas experiências em pólos de tecnologia, mas falta investimento

No Brasil, recursos escassos são dispersos em vários projetos. Na Coréia do Sul, poucos pólos chegam a receber US$ 100 milhões para desenvolver projetos

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h23.

O professor Germano Vasconcelos, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), pesquisava os usos da inteligência artificial quando descobriu que ela poderia tornar mais eficiente a análise de crédito em bancos e grandes redes de varejo. "Descobri também que minha pesquisa poderia se transformar em um negócio", diz Vasconcelos. Assim nasceu a Neurotech, que já atendeu clientes como a rede de supermercados Bompreço e o cartão de crédito das lojas de departamento Leader Magazine, com 2,5 milhões de clientes.

A Neurotech está instalada no Porto Digital, pólo de tecnologia que reúne 94 empresas no centro histórico de Recife. Juntas, elas devem faturar 500 milhões de reais este ano. O Porto Digital é o maior pólo tecnológico do Brasil e também o que mais atraiu as multinacionais, mas não é o único. Estão em atividade hoje no Brasil outros 16 parques tecnológicos, a maioria voltada para Tecnologia da Informação. "O Porto é um bom exemplo da interação entre universidade e empresa, que é a base para qualquer pólo de tecnologia", diz Eratóstenes Ramalho, um dos coordenadores da Softex, entidade que promove o software nacional do exterior.

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Na origem da formação desses pólos sempre esteve um centro de pesquisa universitário preocupado em desenvolver tecnologia com aplicações práticas, que atendessem à necessidades das empresas. Foi assim com o Cesar, ligado à Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), embrião do Porto Digital. E foi assim também na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Porto Alegre, com o Tecnopuc.

O pólo de tecnologia gaúcho nasceu em 2002, a partir do interesse de multinacionais por suas pesquisas desenvolvidas. A Dell, primeira a chegar, instalou no campus ainda em 2002 um centro de desenvolvimento de softwares. No mesmo ano, veio a HP, com um laboratório de pesquisa e desenvolvimento de novos produtos. Hoje, o Tecnopuc tem 42 empresas, com 2 mil funcionários. O pólo desenvolve os mais variados tipos de software, desde aplicações para equipamentos de informática até sistema de gestão empresarial.

No Parque Tecnológico Alfa, em Florianópolis, estão 67 empresas, que faturaram juntas cerca de 200 milhões de reais em 2004. A 4 quilômetros da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o pólo aproveita a mão-de-obra dos recém-formados em mecânica e eletrônica da universidade. "Nossa vocação é hardware", diz Tony Chierighini, gerente de negócios da Celta, incubadora de empresas do pólo.

A CSP, por exemplo, desenvolve equipamentos para controle de tráfego como radares de velocidade e faróis inteligentes. Comandada pelo engenheiro mecânico Délio Pereira Rodrigues, formado na UFSC, a empresa já fechou contratos com empresas na Espanha, Portugal e alguns países da América Latina e deve faturar 8 milhões de reais em 2005.

Ainda falta muito, no entanto, para que os pólos brasileiros passem a fazer diferença na economia nacional, como fazem na Índia, por exemplo, que se tornou referência mundial e exporta 10 bilhões de dólares em software e serviços de informática. Para Eratóstenes Ramalho, da Softex, o que falta é um investimento coordenado. "Aqui, gasta-se pouco e de forma dispersa. A Coréia, por exemplo, investe mais de 100 milhões de dólares em apenas quatro ou cinco pólos", diz Ramalho.

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