ICANN vê privatização a curto prazo da administração da web
O chefe do grupo que supervisiona os enderenços da internet pelo mundo está confiante de que a rede seria privatizada e ficaria fora do controle dos EUA
Da Redação
Publicado em 15 de maio de 2015 às 00h01.
San Francisco - O chefe do grupo sem fins lucrativos que supervisiona os endereços da Internet em todo o mundo - ICANN - expressou confiança nesta quinta-feira de que a rede de redes seria privatizada e permaneceria fora do controle oficial dos Estados Unidos ainda este ano.
Os comentários de Fadi Chehade vêm apesar das críticas no Congresso dos Estados Unidos, onde alguns parlamentares têm resistido ao plano para acabar com o papel-chave de Washington na gestão da Corporação da Internet para Atribuição de Nomes e Números (ICANN, em inglês).
Chehade afirmou que todos os componentes necessários para um novo regime de gestão são considerados e haverá "grandes garantias de legitimação" de vários países nas próximas semanas.
"Agora, cabe à comunidade envolvê-los, colocá-los em uma bela caixa com um laço e enviá-los para Washington", disse Chehade, sobre as partes de um plano para substituir o acordo entre a ICANN e o Departamento de Comércio norte-americano.
Os comentários foram feitos um ano depois que Washington afirmou estar avaliando terminar sua missão de controle técnico para o sistema de domínios da Internet, com a condição de que siga sem o controle direto de governos ou organizações intergovernamentais, como as Nações Unidas.
O plano dos Estados Unidos visa entregar essa função ao que Chehade chama de "comunidade global de múltiplas partes interessadas". Chehade garantiu que um número crescente de países, incluindo China e Brasil, manifestaram apoio a este novo sistema.
"Quando começamos ouvimos coisas como 'a ONU ficaria responsável, ou a China pensa em fragmentar a Internet'. Todo mundo estava ameaçado e usando o modo de defesa", disse. "Agora que a China tem vindo a mesa, e o Brasil fez o mesmo, governo após governo estão mostrando seu apoio", apontou.
Chehade argumenta que 150 países apoiam a mudança de monitoramento da ICANN para longe dos Estados Unidos e fique a cargo de um representante mundial de governos, sociedade civil e grupos empresariais.
O ICANN é responsável pela atribuição de nomes de domínio da internet e códigos de números que estão por trás dos endereços online. Sem fins lucrativos e com sede na Califórnia, foi supervisionado pelo governo dos Estados Unidos desde sua criação em 1998, ao abrigo de um contrato que expira em 30 de setembro.
"Sinto que a proposta nos levará a uma organização global, independente, neutra e bem governada", afirmou Chehade.
São Paulo - Reunir 20 coisas que a internet está ajudando a enterrar de vez parecer ser uma tarefa fácil. Mas não é. É difícil saber o que não irá resistir a a internet e as transformações que ela provoca. Entretanto, nos arriscamos aqui a elencar algumas coisas que, se não desaparecerem, vão ter que se reinventar para continuarem existindo.
Hoje em dia, só se envia cartas em situações raríssimas. Após séculos, esta forma de comunicação foi substituída por WhatsApp, e-mails e outras formas de comunicação, que usam a internet para chegarem a seus destinatários.
Os CDs têm sido uma das maiores vítimas da internet, que permitiu novas formas de acesso à música - como o download e o streaming. Hoje, as gravadoras estão brigando com o YouTube e comprar um CD se tornou algo cada vez mais raro.
Quem ainda usa enciclopédias de papel com frequência? Importante fonte de referência no passado, elas foram substituídas por sites como Google e Wikepedia na corrida pelo conhecimento. Alguns casos são emblemáticos - como a Britânica, que, em 2012, deixou de ser impressa após 244 anos de existência.
Uma das coisas que a internet vem matando são as intermináveis discussões de mesa de bar. Perguntas como "A Lady Gaga é homem?" e "Como curar um coração partido?" dariam pano para manga em outros tempos - mas hoje estão entre as mais procuradas no Google.
O espanhol Mario Costeja acionou o Google no Tribunal de Justiça da União Europeia. O motivo: a empresa estaria interferindo no seu direito ao esquecimento. Na era da internet, o esquecimento está mesmo se tornando um recurso cada vez mais escasso.
