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Greenpeace vai à Justiça contra prisões na Rússia

Greenpeace informou que vai recorrer da decisão de um tribunal russo de manter 30 integrantes da ONG detidos, a maioria deles por 60 dias.

navio Rainbow Warrior III (©afp.com / Odd Andersen)

navio Rainbow Warrior III (©afp.com / Odd Andersen)

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Da Redação

Publicado em 27 de setembro de 2013 às 10h47.

Moscou  - O Greenpeace informou nesta sexta-feira (27) que vai recorrer da decisão de um tribunal russo de manter 30 integrantes da ONG detidos, a maioria deles por 60 dias.

A organização ambiental destacou que é a primeira vez que um Estado responde de forma tão agressiva a um protesto pacífico.

Os 30 membros da tripulação do quebra-gelos do Greenpeace "Artic Sunrise", interceptado no Ártico pelas autoridades russas quando realizava uma ação de protesto, foram colocados sob detenção por um tribunal de Murmansk (noroeste), anunciou a ONG nesta sexta-feira.

"Vamos lutar para conseguir a libertação dos ativistas do Greenpeace por todos os meios legais possíveis", declarou o advogado da ONG, Anton Beneslavski, durante uma coletiva de imprensa.

"O grupo não está intimidado e nossos advogados vão recorrer", ressaltou a organização em um comunicado.

O Arctic Sunrise foi interceptado em 19 de setembro por um grupo da guarda costeira russa e rebocado para Murmansk.

Os tripulantes do barco estão sendo investigados por "pirataria", um crime que pode ser punido com até 15 anos de prisão no país, pela tentativa de abordar uma plataforma da empresa Gazprom no Ártico para protestar contra os projetos de extração de petróleo na região.

"Dos 30, 22 ficarão detidos durante dois meses e oito durante três dias", informou o Greenpeace.

Entre os tripulantes há 26 estrangeiros de 18 nacionalidades, incluindo a bióloga brasileira Ana Paula Maciel, e quatro russos, incluindo o repórter fotográfico Denis Siniakov.

A comissão de investigação russa justificou esta medida considerando que os militantes poderiam fugir da Rússia caso fossem libertados.

Caso inédito desde o Rainbow Warrior

Entre os detidos também está o capitão do navio do Greenpeace, o americano Peter Willcox, que ocupava esse mesmo posto à frente do Rainbow Warrior em 1985, quando o barco da ONG ambientalista foi afundado pelos serviços secretos franceses.

"O que aconteceu com o Arctic Sunrise é o ato mais agressivo desde a explosão do Rainbow Warrior", que custou a vida de um fotógrafo, considerou nesta sexta-feira o diretor do Greenpeace na Rússia, Ivan Blokov.

"Estas decisões da justiça são uma relíquia de outra época, assim como a indústria petroleira russa", disse Kumi Naidoo, diretor executivo do Greenpeace International.

"Nossas atividades nada têm a ver com a pirataria, todo o mundo entende, inclusive o presidente Putin", ressaltou Blokov.

O presidente russo Vladimir Putin, que participa nesta sexta-feira de um fórum internacional sobre o Ártico, admitiu na quarta-feira que os 30 tripulantes do barco do Greenpeace não eram piratas, mas que "essa gente violou as normas da lei internacional".

"Ele expressou o seu ponto de vista, agora cabe à comissão de investigação encarregada do caso", comentou seu porta-voz Dmitri Peskov, citado pela agência Interfax.

O porta-voz da Gazprom, Sergei Kuprianov, declarou na quinta-feira que o Greenpeace agiu "de forma totalmente ilegal".

"Compreendemos que nossos atos podem ser qualificados como infração administrativa, mas não crime", insistiu o advogado da ONG, Anton Beneslavski.

A ONG Repórteres sem Fronteiras se declarou "surpresa" com a prisão preventiva do fotojornalista Denis Siniakov, que trabalhou para a AFP em Moscou.

"Denis Siniakov foi detido no exercício de sua atividade profissional e sua prisão é uma violação inaceitável da liberdade de informação", informou a ONG.

Meios de comunicação russos, como a rádio Eco de Moscou ou o site Gazeta.ru, anunciaram que não publicarão fotos em sua página inicial em solidariedade a Siniakov, noticiou a agência Interfax.

"A detenção por dois meses de Denis Siniakov será um precedente para o jornalismo na Rússia", considerou nesta sexta-feira o jornal Vedomosti.

"O trabalho profissional do jornalista que cobre inundações, greves ou uma manifestação da oposição é muitas vezes interpretado pela polícia (russa) como uma violação da lei ou cumplicidade", prosseguiu o jornal.

O jornal Kommersant ressaltou, por sua vez, a fraca mobilização das embaixadas estrangeiras, "que não estão com pressa para protestar após a prisão de seus cidadãos".

Já o jornal pró-Kremlin Izvestia afirmou que, sob a lei russa, o navio do Greenpeace pode ser confiscado.

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