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Obama recebe executivos da internet preocupados com vigilância da NSA

Participantes defenderam transparência nas operações da agência de segurança norte-americana

obama-tec (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 17 de dezembro de 2013 às 18h31.

O presidente Barack Obama recebeu nesta terça-feira executivos das principais empresas de internet e de telecomunicações dos Estados Unidos, alarmadas com a vigilância exercida pelas agências de inteligência, no momento em que a constitucionalidade dessas operações se vê questionada pela Justiça.

Google, Microsoft, Yahoo, Facebook, Twitter, Netflix, LinkedIn, Comcast e AT&T: a elite do setor compareceu à reunião desta terça de manhã na Casa Branca.

O encontro foi descrito pelo governo como uma "oportunidade para abordar questões de segurança nacional e as consequências econômicas da difusão de dados das operações de inteligência sem autorização".

A Presidência se referiu dessa forma às revelações feitas meses atrás pelo ex-analista de inteligência Edward Snowden sobre o alcance da espionagem realizada pelo governo americano por intermédio da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês).

Segundo um participante da reunião que pediu para não ser identificado, o encontro durou cerca de três horas e Obama e o vice-presidente Joe Biden conversaram durante duas horas sobre a NSA e seu polêmico programa de espionagem eletrônica. "Os participantes defenderam transparência" nas operações da NSA.

Em um breve comunicado, as empresas informaram ter "falado diretamente com o presidente sobre seus princípios em matéria de vigilância governamental". "Pedimos que avance rapidamente para uma reforma".

Obama "escutou as preocupações e as recomendações do grupo e disse que levará em conta suas posições", assinalou a Casa Branca.

Há uma semana, as gigantes da internet - sete delas presentes na reunião com Obama - publicaram uma carta aberta ao presidente, reivindicando a regulação dessas práticas. Para as empresas, os últimos episódios comprometeram a confiança dos usuários.

"Compreendemos que os governos têm o dever de proteger os cidadãos. Mas as revelações deste verão (no hemisfério norte) expuseram a necessidade urgente de se reformar as práticas governamentais de vigilância no mundo", escreveram.

Obama e os executivos não divulgaram qualquer declaração ao término do encontro, que aconteceu no sala Roosevelt da Casa Branca. Fotógrafos foram autorizados apenas por alguns segundos.

De acordo com o material vazado por Snowden, a NSA consegue invadir programas encriptados, em um procedimento normalmente adotado nos protocolos de segurança on-line. Além disso, as empresas americanas teriam "cooperado" com a NSA, dando à agência "pontos de entrada" em seus softwares, ou fornecendo ao governo informações sobre seus usuários.

Revés judicial – A reunião desta terça coincidiu com um golpe na Justiça sofrido pela NSA, depois que um juiz de Washington considerou que a coleta de metadados das comunicações por telefone de um cidadão representava um "atentado à vida privada" e era, sem dúvida, inconstitucional. No texto, o magistrado também alega que o procedimento de vigilância do governo é "quase orwelliano".

Saudada pelos defensores das liberdades individuais, a resolução foi transmitida a um tribunal de apelações, que deverá se pronunciar em breve sobre o assunto.

Obama já havia pedido a um grupo de trabalho para corrigir e até reformar os programas da NSA. As conclusões dos especialistas foram levadas à Presidência na última sexta-feira, mas a Casa Branca ainda não reagiu ao relatório.

Em uma carta, Edward Snowden explicou que está disposto a "contribuir" com as investigações do Senado brasileiro sobre a espionagem de políticos em Brasília, entre eles, a presidente Dilma Rousseff.

A Casa Branca já descartou a ideia de conversar com Snowden como contrapartida para a entrega dos documentos secretos sobre as operações de vigilância divulgadas a conta-gotas este ano. Snowden "deve retornar para os Estados Unidos o quanto antes" para responder às acusações que pesam contra ele, afirmou o porta-voz de Obama, Jay Carney, na segunda-feira, acrescentando que "contará com todas as proteções necessárias".

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