Avaliação Airton Lopes / O botão central com um sensor biométrico que reconhece as impressões digitais do dono para desbloquear seu uso, substituindo a senha de quatro algarismos. Esse recurso batizado de TouchID é a grande diferença tecnológica do iPhone 5S, nova versão do smartphone da Apple. Deve chegar ao Brasil em dezembro (sem confirmação oficial até o fechamento desta edição).

Por enquanto, além de desbloquear o aparelho, a leitura do dedo substituirá também a senha alfanumérica do usuário nas lojas digitais da Apple, como App Store e iTunes. E só. Vai levar algum tempo para que você possa fazer uma transação bancária ou uma compra num site de e-commerce usando sua impressão digital como senha.

A Apple se apressou em esclarecer uma preocupação que se espalhou pelas redes sociais: e se um ladrão cortar fora o dedão da vítima para poder usar o aparelho roubado? Segundo a empresa, os sensores do TouchID captam sinais de vida transmitidos pelo dedo. Um dedo amputado, morto, não irá destravar o celular.

O TouchID era bola cantada desde que a Apple comprou a empresa de biometria AuthenTec em 2012 por US$ 350 milhões. E a concorrência já está se preparando. Thomas Marschall, da empresa Precise Biometrics, admitiu ao The Wall Street Journal que houve procura de seus serviços por outros fabricantes de celular. Aguarde para um futuro próximo Androids ou Windows Phone com leitura de dedos.

Avaliação Lucas Agrela / Mais uma vez, a Apple lançou um smartphone evolucionário que não contém nada revolucionário. No entanto, as inovações do iPhone 5S em relação à sua geração anterior são respeitáveis. O destaque fica por conta do processador A7 Cyclone de 64 bits, que tem um desempenho que chega a pouco mais do que o dobro do obtido no iPhone 5, que conta com o A6.

Além disso, esse é o primeiro iPhone a contar com o desbloqueio por reconhecimento de impressão digital (um recurso que já estava presente no Motorola Atrix).

Mas esse sensor, chamado Touch ID, conta com tecnologia capacitiva e, portanto, oferece uma grande velocidade de uso. Basta tocar para ocorrer o desbloqueio.

Quanto ao design, a Apple parece adotar um ciclo mais claro de inovação que acontece a cada duas gerações. Isso tem tanto pontos negativos quanto positivos. É ruim para quem espera que seja possível reconhecer o seu novo aparelho à distância ou quem deseja um visual cada vez mais moderno. Mas é algo bom para usuários e lojistas, já que os acessórios no iPhone 5 também podem ser usados no iPhone 5S.

Uma das inovações mais atrasadas da Apple finalmente chegou ao mercado. O flash e o sensor da câmera agora oferecem imagens muito mais nítidas quando capturadas em ambientes escuros. Era um tanto frustrante ter um aparelho, chamado pela empresa de topo de linha, que não oferecia uma qualidade de fotografia à altura do preço do smartphone.

Entretanto, o aparelho também tem seus problemas. Foram encontradas falhas que levam à “tela azul da morte”, no aplicativo iWorks, que ainda não foi corrigida.

Hardware

Grande parte dos pontos que o aparelho ganha neste review estão no hardware. O processador de 64 bits, chamado A 7 Cyclone, é o primeiro da história dos smartphones. Isso garante ao iPhone 5S um desempenho muito superior ao da sua geração anterior.

O processador system on a chip A7 (28 nm de litografia, fabricado pela Samsung) é demasiadamente interessante por implementar pela primeira vez a arquitetura ARMv8. A arquitetura é retro compatível com 32 bits, mas ela implementa instruções de 64 bits. Além de ter instruções maiores (que reflete em menor tempo de execução) ela implementa recursos novos, como por exemplo funções criptográficas de 32 bits. 

Na prática, esta inovação faz o sistema ficar extremamente fluído. Ao abrir inúmeras aplicações (mais de 10) houve pouquíssima degradação de velocidade. Além de notar que a transição entre eles é muito rápida. É claro que houve também modificação no OS para aplicações multitarefa. 

O efeito colateral, temporário, é que algumas aplicações otimizadas para 32 bits podem causar panes no sistema todo. Como foi o que aconteceu com o Pages. 