De acordo com o Urban Dictionary, Dr. Google é o termo usado para qualificar uma "pessoa que usa o Google para diagnosticar sintomas de doença". Como se vê, o mistério em torno do conhecimento dos médicos pode estar sendo ameaçado pela praticidade oferecida pela internet.
Aconteceu em março em Rio Claro (SP). A Justiça determinou que a prefeitura local pagasse a dois empregados uma indenização por danos morais. O motivo foi a violação de mensagens eletrônicas trocadas entre eles em horário de trabalho. Este é apenas um exemplo dos problemas envolvendo privacidade e internet, cada vez mais comuns.
Ir de loja em loja comparando os preços de um produto é hoje um trabalho desnecessário. Tudo isso graças à internet, que por meio de sites como Buscapé, fez com que esta tarefa se tornasse bem mais fácil.
Ao mesmo tempo em que destrói o esquecimento, a internet também está acabando com a memória. Um estudo realizado nos EUA apontou que o acesso fácil à informação reduziu nossa capacidade de armazenar dados. "Quando se deparam com questões difíceis, as pessoas tendem a pensar em computadores", afirma o artigo.
No passado, alugar um filme numa locadora era quase um ritual. Havia até atendentes especializados, que indicavam a melhor opção de acordo com o gosto do cliente. Hoje em dia, isso é cada vez mais raro. Em serviços como YouTube e Netflix, filmografias inteiras estão disponíveis para quem quiser assistir. E não faltam sites para repletos de referências na internet.
Num futuro próximo, ninguém mais saberá o que foi um fax. Revolucionário em seu tempo, o aparelho permitia que uma cópia idêntica de determinada mensagem fosse produzida por outro aparelho do mesmo tipo a quilômetros de distância. Hoje em dia, uma foto de um documento enviada via internet produz o mesmo resultado.
Assim como alugar filmes já foi uma aventura, comprar games também não era muito diferente. Na década de 1990, vários jovens ainda juntavam moedinhas para comprar o cartucho que permitiria bons momentos de diversão. Com a popularização da internet e o surgimento de serviços como Xbox Live, isso se tornou coisa do passado.
Calhamaços de páginas amareladas nas quais constavam todos os telefones da cidade. Assim eram as listas telefônicas, que por muito tempo ajudaram as pessoas a saber o número exato para entrar em contato com alguém. Com a internet, isso perdeu completamente o sentido - já que sempre é possível dar uma "googlada" para descobrir qualquer telefone.
Recém-chegado ao Brasil, o Spotify é mais um serviço online que oferece ao usuário a possibilidade de ouvir música. Até pouco tempo, esse era o papel das rádios - que devem continuar existindo, mas vêm perdendo espaço e importância. Em 2012, um levantamento feito na Inglaterra mostrou que 30% da audiência das rádios no país vinham da internet.
Dentro de um ano e meio, o Ministério do Trabalho e Emprego pretende lançar o eSocial. O site funcionará como uma folha de pagamento digital e mostra que a internet (mesmo que muito lentamente...) pode estar ajudando a matar a burocracia no Brasil.
Cem pessoas participaram de um estudo realizado na Inglaterra em 2010, que apontou que a internet pode estar reduzindo a capacidade de concentração das novas gerações. Por serem mais dispersos, os mais jovens deram respostas menos consistentes a uma série de perguntas propostas pelos cientistas, as quais poderiam ser respondidas após consultas à internet.
Desde que se popularizou, a internet cria e devora empresas que atuam nela mesma. Quem aí se lembra de GeoCities, Tiscali e outras vítimas da bolha da internet, que explodiu no ano 2000? Há quem diga que estamos passando agora por um fenômeno parecido, com empresas como LinkedIn e Facebook vendendo ações na bolsa. Se vai dar certo no longuíssimo prazo, só o tempo irá dizer. Os milionários e bilionários criados por essas empresas atestam que sim, é claro. Mas a história joga contra.
A "inatividade de espírito" que é uma das definições do ócio também está se perdendo com a internet. Afinal, todo mundo que tem qualquer tempo livre aproveitando para conferindo seus perfis nas redes sociais e lendo as últimas notícias aqui em EXAME.com.