Protesto (AFP)
Da Redação
Publicado em 3 de setembro de 2013 às 13h26.
Quito - Indígenas amazônicos, que processaram a petroleira americana Chevron por contaminação ambiental, pediram nesta quarta-feira ao governo do Equador para desistir da decisão de extrair petróleo da reserva do Yasuní, nesta região.
Em um comunicado de imprensa, a organização que reúne 30.000 afetados por danos ambientais na Amazônia pediu ao presidente Rafael Correa que revisasse a decisão de explorar petróleo no Yasuní, reserva mundial da biosfera com um milhão de hectares.
"As ações extrativistas na região significam afetar um dos nossos paraísos naturais e os últimos seres humanos livres que, por anos, viveram neste local", afirmou o coletivo, em alusão aos indígenas que vivem em isolamento voluntário.
Em resposta à promessa de Correa de afetar apenas uma pequena parte do Yasuní, enfatizou que "não existe tecnologia alguma que evite danos ambientais". Os indígenas amazônicos travam uma dura batalha legal contra a Chevron para conseguir com que a empresa cumpra uma sentença que a condenou a pagar US$ 19 bilhões de dólares por danos ambientais.
Na noite de terça-feira, o presidente Rafael Correa, declarou em entrevista transmitida pela televisão equatoriana que a petroleira americana causou na Amazônia equatoriana um dano ambiental muito pior do que o provocado pelos vazamentos da britânica British Petroleum (BP) no Golfo do México e do petroleiro Exxon Valdez no Alasca.
"O que podemos dizer ao mundo é que a Chevron contaminou, destroçou a selva amazônica", disse o presidente. A Chevron nunca operou diretamente no Equador, mas herdou o litígio ao assumir o controle da Texaco, em 2001.
Esta última empresa extraiu petróleo no país entre 1964 e 1990 e, após sua saída, foi acusada por indígenas de contaminar a selva amazônica, um processo no qual a Chevron foi condenada, em 2012. Por outro lado, a Confederação de Nacionalidades Indígenas da Amazônia Equatoriana (Confenaie) acusou esta quarta-feira o governo de atentar "contra os direitos fundamentais" destas comunidades.
"Nunca o governo esteve realmente comprometido com a preservação da natureza, além da campanha publicitária e midiática perante o mundo para mostrar o contrário", afirmou a organização.
Em 15 de agosto, Correa anunciou sua decisão de permitir a exploração petroleira em uma região do parque, após o fracasso de seu plano para evitar a extração em troca de um milionário aporte internacional. Após o anúncio, vários movimentos sociais e setores da oposição pediram para submeter à consulta popular os planos do governo.