"Nunca faremos oferta hostil pela Telemar", diz Portugal Telecom
Em visita ao Brasil, o presidente da companhia, Henrique Granadeiro, afirma que empresa já manteve contatos com a operadora brasileira, mas, se houver proposta, será amigável
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h38.
O presidente da Portugal Telecom (PT), Henrique Granadeiro, descartou qualquer medida hostil para comprar a Oi (ex-Telemar). "Nunca faremos uma OPA [oferta pública de aquisição] hostil sobre a Telemar", afirmou à agência de notícias Lusa. "A empresa tem os seus acionistas de referência. Se um dia chegarmos a um entendimento amigável, a empresa passa a ser uma hipótese", completou.
Granadeiro admitiu que já houve conversas com os acionistas da Oi, e afirmou que a eventual participação da PT na companhia brasileira criaria um "pilar luso-brasileiro" no setor de telecomunicações. Granadeiro não informou com quais investidores a PT conversou. Entre os principais acionistas da Oi, estão a AG Telecom, com 10,3% da Telemar Participações (TmarPart, controladora da Oi), a Asseca Participações, com 10,3%, a BNDESPar, com 25%, e a Fiago, com 19,9%. O executivo destacou os pontos fortes da Oi, ao dizer que a companhia possui um "grande potencial."
Entrar no capital da Oi é uma das possíveis alternativas do grupo português para permanecer no Brasil, afirmou Granadeiro. A PT já atua no país por meio da Vivo, maior operadora de telefonia móvel do país, com 28,34% de participação de mercado em abril. O controle, porém, é dividido meio-a-meio com a espanhola Telefónica. No final de abril, a Telefónica confirmou que negocia com a PT o controle da Vivo. Pelos termos do acordo - não confirmados pelas empresas e divulgados pelo jornal espanhol El Confidencial -, os espanhóis ficariam com 100% da Vivo. O negócio, porém, só seria fechado se a PT encontrasse uma outra empresa de telefonia brasileira onde pudesse investir.
Isso alimentou os boatos de que a Oi seria o alvo principal. Depois de uma malsucedida tentativa de reestruturação no ano passado, baseada em troca de ações e rejeitada pelos minoritários, a companhia brasileira agora se prepara para recomprar os papéis - uma operação considerada mais atraente pelos detentores de ações da Oi. Se obtiver sucesso na recompra, o mercado especula que o próximo passo seria uma fusão com a Brasil Telecom, o que criaria um forte grupo brasileiro de telecomunicações. A opção é vista com simpatia pelo governo brasileiro.
À espera do governo
Para Granadeiro, um possível acordo com a Oi não significa, necessariamente, que a PT precise deixar a Vivo. Para os portugueses, embora a legislação brasileira proíba que um grupo de investidores participe de duas empresas na mesma área de concessão, o caso da compra de uma fatia da TIM pela Telefónica pode abrir um precedente na lei. Os espanhóis já atuam no país com a Vivo. No final de abril, o grupo anunciou um acordo para comprar 23% da Telecom Itália, em parceria com outros sócios. No Brasil, os italianos controlam a TIM, segunda maior operadora móvel do país, com 25,71% de mercado.
A transação está em análise pelos órgãos brasileiros. Para alguns analistas, é possível que a Anatel apresente restrições ao negócio. "Aguardamos com muito interesse o pronunciamento do regulador sobre essa matéria, porque marcará um precedente e mostrará qual é a evolução da regulação no Brasil", disse Granadeiro.
Visita ao Brasil
Nesta quarta-feira (30/5), Granadeiro esteve em Brasília para encontrar-se com o ministro das Comunicações, Hélio Costa, e com o presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Plínio Aguiar. Havia a expectativa de que a PT anunciasse algum acordo, como a compra da Oi, mas o executivo limitou-se a cobrar rapidez do governo no processo de licitação de novas freqüências de 1,9 gigahertz, marcada para junho.
Atualmente, a Vivo opera em 19 dos 26 estados brasileiros. De acordo com o executivo, a participação da companhia no leilão visa à ampliação de suas atividades para todo o país. "O que nos preocupa mais é a cobertura nacional da operadora, para poder concorrer em igualdade de condições com seus principais concorrentes", disse.
Com informações do Diário Econômico.