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“O último susto é o que fica”, diz criador de canal de vídeos de terror no YouTube

Cofundador do Lenda Urbana conta que o susto final é essencial para um vídeo de terror fazer sucesso

Lenda Urbana (Divulgação)

Lenda Urbana (Divulgação)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 31 de outubro de 2014 às 08h12.

O Halloween, também chamado popularmente de Dia das Bruxas, é celebrado nesta sexta-feira, 31 de outubro. A data também marca a estreia do canal Lenda Urbana, um dos poucos que mantêm publicação semanal de vídeos de terror no YouTube. Após um ano de existência do projeto, o grupo de amigos Daniel Pires, Leandro Botelho e Almir Bonfim Jr . alcançou cerca de 10 mil inscritos e hoje lança o site oficial do Lenda Urbana.

INFO conversou com Daniel Pires, produtor de vídeos e um dos fundadores do canal, que contou como é a experiência de fazer conteúdos para o YouTube e revelou alguns segredos para fazer vídeos de terror de sucesso. Confira a entrevista a seguir.

Como surgiu a iniciativa do projeto Lenda Urbana?
O canal Lenda Urbana tem apenas um ano. Surgiu no dia das bruxas de 2013, quando fizemos alguns curtas amadores de suspense para divulgar uma festa de igreja. Assim como o pessoal do humor faz, eu e o meu amigo Leandro Botelho, outro cofundador do canal, tivemos a ideia de criar um canal de terror, com produção. Nos questionamos quanto à dificuldade de tocar esse projeto, mas persistimos na ideia e, então, chamei o Almir Bonfim, Jr, que estudou comigo na faculdade e iniciamos a produção. O primeiro vídeo foi o “Juliana” (reproduzido abaixo), que é baseado em uma história que a minha avó contava dizendo que você não pode falar seu próprio nome três vezes porque isso não prestava. Como é difícil de fazer curtas toda a semana, começamos com uma programação quinzenal. Mas pensamos melhor e optamos por divulgar o trailer em uma semana e o vídeo completo na outra. Todos os vídeos vão ao ar sempre à meia noite de sábado para domingo. Também buscamos fazer especiais em todas as sextas-feiras 13. Como só houve duas desde o início do Lenda, fizemos um vídeo especial sobre o Gnomo do Papai Noel, já que era perto do Natal, e um documentário sobre o mistério do Castelinho. Esse último tem outro viés, é mais sério. O documentário não tem nada de brincadeira ou mentira.

//www.youtube.com/embed/XgUQOrtAFMM

Vocês investiram em algo para iniciar o canal?
Não muito. Gastamos com a compra de equipamentos, já que não tínhamos câmera. O primeiro curta foi gravado com uma câmera emprestada. Antes do segundo, eu comprei uma câmera, o Leandro comprou tripé e a iluminação, e o Almir construiu um slider, um suporte para câmera com madeira e rodinhas de vinil. Além disso, meu próprio pai fez uma grua para mim. Fora isso, também investimos na criação de DVDs, botons e banner quando fomos convidados para participar do youPix Festival 2014.

Como é o retorno do público nos vídeos de terror?
Desde o começo, os internautas aceitaram bem os vídeos. Parece que as pessoas sentiam falta de um canal de terror no YouTube. Nosso terceiro vídeo, o “Não Pisque”, bombou, apesar de ter uma serie de erros. A partir daí, conseguimos uma parceria com o Medo B, um site de terror que tem mais de 10 anos de existência. Muitas pessoas conheçam o canal a partir de então. Atualmente, estamos com quase 10 mil inscritos. Ainda é pouco.

//www.youtube.com/embed/ZeqN6V3F5Kc

Para um canal de terror, é um número considerável...
Sim, mas temos a péssima mania de comparar o nosso canal com os de comédia. Por exemplo, tem um canal de um amigo meu que já está com mais de 200 mil inscritos em dois anos. Se a gente for comparar, deveríamos estar com 100 mil...

