Marido de espanhola infectada por ebola critica descontrole do governo
Mantido em observação por 21 dias deixou o hospital Carlos III de Madri, onde sua esposa ainda se recupera
Da Redação
Publicado em 28 de outubro de 2014 às 06h01.
O marido da técnica em enfermagem espanhola, infectada com o vírus ebola, denunciou nesta segunda-feira os erros e a falta de controle político na gestão do primeiro contágio da doença fora da África e pediu para apurar responsabilidades.
O caso de Teresa Romero, já curada da doença, "é uma história repleta de erros, desacertos e, sobretudo, de falta de controle político", denunciou, durante coletiva de imprensa, em Madri, seu marido, Javier Limón.
Mantido em observação por 21 dias, juntamente com mais quinze pessoas que tiveram contato com sua esposa, Limón e os demais que ainda estavam sob vigilância, deixaram nesta segunda-feira o hospital Carlos III de Madri, onde sua esposa ainda se recupera.
"É chegado um momento novo, um momento de exigir responsabilidades e de limpar a imagem de Teresa. Teresa nunca foi culpada. Só podem apontá-la pelo amor à profissão e por sua entrega aos outros", acrescentou.
Limón voltou a pedir a renúncia da autoridade máxima encarregada da Saúde em Madri, Javier Rodríguez, que chegou a acusar Romero de mentir sobre seu estado e a questionar sua capacidade.
"É uma enorme falta de respeito pessoal e profissional contra uma pessoa que dedicou a vida a ajudar os outros", disse o marido de Teresa.
Ao lado de seu advogado, José María Garzón, Limón se disse disposto a levar Javier Rodríguez à Justiça.
Romero, de 44 anos, foi a primeira pessoa infectada pelo Ebola fora da África e continua internada para se recuperar dos efeitos "colaterais" da doença, sobretudo nos pulmões.
O contágio aconteceu enquanto ela tratou de um missionário espanhol, infectado com a febre hemorrágica, repatriado de Serra Leoa em 22 de setembro e falecido três dias depois.
Por causa da infecção, que desencadeou várias críticas às autoridades de saúde espanholas e o temor de novos casos, quinze pessoas com risco de contágio foram hospitalizadas preventivamente.
O cão do casal, Excalibur, também foi sacrificado contra a vontade de Limón, o que deu origem a um acalorado debate no país e no mundo.
"Ninguém se importou com a relevância de um animal para uma família como a nossa, sem filhos. Excalibur foi executado sem nem mesmo me dar a chance de reclamar", lamentou.