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Máquinas colocam em risco metade dos empregos dos EUA

Ocupações de agentes de crédito até motoristas de táxi e corretores imobiliários deverão ser automatizadas em uma ou duas décadas

Pessoa usando computador: atualmente, os softwares aprendem como tomar decisões detectando padrões naquelas tomadas por humanos (GettyImages)
DR

Da Redação

Publicado em 12 de março de 2014 às 14h42.

São Francisco - Quem precisa de um exército de advogados quando se tem um computador?

Quando o advogado de Minneapolis William Greene precisou vasculhar 1,3 milhão de documentos eletrônicos para um caso recente, ele recorreu a um programa inteligente de computador.

Três colegas associados selecionaram documentos relevantes de uma amostra menor para “ensinar” o raciocínio ao computador. Os algoritmos do software, então, classificaram o material restante por ordem de importância.

“Nós fomos capazes de conseguir a informação que necessitávamos após analisar apenas 2,3 por cento dos documentos”, disse Greene, sócio em Minneapolis do escritório de advocacia Stinson Leonard Street LLP.

A inteligência artificial chegou aos locais de trabalho americanos, desovando ferramentas que replicam julgamentos humanos muito complicados e sutis para transformar em instruções para um computador. Algoritmos que “aprendem” com exemplos passados tiram dos engenheiros a necessidade de escrever cada comando.

Os avanços, juntamente com os robôs móveis conectados com essa inteligência, tornam provável que ocupações que empregam quase metade dos atuais trabalhadores dos EUA, desde agentes de crédito até motoristas de táxi e corretores imobiliários, sejam automatizadas em uma ou duas décadas, segundo um estudo realizado pela Universidade de Oxford, no Reino Unido.

“Essas transições aconteceram antes”, disse Carl Benedikt Frey, coautor do estudo e pesquisador do programa Oxford Martin sobre os impactos da tecnologia do futuro. “O que é diferente desta vez é que essa mudança tecnológica está acontecendo ainda mais rapidamente e pode afetar uma mais ampla variedade de empregos”.


Frey está convencido do alcance mais amplo da tecnologia agora devido aos avanços no processo de aprendizagem das máquinas, um nicho da inteligência artificial que permite aos softwares “aprenderem” como tomar decisões detectando padrões naquelas tomadas por humanos.

702 empregos

A abordagem tem alimentado saltos evolutivos ao tornar realidade os carros autônomos e as pesquisas por voz nos últimos anos. Para estimar o impacto que a tecnologia terá sobre 702 empregos nos EUA, Frey e seu colega Michael Osborne aplicaram seu próprio processo de aprendizagem às máquinas.

Eles começaram buscando descrições detalhadas de 70 desses empregos e os classificaram como possíveis ou impossíveis de serem computadorizados. Frey e Osborne, então, somaram a esses dados um algoritmo que analisou os tipos de emprego adequados para automação e previram probabilidades para as 632 profissões restantes.

Quanto maior a porcentagem, mais cedo computadores e robôs serão capazes de substituir trabalhadores humanos. Ocupações que empregaram cerca de 47 por cento dos americanos em 2010 tiveram um resultado alto o suficiente para serem classificadas na categoria de risco, o que significa que elas poderão ser automatizadas “talvez ao longo de uma década ou duas”, mostraram suas análises, divulgadas em setembro.

“Minha reação inicial foi duvidar se isso realmente estava certo”, disse Frey, que é doutor em economia. “Algumas dessas ocupações, que costumavam ser portos seguros para o trabalho humano, estão desaparecendo uma atrás da outra”.

A chave para automatizar parte delas foi o velho ditado de mostrar como fazer, não explicar -- o treinamento com os advogados mostrou ao software os tipos de documento que eram úteis.


Programas desenvolvidos por empresas como Recommind Inc., que tem sede em São Francisco, então executaram um número maciço de estatísticas para prever em quais arquivos os advogados caros não deveriam gastar tempo lendo.

A equipe de advogados de Greene levou 600 horas para revisar 1,3 milhão de documentos com a ajuda do software da Recommind. Considerando uma velocidade de 100 documentos por hora, a tarefa levaria 13.000 horas se os humanos tivessem que ler todos eles.

Os softwares inteligentes também estão transformando o mundo do trabalho manual ao impulsionar melhorias nos carros autônomos que tornam mais provável que as máquinas possam substituir motoristas de táxi e de caminhões pesados nas próximas duas décadas, segundo o estudo de Frey.

À medida que uma parte maior do mundo se torna digitalizada, e considerando que o custo para armazenar e processar essa informação continua caindo, a inteligência artificial se tornará cada vez mais presente na vida cotidiana, diz Andrew Ng, diretor do Stanford Artificial Intelligence Laboratory, perto de Palo Alto, Califórnia.

“Sempre haverá trabalho para pessoas que podem sintetizar informação, pensar criticamente e ser flexíveis em relação a como agir em diferentes situações”, disse Ng, que também é um dos fundadores da fornecedora de educação on-line Coursera Inc. Contudo, disse ele, “os empregos de ontem não serão os mesmos empregos de amanhã”.