O desempenho também é justificado pela GPU. Segundo análise do Anandtech, a GPU é uma PowerVR G6430 em um arranjo que a torna escalar (como na arquitetura das placas da AMD e Nvidia). Na prática isto significou um aumento de mais do que o dobro em desempenho em relação a versão anterior. Com este arranjo é possível suportar altas resoluções (e, portanto, esse é o mesmo processador usado no iPad Air). 

Com isso, o smartphone obteve 13.807 pontos no aplicativo de benchmarch 3D Mark, enquanto o iPhone 5 atingu apenas 5.520 pontos. Para efeito de comparação, os aparelhos Sony Z1 e Xperia Z Ultra vencem o iPhone 5S, com ambos atingindo mais de 17 mil pontos.

Rodamos o jogo Real Racing 3 e alguns engines e o desempenho é muito fluído, além de carregar rápido. No benchmark ele atingiu o patamar dos smartphones avançados de ponta (apesar de ter ficado atrás do Note 3, Z1 e Z Ultra, esse ainda é um excelente resultado).  

Já o Coprocessador M7 foi criado pela Apple para desonerar o processador principal, o A7. Ele é responsável por processar informações vindas dos sensores: acelerômetro, giroscópio e bússola. Na prática, como ele é dedicado, a velocidade de resposta é maior. A Apple aproveitou e criou uma API nova para desenvolvedores, chamada Core Motion API. Ela fornece instruções para aplicações de esporte. 

O INFOlab testou duas aplicações gratuitas que fazem uso deste coprocessador, o aplicativo Strava Run  e o Pedometer. O primeiro parece ser mais completo. Ele detecta quando você está se movimentando e mesmo movimentos pequenos do aparelho não são entendidos pelo software como um movimento de exercício do usuário. 

A contagem de passos pareceu bem razoável (talvez melhor que o contador de passos do iPhone 5), mas ainda longe de ser exatamente precisa. Andando pouco mais de 100 metros, representou no aplicativo meio quilômetro.

Vídeo

http://videos.abril.com.br/info/id/3cc0be4c36f31f319d588a7b96366461

Design

Em termos de dimensões e tamanho da tela, o iPhone 5S não mudou em relação a sua antiga geração. O aparelho mantém as 4 polegadas de display. As inovações estão nas cores. Nas edições branca e dourada, a parte frontal do aparelho é branca. Já na versão preta, somente a frente é, de fato, preta, a traseira tem uma tonalidade prateada.

O Touch ID e o aro frontal também refletem as cores dos aparelhos brancos e dourados.
O pacote de aplicativos de produtividade da Apple, o iWorks, é gratuito para quem comprar o novo produto.

Tela

Com o mesmo tamanho de 4 polegadas, com resolução de  1136 por 640 (326 ppi), a tela é pequena se compara ao padrão adotado pelas concorrentes em aparelhos topo de linha. Por exemplo, o Samsung Galaxy S4 tem 5 polegadas, o HTC One tem 4,7 polegadas e o Sony Xperia Ultra Z tem 5 polegadas.

Apesar dessa dimensão de tela oferecer uma ergonomia um pouco melhor, quem já está acostumado com displays maiores pode perceber a display como um ponto negativo do aparelho.

Touch ID

Uma das principais inovações da Apple é o sensor biométrico. Por impressão digital entenda que ele reconhece a rugosidade da ponta do dedo. Por conta disso, o chamado Touch ID pode ser usado não apenas para registrar os seus dedos, mas até mesmo mamilos humanos e patas de gatos, por exemplo.

Cadastrar uma impressão digital é fácil. Há um roteiro passo a passo na configuração. Basta definir uma senha numérica e pressionar o dedo sobre o sensor algumas vezes em posições diferentes. Para facilitar o uso você pode cadastrar mais de um dedo (aconselhável usar o polegar e o indicador). Você pode cadastrar até a impressão digital dos seus familiares.

O Touch ID é muito mais rápido do que os tradicionais sensores biométricos de notebooks. Isto porque o sensor biométrico tradicional requer que você deslize o dedo sobre o sensor para que ele registre a imagem. Com a tecnologia capacitiva do iPhone 5S, basta um toque.

