Malware misterioso usado para espionar governos e indústrias pode estar ligado à NSA
Ainda não é possível cravar que norte-americanos foram responsáveis pelo desenvolvimento, mas grau de complexidade e evidências da Kaspersky reforçam suspeitas
Da Redação
Publicado em 27 de janeiro de 2015 às 10h37.
Descoberta no final do ano passado pela Symantec, uma misteriosa ameaça chamada de Regin pode realmente estar ligada à NSA . Especialistas da Kaspersky chegaram à conclusão após compararem o vírus à parte do código-fonte de um malware da agência norte-americana, o Qwerty, divulgado na última semana pelo jornal alemão Spiegel.
O software malicioso foi usado entre 2008 e 2014 em campanhas de ciberespionagem e ciberataques, que tinham como alvos governos e empresas de telecomunicações, entre outras companhias. Ainda não dá para cravar quem foram os responsáveis pelo desenvolvimento da ferramenta, mas o grau de complexidade da estrutura já apontava mesmo para algum órgão nacional.
Estados Unidos e China já estavam, em novembro, entre os principais suspeitos, e a conclusão tirada pela empresa russa de segurança coloca agora os norte-americanos em vantagem.
O código-fonte do malware Qwerty divulgado pelo Spiegel ocupava onze páginas e foi vazado, junto de outros documentos, por Edward Snowden. A ferramenta é, na verdade, um keylogger tipo de programa capaz de detectar entradas no teclado que parece fazer parte do pacote Regin, segundo a análise da Kaserpsky.
A maior parte dos componentes do Qwerty usa plugins do mesmo pacote, e há um pedaço do código que se refere a extensões da plataforma Regin, diz o texto no blog da empresa de segurança. Uma parte em especial do código é usada tanto no módulo 20123 do Qwerty quanto no 50251 do Regin, e faz referência ao plugin 50225, encontrado no sistema de arquivos virtual da plataforma.
Então, conforme conclui o estudo da Kaspersky, essas semelhanças entre os códigos são provas concretas de que o plugin Qwerty pode operar apenas como parte da plataforma Regin e é, de fato, um módulo do pacote como um todo. Além disso, segundo o Spiegel, essa caixa de ferramentas ainda pode ser usada por diferentes órgãos de diferentes países.
Por estar diretamente relacionada ao desenvolvimento do keylogger, a NSA e seus aliados do Canadá, do Reino Unido, da Nova Zelândia e da Austrália se torna, na visão da publicação alemã, a principal suspeita de ser a responsável pela plataforma de ciberespionagem. Mas ainda há descobertas por vir segundo a reportagem, a própria Kaspersky já encontrou rastros do Regin em computadores pertencentes a 27 multinacionais, governos e pessoas.