Os trabalhadores provavelmente precisarão encontrar vocações que envolvam tarefas mais complexas do ponto de visto cognitivo, que as máquinas não podem alcançar. Essas profissões tradicionalmente também requerem mais educação, disse Frey. “É uma corrida entre tecnologia e educação”.

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Três colegas associados selecionaram documentos relevantes de uma amostra menor para “ensinar” o raciocínio ao computador. Os algoritmos do software, então, classificaram o material restante por ordem de importância.

“Nós fomos capazes de conseguir a informação que necessitávamos após analisar apenas 2,3 por cento dos documentos”, disse Greene, sócio em Minneapolis do escritório de advocacia Stinson Leonard Street LLP.

A inteligência artificial chegou aos locais de trabalho americanos, desovando ferramentas que replicam julgamentos humanos muito complicados e sutis para transformar em instruções para um computador. Algoritmos que “aprendem” com exemplos passados tiram dos engenheiros a necessidade de escrever cada comando.

Os avanços, juntamente com os robôs móveis conectados com essa inteligência, tornam provável que ocupações que empregam quase metade dos atuais trabalhadores dos EUA, desde agentes de crédito até motoristas de táxi e corretores imobiliários, sejam automatizadas em uma ou duas décadas, segundo um estudo realizado pela Universidade de Oxford, no Reino Unido.

“Essas transições aconteceram antes”, disse Carl Benedikt Frey, coautor do estudo e pesquisador do programa Oxford Martin sobre os impactos da tecnologia do futuro. “O que é diferente desta vez é que essa mudança tecnológica está acontecendo ainda mais rapidamente e pode afetar uma mais ampla variedade de empregos”.


Frey está convencido do alcance mais amplo da tecnologia agora devido aos avanços no processo de aprendizagem das máquinas, um nicho da inteligência artificial que permite aos softwares “aprenderem” como tomar decisões detectando padrões naquelas tomadas por humanos.

702 empregos

A abordagem tem alimentado saltos evolutivos ao tornar realidade os carros autônomos e as pesquisas por voz nos últimos anos. Para estimar o impacto que a tecnologia terá sobre 702 empregos nos EUA, Frey e seu colega Michael Osborne aplicaram seu próprio processo de aprendizagem às máquinas.

Eles começaram buscando descrições detalhadas de 70 desses empregos e os classificaram como possíveis ou impossíveis de serem computadorizados. Frey e Osborne, então, somaram a esses dados um algoritmo que analisou os tipos de emprego adequados para automação e previram probabilidades para as 632 profissões restantes.

Quanto maior a porcentagem, mais cedo computadores e robôs serão capazes de substituir trabalhadores humanos. Ocupações que empregaram cerca de 47 por cento dos americanos em 2010 tiveram um resultado alto o suficiente para serem classificadas na categoria de risco, o que significa que elas poderão ser automatizadas “talvez ao longo de uma década ou duas”, mostraram suas análises, divulgadas em setembro.

“Minha reação inicial foi duvidar se isso realmente estava certo”, disse Frey, que é doutor em economia. “Algumas dessas ocupações, que costumavam ser portos seguros para o trabalho humano, estão desaparecendo uma atrás da outra”.

A chave para automatizar parte delas foi o velho ditado de mostrar como fazer, não explicar -- o treinamento com os advogados mostrou ao software os tipos de documento que eram úteis.


Programas desenvolvidos por empresas como Recommind Inc., que tem sede em São Francisco, então executaram um número maciço de estatísticas para prever em quais arquivos os advogados caros não deveriam gastar tempo lendo.

A equipe de advogados de Greene levou 600 horas para revisar 1,3 milhão de documentos com a ajuda do software da Recommind. Considerando uma velocidade de 100 documentos por hora, a tarefa levaria 13.000 horas se os humanos tivessem que ler todos eles.

Os softwares inteligentes também estão transformando o mundo do trabalho manual ao impulsionar melhorias nos carros autônomos que tornam mais provável que as máquinas possam substituir motoristas de táxi e de caminhões pesados nas próximas duas décadas, segundo o estudo de Frey.

À medida que uma parte maior do mundo se torna digitalizada, e considerando que o custo para armazenar e processar essa informação continua caindo, a inteligência artificial se tornará cada vez mais presente na vida cotidiana, diz Andrew Ng, diretor do Stanford Artificial Intelligence Laboratory, perto de Palo Alto, Califórnia.

“Sempre haverá trabalho para pessoas que podem sintetizar informação, pensar criticamente e ser flexíveis em relação a como agir em diferentes situações”, disse Ng, que também é um dos fundadores da fornecedora de educação on-line Coursera Inc. Contudo, disse ele, “os empregos de ontem não serão os mesmos empregos de amanhã”.

Os trabalhadores provavelmente precisarão encontrar vocações que envolvam tarefas mais complexas do ponto de visto cognitivo, que as máquinas não podem alcançar. Essas profissões tradicionalmente também requerem mais educação, disse Frey. “É uma corrida entre tecnologia e educação”.

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