Ok. Como surgem os roteiros dos vídeos?
No início, eu pegava referências de livros de autores como Edgar Allan Poe, Stephen King e até do escritor brasileiro Alexandre Callari. Mas, recentemente, percebemos que o que tem muito retorno no canal são vídeos baseados em creepasta, que são lendas que se espalham na internet. Por exemplo. O vídeo chamado “Frio” tem como base uma notícia falsa divulgada em uma sessão de entretenimento do Buzzfeed gringo que contava que um homem começou a receber mensagens da namorada morta no Facebook e, no final, recebeu uma foto dele mesmo sentado à frente do computador, como se tivesse sido tirada pela namorada do lado de fora da casa. Tomamos essa abordagem porque nós temos consciência de que não somos o primeiro canal com produção inédita de vídeos de terror. Mas somos os primeiros a manter periodicidade de publicação de conteúdo.
//www.youtube.com/embed/z829cVhAwj0

Outro bom exemplo de como surge um roteiro do Lenda Urbana é a história do vídeo “O Sono”. Fizemos ele em uma época em que muita gente falava sobre a paralisia do sono, até por que o canal Nerdologia tinha feito um vídeo falando sobre isso. Gravamos um vídeo muito simples, no meu quarto mesmo, e o pessoal recebeu muito bem a história.

//www.youtube.com/embed/0C-1K_WynH4

Quais são os elementos essenciais para um vídeo de terror no YouTube?
Os vídeos precisam ser curtos, ter uma história com a qual o público se identifique e têm que ter o susto no final, é o chamado Jump Scare, um susto grande no final. Por exemplo, o "Não Pisque" é um vídeo que eu nem gosto muito, mas ele tem um Jump Scare muito bom. Com isso, a pessoa anula todo o vídeo e a pessoa fala 'nossa, me assustei'. "Cômodo" é outro vídeo que o pessoal adora pelo mesmo motivo.

//www.youtube.com/embed/bWBgFOAfVBc

Você se inspirou em outros vídeos para criar o Jump Scare dos vídeos do Lenda Urbana?
Sim, um exemplo bastante famoso é aquele vídeo antigo de um comercial de carro que circulava correntes de e-mails. Ele pedia que você prestasse atenção para ver algo importante e te fazia colocar o rosto bem perto da tela e, de repente, surgia um boneco e um som de uma mulher gritando. Esse vídeo foi um viral absurdo — e por causa do susto final. Evitamos sangue e várias coisas. Mas o susto é algo que as pessoas sempre esperam. O vídeo pode ser ótimo, mas ele não vai funcionar sem o susto final.

Então, a última impressão é a que fica?
Sim, na verdade, o último susto (risos).

Qual é o vídeo mais visto do canal?
É um vídeo sobre a boneca Annabelle, que está com quase 50 mil visualizações. Tentamos uma parceria com a Warner, mas não deu muito certo. O que ele fizeram foi divulgar o vídeo no Facebook deles, o que foi ótimo para nós. Levamos mais de 12 horas para gravar, com cinco atores. Confesso que ele não tem um Jump Scare muito bom, mas teve o apelo do filme. A história não tem nada a ver com a história original do livro, nem do filme mesmo, o roteiro é original. O engraçado é que temos muita rejeição nesse vídeo porque as pessoas não entendem que não há relação direta com o filme e acabam confundindo o nosso vídeo com o trailer oficial.

//www.youtube.com/embed/07_t2aYNA4c

O YouTube já entrou em contato com vocês?
Sim, há um mês. A ideia era um especial sobre Halloween. Mas houve alguns problemas e não deu tempo de preparamos o conteúdo para este Dia das Bruxas. Vamos gravar no próximo dia 8 e 9.

Como anda a monetização do YouTube?
Anda bem, obrigado. Ainda não levamos nenhum strike (punição) do YouTube até agora, mas ganhamos farelos, né? Nem chegamos à meta de 100 dólares do AdSense ainda (publicidade do Google). Hoje, lançamos nosso site oficial, o lendaurbanabrasil.com. Com isso, esperamos melhorar no quesito monetização. Teremos uma loja online, por exemplo.

Como vocês lidam os haters no Youtube?
Não respondemos comentários positivos nem negativos, mas respondemos muito os internautas no Twitter. Evitamos também a interação no Facebook. No YouTube e no Facebook tem muito disso de “respondeu o dele e não o meu” e tal.

Há algo especial no canal para o Halloween?
Teremos um episódio especial chamado “A Menina do Casarão”, que foi gravado em Paranapiacaba e conta uma lenda local, com o elenco da Cidade do Terror, as mesmas pessoas que faziam as Noites do Terror no Play Center.

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