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Inimiga do 007, Le Chiffre reforça segurança da França

Agência francesa ANSSI, cujo antigo nome fez parte de "Casino Royale”, se tornou a linha de frente na batalha pela segurança cibernética do país

Le Chiffre, vilão de 007 no filme "Casino Royale": velho apelido da Agência Nacional de Segurança dos Sistemas de Informação da França (Reprodução/YouTube)
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Da Redação

Publicado em 6 de outubro de 2014 às 16h35.

Paris - A Bretanha, no noroeste da França , é mais conhecida por seus crepes e sua sidra. Neste fim de semana, a região se tornou também o local do maior ciberataque da história francesa.

O ataque - uma simulação estatal orquestrada na principal academia militar do país, em Coëtquidan, para testar os esforços de suportar um evento como esse - também foi criado para exibir a capacidade de adaptação e a agilidade da segurança nacional francesa.

Os detalhes da ofensiva e seu bloqueio serão apresentados hoje pelo ministro da Defesa, Jean-Yves Le Drian, que também inaugurará uma instalação de segurança cibernética na região.

Quinze meses depois de Edward Snowden mostrar que a Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA, na sigla em inglês) conseguiu, de forma bem-sucedida, espionar as comunicações internacionais, incluindo a de líderes de países aliados, o exercício na Bretanha fez parte dos esforços para reforçar a segurança digital e garantir que as empresas locais colham as recompensas da demanda por mais proteção cibernética.

A França está fazendo cumprir uma nova lei de segurança cibernética que visa a defender empresas vitais.

“Chame isso de síndrome de Snowden”, disse Erwan Keraudy, fundador da CybelAngel, uma startup com sede em Paris que produz software para monitorar haqueamentos e vazamento de informações.

“As empresas francesas agora estão pensando duas vezes antes de comprar tecnologia americana ou chinesa. Há uma conscientização crescente e a nova lei está fornecendo um roteiro para reforçar a segurança cibernética”.

Com a nova lei o governo exigirá que as 200 entidades mais vitais para a economia do país, como a fornecedora de eletricidade Électricité de France, a operadora de telecomunicações Orange e a rede de supermercados Carrefour, ampliem sua segurança usando tecnologia desenvolvida no país e especialistas nacionais ou poderão ser multadas.

Em essência, o país está reforçando “Le Chiffre”, o velho apelido da Agência Nacional de Segurança dos Sistemas de Informação da França - ANSSI, na sigla em francês.

‘Casino Royale’

A agência, cujo antigo nome era famoso nos círculos mundiais de inteligência e que fez parte do romance “Casino Royale”, com o espião James Bond, de Ian Fleming, se tornou a linha de frente da batalha pela segurança cibernética do país e está colocando as empresas locais no centro de seu impulso.

“A indústria do nosso país está sendo saqueada”, disse Guillaume Poupard, diretor da ANSSI, em entrevista. “Isso precisa parar”.

Houve em média 5.000 ciberataques a empresas francesas nos últimos 12 meses, segundo um estudo da empresa de consultoria PwC, que consultou 438 firmas. O custo médio dos ataques por companhia foi de US$ 2,9 milhões, mostrou o estudo.

Ao mesmo tempo em que a França busca cortar gastos públicos, o orçamento da ANSSI cresceu e a agência planeja contratar 100 pessoas neste ano.

Os orçamentos da França mostram os planos do governo de investir 1 bilhão de euros nos próximos cinco anos em assuntos relacionados à segurança cibernética.

As novas regras incluem multas de até 750.000 euros para empresas que não forem aprovadas nas auditorias de segurança do governo e demandam que as firmas francesas reconsiderem suas escolhas tecnológicas para se concentrarem em produtos certificados -- e em grande parte “made in France”.

O negócio de proteção cibernética apenas para as 200 entidades consideradas vitais, incluindo o órgão regulador da energia nuclear CEA, somará 1 bilhão de euros ao longo dos próximos cinco anos, segundo Marc Darmon, diretor da unidade de comunicação e sistemas de informação da empresa de eletrônicos de defesa Thales.

Darmon, que assumiu o comando do conselho do setor, o CICS, projeta um crescimento forte do mercado de proteção cibernética nos próximos anos.

