Litoral (AFP)
Da Redação
Publicado em 3 de setembro de 2013 às 13h26.
Madri - A ONG ambientalista Greenpeace acusou nesta quinta-feira a Espanha de cometer excessos na exploração imobiliária no litoral e advertiu que o problema se agravará com uma nova lei que, assegurou, favorece a aprovação de empreendimentos de frente para o mar.
"A nova lei nos preocupa imensamente. A lei está nos levando de volta aos anos 1960 na questão ambiental, estamos retrocedendo a passos largos", afirmou durante entrevista coletiva Pilar Marcos, encarregada da campanha de litorais do Greenpeace na Espanha.
A nova lei costeira, aprovada pelo Parlamento espanhol em maio, reduz a zona de proibição total de construção de 100 metros para 200 metros da costa. O Greenpeace quer apresentar em outubro perante a União Europeia uma petição contra esta nova legislação, que até agora reuniu cerca de 150.000 assinaturas. A ONG ecologista diz que a lei deixa vulneráveis nove administrações comunitárias.
"Quase metade da costa Mediterrânea está urbanizada e não podemos permitir que os 50% que restam sejam consumidos pelo cimento", afirmou Marcos. A extensão de terreno edificado em uma área de 500 metros da ensolarada costa mediterrânea cresceu 24% entre 1987 e 2005, até 32.868 hectares, à medida que os povoados pesqueiros eram absorvidos por grandes complexos turísticos, afirmou o Greenpeace em um relatório apresentado esta quinta-feira.
Esta superfície corresponde a 43% da costa mediterrânea espanhola, segundo este relatório, baseado em imagens de satélite. "Literalmente comemos a costa espanhola", disse Marcos. Se a tendência se mantiver, o relatório prevê que a costa mediterrânea espanhola poderia estar completamente edificada em 124 anos.
Apesar de o auge imobiliário ter sido abruptamente interrompido em 2008 devido à crise econômica, o Greenpeace prevê um aumento da demanda espanhola e europeia de residências na costa sul da Espanha e a nova lei costeira facilitará que governos regionais, mergulhados em dificuldades financeiras, aprovem novos projetos imobiliários.
"Com a desculpa da crise econômica, existe o risco de que qualquer projeto de construção possa ser aprovado por controles mais frouxos ou inexistentes", disse Marcos.