Microblogs chineses são nova frente na batalha da Internet
Secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton declarou que China se vê em meio ao "dilema dos ditadores"
Da Redação
Publicado em 16 de fevereiro de 2011 às 13h58.
Pequim - Os controles da China sobre a Internet, que voltaram a ser contestados por Washington, podem enfrentar dificuldades ainda maiores causadas pelos 125 milhões de chineses que adotaram os serviços de microblogs para fofocar, reclamar e se mobilizar.
A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, declarou na terça-feira que a China enfrenta o "dilema dos ditadores" quanto à censura da Internet, e corre o risco de ver seu sistema de controle deixado para trás pela velocidade de difusão das opiniões online.
A derrubada dos governantes do Egito e Tunísia por movimentos coordenados via Internet mostrou que os governos não podem escolher que liberdades concederão aos cidadãos e que liberdades restringirão, disse ela.
No ano passado, Pequim e Washington travaram uma disputa verbal quanto à censura sobre a Internet, que terminou por levar o Google a transferir seu serviço de pesquisa em chinês da China continental para Hong Kong.
O mais recente campo de batalha pelo controle da Internet na China dominada pelo Partido Comunista são sites locais semelhantes ao Twitter, cujos usuários disparam mensagens de 140 ou menos ideogramas chineses, ocasionalmente contendo opiniões fortes. O Twitter mesmo está bloqueado na China, assim como o Facebook e outros sites populares no exterior.
Os censores de Pequim estão no controle, por enquanto, e a maioria dos chineses usa os microblogs para acompanhar notícias sobre celebridades. Mas os ativistas são astutos no uso desse recurso.
"As pessoas que têm o potencial de influenciar a opinião pública estão conectadas e em busca de oportunidades, mas também têm consciência aguda das limitações", disse Liu Yawei, diretor do programa chinês do Carter Center, em Atlanta, sobre o uso dos microblogs pelos chineses.
Os sites de microblogs como o popular Sina.com e outros serviços chineses recentemente ampliaram o debate sobre o Egito, muitas vezes utilizando referências oblíquas de maneira a contornar os filtros que tentam bloquear discussões sobre os protestos que as autoridades chinesas não aprovam.