Os 10 países líderes em tecnologias verdes
Relatório elaborado pela consultoria Cleantech e pelo grupo WWF aponta quais países se destacam pela criação e inovação em tecnologia verde e que também possuem clima estimulante para empresas do setor, seja por políticas públicas ou financiamento privado
Vanessa Barbosa
Publicado em 9 de janeiro de 2014 às 17h28.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h25.
São Paulo – Assim como a inovação tecnológica facilitou mudanças incríveis no consumo, estilo de vida e produtividade nos últimos 200 anos, o desenvolvimento das chamadas tecnologias verdes será essencial para catalisar e facilitar a revolução da sustentabilidade no século 21. Mas quais países têm o maior potencial para produzir e comercializar esse futuro limpo? Para responder a essa pergunta, a consultoria Cleantech e o grupo ambientalista WWF avaliaram 38 países a partir de 15 indicadores relacionados ao desenvolvimento de empresas de soluções ecológicas, como políticas públicas e regulações, incentivos financeiros privados, estímulos acadêmicos, investimentos privados no setor, número de patentes ambientais registradas, entre outros. O levantamento Global Cleantech Innovation Index mostra que o setor de energias renováveis é o principal agente catalisador dos investimentos verdes: 77% do total investido em tecnologias limpas em 2010, por exemplo, foi para área de geração renovável de energia. No ranking, o Brasil ficou em 25º lugar, como um país “de cultura empresarial muito forte, mas de baixo investimento em inovação e pesquisa e desenvolvimento”. Clique nas imagens acima para conferir os 10 países que lideram a revolução verde.
Curiosamente, as primeiras colocações no ranking de inovação verde são dominadas por países pequenos, mas com potencial de realizar grandes transformações rumo a um futuro mais sustentável. A liderança da Dinamarca é explicada pela capacidade em apoiar novas empresas que desenvolvem tecnologias limpas até que esse conhecimento se torne lucrativo e beneficie tanto à economia quanto o meio ambiente. Na Dinamarca, o setor de energia eólica é um dos mais avançados e, segundo o plano ambicioso do governo de reduzir suas emissões em 40% até 2020, os ventos deverão contribuir com mais da metade do consumo energético dinamarquês na próxima década. No quesito pioneirismo, vale destacar que a capital Copenhague foi a primeira no mundo a promover o empréstimo público de bicicletas, um modelo que depois foi copiado por grandes metrópoles como Bracelona, Berlim, Paris e Rio de Janeiro.
Desde o início dos anos 50, Israel assumiu o compromisso de desenvolver tecnologias ambientalmente corretas para lidar com seus escassos recursos energéticos e com a disponibilidade limitada de água. Sem combustíveis fósseis e sem relações amigáveis com os seus vizinhos produtores de petróleo, o país olhou para o sol em busca de solução. Atualmente, pelo menos 90% das residências israelenses usam energia solar para aquecer a água. O sistema de tratamento desse recurso natural é referência mundial - Israel é o país que mais recursos investe no tratamento e reciclagem de água. O país também é o criador e líder mundial em irrigação por gotejamento, técnica que transforma desertos em terras cultiváveis.
A Suécia ocupa o terceiro lugar no ranking, com bom desempenho em todos os indicadores avaliados. Segundo o relatório, o governo oferece fincanciamentos vultosos para pesquisa e desenvolvimento de tecnologias limpas. Para enfrentar os desafios ambientais, o país possui centros de excelência em know-how que mantém parcerias estratégicas com indústrias de ponta. A tradição no desenvolvimento de soluções ambientais está presente em vários setores – da construção verde à reciclagem mecânica e energética do lixo, que aquece 80% das casas suíçcas, só para citar alguns. No tratamento de esgoto, o país tem um dos padrões mais elevados do mundo.