Bateria

A Apple informa que a bateria do iPhone 5S tem autonomia de 10 horas com o 3G ativo, 250 horas em standy, dez horas de uso de internet (3G, 4G ou Wi-Fi) e 10 horas de reprodução de vídeos.
Entretanto, simulando um uso médio de reprodução de vídeos com conexão 3G ativa, o INFOlab só conseguiu 6h21 de autonomia do aparelho, ou seja, mesmo com todas as novidades apresentadas pela Apple no novo produto, a empresa ainda peca na bateria.

Câmera

A câmera tem um sensor com cerca de 15% de área a mais do que o sensor do iPhone 5 (foi de 1 / 3,2 polegadas para 1 / 3,0 polegadas). Com uma abertura maior (f/2.2) e portando maior fluxo de luz e maior área para captar, sem aumentar a resolução, é natural que a qualidade de imagem melhore, especialmente em situações de pouca luz ou de contraste. Ou seja, agora as fotos feitas com o aparelho saem muito menos esbranquiçadas quando sua principal fonte de luz é o flash.

O tamanho do pixel agora é de 1.5 microns, ainda abaixo dos 2 microns do HTC One, mas um excelente equilíbrio entre densidade e resolução. O sensor é retroiluminado como no aparelho anterior, o que aumenta ainda mais a sensibilidade dos pixels.

Há uma opção interessante de tirar foto aplicando HDR e obter duas imagens, a sem efeito e a com o efeito. 

Um novo recurso muito interessante é o modo disparo contínuo, que é ativado ao segurar o botão de captura. A câmera captura imagens em uma velocidade extrenamente alta. Com o cronômetro, medimos um valor próximo de 10 FPS. Pudemos efetuar 999 disparos sem que o telefone atrasasse um só instante. As fotos tiradas nesse modo são automaticamente agrupadas no câmera roll.

Quanto à qualidade, a melhoria nas especificações se traduziu em uma melhora óbvia na prática. Mesmo em um dia nublado, o iPhone consegue manter um nível admirável de detalhes, frequentemente mais do que câmeras compactas que caíram na armadilha da resolução exagerada. A reprodução de cor é, em geral, bem detalhada, exibindo gradações sutis. No entanto, quando a gama dinâmica da cena é um pouco mais ampla e a luz é difusa (como em um dia nublado), ele tende a exibir uma sombra esbranquiçada sobre a imagem, o que esfria as cores em geral. 

Há também um LED flash duplo, um na cor âmbar e outro azul, para auxiliar no ajuste de balanço de branco em fotos com pouca iluminação. A câmera do iPhone pisca essas duas luzes antes do disparo para avaliar a iluminação da cena e depois utiliza a melhor combinação de ambas durante o disparo de fato. Essa é a primeira câmera do mundo a fazer algo parecido. Claro que o efeito prático não é grande por causa da potência limitada das luzes.

Além disso, agora há gravação de vídeos com 120 quadros por segundo (fps). O vídeo inicia com 60 fps e em poucos milésimos de segundo vai acelerando até 120 fps. O mesmo efeito aparece no final do vídeo. Depois que a gravação é feita, o usuário pode escolher que trechos do vídeo usarão os 120 frames, mas também há a possibilidade de deixar o vídeo todo em câmera lenta. 

O resultado é muito bacana. Principalmente em movimentos naturais (sem a pretensão de fazer um movimento planejado). 

A conclusão em relação à câmera é que ela é a melhor e mais versátil do mundo dos smartphones, claro, deixando de lado aparelhos especializados para fotografias, como é o caso do Nokia Lumia 808 (que conta com resolução de 41 MP) e do Galaxy S4 Zoom (16 MP).

Ficha técnica

Processador	Apple A7 Cyclone de 1,3 GHz dual core
Coporcessador	M7
Conexão	4G
Sistema	iOS 7
Memória RAM	1 GB
Armazenamento	16 GB, 32 GB ou 64 GB (sem microSD)
Bateria	6h21
Tela	4 polegadas
Câmera	8 MP e 1,2 MP

Avaliação técnica

Prós	Ótimo processador, desbloqueio com impressão digital e 4G
Contras	Baixa autonomia de bateria
Conclusão	Um dos melhores smartphones do mercado; melhor iPhone já feito
Configuração:	9,3
Usabilidade:	9,0
Diversão:	9,2
Bateria:	7,5
Design:	9,4
Média	8.9
Preço	R$ 2.799