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Gigante na pandemia, Zoom divulga hoje resultados do trimestre

Companhia que fornece serviço de videoconferência triplicou de valor desde o começo do ano e espera um faturamento recorde com a pandemia do coronavírus

Eric Yuan, do Zoom: a previsão é de que o faturamento supere 200 milhões de dólares no trimestre (Mark Lennihan/AP/Glow Images/AP)
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Rodrigo Loureiro

Publicado em 2 de junho de 2020 às 07h00.

A startup americana Zoom Video Communications divulga nesta terça-feira (2) os resultados financeiros referentes aos meses de fevereiro, março e abril de 2020. O anúncio que deverá ser feito por volta das 18h30 (horário de Brasília) deve confirmar o crescimento da startup de serviços de videoconferência em meio à pandemia no novo coronavírus.

O mercado já espera resultados positivos, mas a questão é o quão altos os números serão. Ontem, as ações da companhia chegaram a subir mais de 15% impulsionadas pela expectativa positiva dos investidores com o balanço.

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Fundada em 2011 em San Jose, na Califórnia, pelo empresário Eric S. Yuan, a Zoom compete no mercado de softwares de chamadas de vídeo para duas ou mais pessoas para computadores e dispositivos móveis. Apesar de poder ser usado por qualquer usuário, o foco da empresa é no setor corporativo.

A companhia cobra 15 dólares no plano de assinatura para pequenas empresas e no mínimo 20 dólares para empresas de médio e grande porte, dependendo do número de funcionários por mês e anfitrião. Há uma opção gratuita, mas com recursos limitados e que permite reuniões com duração máxima de 40 minutos.

Do lado financeiro, a empresa captou 146 milhões de dólares em aportes de fundos como Sequoia Capital e Horizon Ventures. O primeiro bilhão de dólares de avaliação de mercado veio em 2017. Em 2019, a empresa entrou na bolsa de valores e levantou 751 milhões de dólares com a oferta inicial de ações, elevando seu valor de mercado para 9,2 bilhões de dólares.

Com o isolamento social provocado pela pandemia, a Zoom se agigantou. As ações triplicaram de valor desde o primeiro pregão de 2020 e a empresa vale mais de 57,5 bilhões de dólares. No último trimestre fiscal da empresa, encerrado em janeiro, a Zoom reportou crescimento de 78% em sua receita trimestral, que somou 188,3 milhões de dólares.

Os resultados divulgados hoje devem ser mais expressivos. Segundo analistas ouvidos pelo Business Insider, a previsão é de que o faturamento supere 200 milhões de dólares no trimestre e os ganhos dos acionistas por ação tripliquem e sejam superiores a 10 centavos de dólar por papel.
Competição na telinha

A Zoom já era líder do mercado em que atuava mesmo antes da pandemia. Em setembro de 2019, um estudo da consultoria Gartner colocou o Zoom como um serviço “líder” ao lado de plataformas de gigantes do mercado, como Microsoft e Cisco. Na mesma análise, Google e Adobe aparecem apenas como desafiantes.

Com a crise do novo coronavírus, a startup de Eric Yuan fez valer seu potencial e cresceu. Ao fim de 2019, a empresa tinha 82 mil clientes que utilizam a versão paga da plataforma. Em abril deste ano, 300 milhões de usuários estavam conectados ao aplicativo de videoconferência (contabilizando todos os usuários, com planos pagos ou gratuitos).

Em relação a competição com seus rivais, um levantamento da consultoria Statista mostra que a empresa dominou o mercado. Na comparação do número de downloads do aplicativo para smartphones, o aplicativo da Zoom foi baixado quase 27 milhões de vezes contra 6,2 milhões e 5,1 milhões de downloads das plataformas Skype e Houseparty respectivamente.

Para combater o crescimento do Zoom, titãs do mercado de internet se movimentaram. O Facebook liberou um recurso que ampliava o número de participantes de uma conversa de vídeo do Messenger para 50. A capacidade anterior era de apenas oito internautas conectados simultaneamente.

Além disso, a companhia ainda cogita realizar uma integração do serviço com o WhatsApp Web através de um atalho de redirecionamento. Segundo o site WABetaInfo, o recurso que ainda não foi incorporado ao aplicativo de mensagens ainda está em fase de testes e por ora não tem previsão de ser adicionado.

Em Mountain View, o Google anunciou que iria liberar o aplicativo Google Meet –antes chamado de Hangouts – gratuitamente para todos os usuários e sem limite de tempo. O serviço é um dos principais concorrentes do Zoom, uma vez que a ferramenta também permite realizar chamadas de vídeo para uma centena de pessoas.

Nem tudo é perfeito

A maré de crescimento da Zoom não veio sem que algumas ondas se chocassem com força contra a empresa e que chegaram a assustar investidores. No começo de abril, o jornal americano The Washington Post relatou que a empresa tinha sérios problemas para garantir a privacidade dos usuários que utilizam sua plataforma. Segundo o periódico, as chamadas de vídeo realizadas no serviço ficavam disponíveis na web sem o devido consentimento dos participantes.

Dias antes, o site Motherboard relatou que o aplicativo da empresa para iPhone se conectava à interface de programação de aplicações do Facebook. Desta forma, era possível trocar informações do serviço com a rede social, mesmo que o participante não tivesse uma conta na plataforma.

O The Intercept, por sua vez, identificou problemas na criptografia utilizada pela companhia. Não era de ponta a ponta como a companhia anunciava, considerada mais segura por especialistas e utilizada por serviços como WhatsApp ou Signal. Após o caso, a Zoom fez uma troca em seus materiais de divulgação que informavam isso.

O turbilhão de problemas foi completado por um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Toronto, no Canadá, que concluíram que a companhia tinha servidores na China e que poderiam ser usados para armazenar conversas sem relação alguma com o país.

O episódio fez com que Eric Yuan anunciasse um plano de 90 dias em que a empresa focaria esforços na correção das falhas de segurança para garantir a privacidade dos usuários do serviço, incluindo, enfim, a adoção de uma criptografia de ponta a ponta.

Sobre os problemas, Yuan afirmou que a companhia “cometeu alguns erros”. Dias depois, em entrevista para a EXAME, o fundador e CEO da empresa defendeu o negócio sobre suspeitas de vazamento de dados para autoridades chinesas. “Posso garantir: o Zoom é seguro. Não temos nenhuma relação com a China”, disse.

Mesmo assim, os investidores recuaram na época e fizeram com que as ações chegassem a cair levemente no mercado de capitais – para depois subirem novamente impulsionadas pelo crescimento da base de usuários. Tal como daquela vez, os resultados que serão divulgados nesta terça-feira servirão de resposta para os investidores da Zoom. Se a réplica será boa, é preciso aguardar.

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