“Ter segurança cibernética é como ter seguro automotivo”, disse ele em uma entrevista. “Manter suas redes protegidas não é caro considerando que o custo dos ciberataques pode ser enorme”.

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Paris - A Bretanha, no noroeste da França , é mais conhecida por seus crepes e sua sidra. Neste fim de semana, a região se tornou também o local do maior ciberataque da história francesa.

O ataque - uma simulação estatal orquestrada na principal academia militar do país, em Coëtquidan, para testar os esforços de suportar um evento como esse - também foi criado para exibir a capacidade de adaptação e a agilidade da segurança nacional francesa.

Os detalhes da ofensiva e seu bloqueio serão apresentados hoje pelo ministro da Defesa, Jean-Yves Le Drian, que também inaugurará uma instalação de segurança cibernética na região.

Quinze meses depois de Edward Snowden mostrar que a Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA, na sigla em inglês) conseguiu, de forma bem-sucedida, espionar as comunicações internacionais, incluindo a de líderes de países aliados, o exercício na Bretanha fez parte dos esforços para reforçar a segurança digital e garantir que as empresas locais colham as recompensas da demanda por mais proteção cibernética.

A França está fazendo cumprir uma nova lei de segurança cibernética que visa a defender empresas vitais.

“Chame isso de síndrome de Snowden”, disse Erwan Keraudy, fundador da CybelAngel, uma startup com sede em Paris que produz software para monitorar haqueamentos e vazamento de informações.

“As empresas francesas agora estão pensando duas vezes antes de comprar tecnologia americana ou chinesa. Há uma conscientização crescente e a nova lei está fornecendo um roteiro para reforçar a segurança cibernética”.

Com a nova lei o governo exigirá que as 200 entidades mais vitais para a economia do país, como a fornecedora de eletricidade Électricité de France, a operadora de telecomunicações Orange e a rede de supermercados Carrefour, ampliem sua segurança usando tecnologia desenvolvida no país e especialistas nacionais ou poderão ser multadas.

Em essência, o país está reforçando “Le Chiffre”, o velho apelido da Agência Nacional de Segurança dos Sistemas de Informação da França - ANSSI, na sigla em francês.

‘Casino Royale’

A agência, cujo antigo nome era famoso nos círculos mundiais de inteligência e que fez parte do romance “Casino Royale”, com o espião James Bond, de Ian Fleming, se tornou a linha de frente da batalha pela segurança cibernética do país e está colocando as empresas locais no centro de seu impulso.

“A indústria do nosso país está sendo saqueada”, disse Guillaume Poupard, diretor da ANSSI, em entrevista. “Isso precisa parar”.

Houve em média 5.000 ciberataques a empresas francesas nos últimos 12 meses, segundo um estudo da empresa de consultoria PwC, que consultou 438 firmas. O custo médio dos ataques por companhia foi de US$ 2,9 milhões, mostrou o estudo.

Ao mesmo tempo em que a França busca cortar gastos públicos, o orçamento da ANSSI cresceu e a agência planeja contratar 100 pessoas neste ano.

Os orçamentos da França mostram os planos do governo de investir 1 bilhão de euros nos próximos cinco anos em assuntos relacionados à segurança cibernética.

As novas regras incluem multas de até 750.000 euros para empresas que não forem aprovadas nas auditorias de segurança do governo e demandam que as firmas francesas reconsiderem suas escolhas tecnológicas para se concentrarem em produtos certificados -- e em grande parte “made in France”.

O negócio de proteção cibernética apenas para as 200 entidades consideradas vitais, incluindo o órgão regulador da energia nuclear CEA, somará 1 bilhão de euros ao longo dos próximos cinco anos, segundo Marc Darmon, diretor da unidade de comunicação e sistemas de informação da empresa de eletrônicos de defesa Thales.

Darmon, que assumiu o comando do conselho do setor, o CICS, projeta um crescimento forte do mercado de proteção cibernética nos próximos anos.

“Ter segurança cibernética é como ter seguro automotivo”, disse ele em uma entrevista. “Manter suas redes protegidas não é caro considerando que o custo dos ciberataques pode ser enorme”.

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