IBM cria o menor ímã do mundo — e ele tem um mísero átomo
Ele pode ser usado para guardar toda a biblioteca do iTunes no espaço de um cartão de crédito
Mariana Fonseca
Publicado em 12 de março de 2017 às 16h27.
Última atualização em 12 de março de 2017 às 16h29.
Uma equipe do centro de pesquisa da IBM na cidade de San Jose, na Califórnia, criou o menor ímã do mundo. Sua composição? Um único átomo. Seu objetivo? Tornar o HD de seu computador muito, muito pequeno.
O primeiro disco rígido da história, O IBM 350, foi lançado em setembro de 1957. Ele tinha 1,7 metro de largura e 73 centímetros de altura, mas armazenava só 5MB — o equivalente a uma música de pouco mais de dois minutos em formato MP3. Desde então, ainda bem, as máquinas só diminuíram, e a meta continua sendo armazenar cada vez mais informação em cada vez menos espaço.
Hoje, segundo a IBM, mesmo o melhor dos HDs precisa de 10 mil átomos para armazenar cada bit. Se esse bit pudesse ser armazenado em um único átomo, portanto, o gadget ocuparia 100 mil vezes menos espaço. Moral da história? Aplicando esse filhote de ímã na prática, seria possível guardar toda a biblioteca do iTunes na área de um cartão de crédito.
Vale lembrar: na teoria da informação, um bit é a menor quantidade de informação que pode ser armazenada ou transmitida. Ele corresponde a um “0” ou a um “1” no código binário — é sempre bom lembrar que, em última instância, cada filme, música e livro que você tem salvo no PC é formado por incontáveis zeros e uns.
Quando um HD de computador doméstico armazena uma informação, na prática ele só está organizando uma sequência de minúsculos ímãs de forma que a sequência de pólos positivos e negativos seja idêntica à sequência de zeros e uns do arquivo.
Segundo o artigo científico, publicado na Nature, os átomos usados no experimento são de um elemento hipster da tabela periódica: o hólmio (Ho), conhecido por cientistas justamente por gerar campos magnéticos muito fortes.
Uma fileira de hólmios foi posicionada sobre uma placa de óxido de magnésio, e uma corrente elétrica foi usada para mudar a orientação magnética de cada um deles.
A recuperação das informações salvas nessa “fila indiana” atômica é tão precisa que, mesmo que as partículas estejam a alguns nanômetros de distância umas das outras — uma distância mil vezes menor que o tamanho de uma célula de seu sangue —, é possível ler a orientação magnética de cada um com precisão.
Frank Zappa ficaria feliz: até seus 80 álbuns de estúdio (talvez a maior discografia da história do rock) caberiam em um único fio de cabelo.