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Incerteza provocada pelas eleições derruba venda de smartphones

Cenário de crise e eleições presidenciais alteram comportamento dos consumidores

. (ViewApart/Thinkstock)
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Ariane Alves

Publicado em 27 de novembro de 2018 às 10h54.

São Paulo - A venda de smartphones em 2018 na América Latina diminuiu mais de 7% em relação ao ano passado, segundo relatório da consultoria de mercado Counterpoint. O motivo é a incerteza econômica que atinge quatro dos seis países analisados, incluindo Brasil, Colômbia e México, que passaram por eleições presidenciais no período analisado.

A retração do consumo se dá principalmente pela tendência ao parcelamento das compras observada no mercado latino-americano. “O custo de comprar um novo smartphone é um investimento importante para muitos consumidores e, na maioria dos casos, eles pagam por seus dispositivos em 18 ou 24 prestações mensais. Há, portanto, um forte desejo de fazer o smartphone durar mais do que o período de pagamento da parcela”, explica Tina Lu, analista sênior da Counterpoint, em comunicado.

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Lu destaca que uma consequência desse cenário é o crescimento dos serviços de manutenção oferecidos pelas empresas. “Essa mudança de comportamento do usuário também trouxe um novo nível de importância para os serviços pós-venda. Isso traz benefícios adicionais ao direcionar mais negócios para empresas que fornecem serviço pós-venda e smartphones remanufaturados.”

Huawei cresce, mas Samsung segue líder

Apesar da queda no consumo, atribuída ao cenário de instabilidade, as marcas chinesas seguem registrando crescimento na região. A principal delas é a Huawei, que ocupa o terceiro lugar em vendas na região e tem o México como principal mercado. “A Huawei está ganhando uma preferência de marca, pois sua reputação em oferecer produtos de excelente qualidade aumenta”, analisa Parv Sharma, pesquisador associado da Counterpoint. O crescimento da chinesa foi de 9% em 2017 a 13,2% no mesmo período de 2018.

A Samsung teve queda de quase 1% nas vendas, mas segue liderando o mercado da região, com 36,6% de participação. O declínio foi registrado principalmente no Brasil, Chile e Argentina. Esta última, que enfrenta uma grave crise econômica, retraiu em mais de 40% o consumo de smartphones em relação a 2017.

Confira a variação na tabela a seguir:

Venda de Smartphones na América Latina 2017 2018
Samsung37.40%36.60%
Motorola14.80%14.90%
Huawei9.00%13.20%
LG8.70%5.70%
Apple3.60%3.70%
Outros26.50%25.90%

Fonte: Counterpoint

Marcas adaptam suas estratégias

De olho no cenário, as principais fabricantes de smartphones têm repensado suas ações no mercado latino-americano. A Motorola conseguiu se manter estável, apesar da decisão de diminuir gradualmente o volume dos modelos líderes de venda na série C, em face da forte concorrência com as marcas chinesas. Apenas na Colômbia, a Motorola conseguiu um crescimento de 50% ao aumentar a participação junto às operadoras locais.

Em quarto lugar, a coreana LG foi a que mais sentiu o impacto da retração, apresentando queda de 3% no período. As marcas regionais, como as brasileiras Multilaser e Positivo, cresceram 1% após entrar no canal de distribuição da maioria das operadoras da região.

Segundo o relatório, espera-se que a venda de smartphones da América Latina volte a crescer em 2019, já que muitos dos eventos que causaram a desaceleração terão se estabilizado.

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