Em quarto lugar na lista de líderes em tecnologias verdes aparece a Finlândia, outro pequeno país nórdico que funciona como um laboratório de soluções ambientais. Só em 2010, o setor de energia renovável finlandês cresceu 5,6% com faturamento de 17,9 bilhões de reais. Por trás desse desempenho está a organização Cleantech Finland, que reúne mais de 2 mil empresas de tecnologia sustentável do país, facilitando o contato entre elas e com investidores potenciais. Recentemente, o Brasil assinou um acordo de cooperação tecnológica com a Finlândia. Uma área de interesse em comum entre os dois países é a de tecnologia offshore, uma vez que a Finlândia tem tradição na área de construção naval e de plataformas de perfuração e prospecção de petróleo.
A quinta colocação no ranking verde ficou com os Estados Unidos, que no ano passado registrou um aumento expressivo de investimentos no setor, subindo de 5,2 bilhões de dólares em 2010, para 6,8 bilhões em 2011 - um acréscimo de 31%. Entre os estados americanos, o que mais se destaca é, naturalmente, a Califórnia, o polo mais efervescente de tecnologias limpas. No ano passado, o estado recebeu um total de 3,7 bilhões de dólares em investimento, mais da metade (54%) do total investido no setor em todos os EUA.
Não dá para falar de inovações verdes, principalmente no que diz respeito ao setor de energia renovável, sem mencionar a Alemanha, que aparece na sexta posição do ranking do Cleantech. O país, que prometeu encerrar o uso de reatores nucleares e substituí-los por novas fontes até 2022, se destaca pelo incentivo dado à energia solar e à eólica. Segundo um levantamento do Global Wind Energy Council, a Alemanha é o terceiro país do mundo que mais investe na força dos ventos, com capacidade instalada de 29 mil MW, respondendo por 12,2% do acumulado mundial. A conversão para energia limpa garante não só a redução das emissões de gases nocivos ao planeta como a geração de novos postos de trabalho. Na última década, mais de 300 mil vagas foram criadas no agitado mercado verde do país.
Embora tenha anunciado sua saída do grupo de países signatários do Protocolo de Kyoto durante a última reunião da ONU sobre clima, em Durban, na África, o Canadá vem se esforçando em desenvolver tecnologia verde de ponta nos últimos anos. O país possui uma série de estímulos e investimentos em tecnologia limpa, como práticas de captura e armazenamento de carbono. No tocante à energia renovável, o Canadá é o nono país com maior capacidade eólica instalada, cerca de 5,2 mil MW, que representam 2,2% do total mundial.
O oitavo colocado no ranking está se reinventando como um núcleo exportador de tecnologia verde para cidades. A Coreia do Sul desenvolve projetos ambiciosos de urbanismo sustentável, como o Distrito Comercial Internacional Songdo, um centro de excelência em tecnologia, educação e negócios em construção a 65 quilômetros de Seul. A estratégia de crescimento verde do país está sustentada no plano de ação "Green Growth". Lançado em 2009 e com duração de cinco anos, o plano prevê, entre outras mediadas, o aumento de investimentos do governo, a comercialização de tecnologias verdes e a cooperação internacional.
Há uma atmosfera verde em torno da Irlanda, nono colocado do ranking, e não apenas no dia de São Patrício. Nos últimos anos, ativos de fundos de investimento verdes mais do que duplicaram nos últimos dois anos chegando a 2,3 bilhões de dólares, segundo pesquisa da PricewaterhouseCoopers (PwC). Mais, a Irlanda também se tornou, no início de fevereiro, o primeiro país a aceitar créditos de carbono gerados por projetos de redução das emissões por desmatamento e degradação (REDD) no seu regime fiscal.
No décimo lugar do ranking de tecnologias limpas, o Reino Unido promete inspirar o Brasil e o mundo com as soluções ambientais que a Inglaterra implementou para a construção do seu Parque Olímpico. Na lista entram projetos de descontaminação de solo, arenas totalmente recicláveis e um sistema moderno de transporte elétrico nas intermediações do principal aeroporto de Londres. Além disso, o país conta com um empresariado entusiasmado com as novas tecnologias. Uma pesquisa feita pela consultoria Carbon Trust mostrou que 99% dos líderes empresariais britânicos enxergam oportunidades de crescimento no desenvolvimento e uso de tecnologias verdes. Na corrida da energia renovável, o país é o sexto mais atraente para investimentos, segundo ranking da Ernst & Young.
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