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Engenheiro do Facebook ensina como se dar bem no processo seletivo e conseguir uma vaga

Artur Souza, engenheiro de soluções do Facebook para América Latina, conta como venceu o processo seletivo da rede social

facebook (Gui Morelli)
DR

Da Redação

Publicado em 3 de julho de 2014 às 14h38.

O Facebook está contratando, mas vale dizer logo de cara: é dificílimo trabalhar lá, tão complicado que fica até difícil achar bases de comparação. No Brasil, segundo dados da própria empresa, são cerca de 400 candidatos por vaga, ou quase seis vezes mais árduo do que conseguir um lugar no Instituto Tecnológico da Aeronáutica ou na Universidade de São Paulo. A parte boa dessa história é que, por não existirem formulinhas para passar no processo seletivo, os candidatos que são mais transparentes, diretos e destemidos são justamente aqueles que mais chamam a atenção dos recrutadores. “Tente ser você mesmo”, diz Célia Goldstein, gerente de negócios do Facebook. “Os entrevistadores vão perguntar como você reagiria a uma situação. Vão perguntar algo como ‘o que você faria se não tivesse medo’, justamente para encontrar essas pessoas que se arriscam, que são intensas.”

Artur Souza, engenheiro de soluções do Facebook para América Latina, é um desses casos. Há dois anos e dois meses, ele passou por um processo seletivo “de alguns meses” da empresa e conseguiu a única vaga de engenheiro de software da rede social que existia em toda a região. “Quando o Facebook veio para o Brasil, começou só com a área comercial”, lembra. “Eu até tinha dado uma olhada nas vagas, mas não tinha nada técnico. Aí, em um belo dia, uma recrutadora entrou em contato comigo, falando que tinha uma vaga técnica aqui no Brasil. E mandei meu currículo.”

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Existem duas maneiras de entrar em contato com o Facebook na busca de emprego. Na página de “oportunidades de trabalho” ( facebook.com/careers/locations/saopaulo ), a rede mostra todas as vagas existentes, especificando os requisitos e as características do emprego. Para cada vaga, a empresa seleciona cerca de oito candidatos, que passarão por uma entrevista por telefone com um recrutador. Se tudo correr bem, o candidato é convocado para uma série de entrevistas pessoais – os desenvolvedores passarão por testes de codificação e provas técnicas, enquanto para as outras áreas as entrevistas são focadas em negócios e no perfil psicológico do concorrente. Se você tem interesse em trabalhar com programação, o Facebook também tem uma opção de recrutamento bem menos tradicional. No item “Puzzles”, a empresa convida os programadores a um desafio cronometrado, de uma a duas horas de duração. Se o seu código for bem sucedido, um recrutador do Facebook vai telefonar na sua casa. Mas, novamente, não é nada fácil – por mês, cerca de 1 000 pessoas tentam vencer o desafio e apenas 10% delas acertam a resposta em cheio.

Apesar de toda a dificuldade, Artur Souza afirma que existem formas de se preparar para as entrevistas. “Na parte técnica, focamos bastante na resolução de problemas da área”, diz. “Então uma forma de o candidato se preparar é resolvendo problemas do tipo, que são encontrados em maratona de programação. E na parte social, a gente vê se a pessoa se enquadra na cultura da empresa, se a pessoa entende por que ela quer trabalhar no Facebook e se ela entende a missão da empresa, que é tornar o mundo mais aberto e conectado.”

Veja abaixo outras dicas para conseguir uma vaga no Facebook. Também não deixe de conferir a INFO deste mês, que traz os bastidores dos processos seletivos e as dicas para conseguir um dos 177 cargos disponíveis atualmente em empresas como Google, Facebook, Twitter, LinkedIn, Buscapé, Amazon, Apple e Microsoft.

INFO – Como você se interessou por tecnologia?

Artur Souza – Desde pequeno sou bem interessado nessa área de tecnologia. Começou esse namoro com tecnologia na terceira série. Na minha escola havia muitos computadores e fiquei fascinado. Engraçado que, quando cheguei em casa, pedi um computador para a minha mãe. E ela falou: “o dia que você aprende a digitar com todos os dedos, eu compro o computador”. Ela não contava que eu estava realmente a fim do computador. Depois de duas semanas, chamei ela e mostrei: “ó mãe, sei digitar com todos os dedos!”. Aí, coitada, ela deu os pulos dela e eu ganhei meu primeiro computador.

Comecei a mexer em coisas mais simples, mas eu sempre fiquei interessado em saber como funcionavam os programas de computador. Aí passei a aprender sozinho. Quando tinha 12 anos, aprendi a programar pela primeira vez, e comecei a fazer programinhas para casa, para os amigos, coisas simples, como gerenciamento de estoques. Tive contato também com o mundo do software livre, e comecei a conversar com gente de fora na internet. Aí fui fuçando, fazendo projetinhos, montei um MP3 player com peças de computador antigo e um software que eu mesmo fiz. E já sabia que queria trabalhar com isso.

E como foi a sua carreira até entrar no Facebook?

Esse é meu terceiro emprego. Sou formado na Unicamp, e nos dois últimos anos de faculdade, as empresas começaram a montar laboratórios nos arredores da Unicamp, de olho na mão de obra que ia se formar. E foi assim que eu comecei a trabalhar em um laboratório da IBM, lidando com software pra mainframe. Quando me formei, recebi uma proposta da IBM e uma proposta da Nokia em Recife, e fui pra Recife para o centro de pesquisa e desenvolvimento deles. Era uma área que me atraía muito, de mobile. Daí fiquei na Nokia e depois vim pro Facebook. Quando o Facebook veio para o Brasil, começou só com a área comercial. Eu até tinha dado uma olhada nas vagas, mas não tinha nada técnico. Aí em um belo dia, uma recrutadora entrou em contato comigo, falando que tinha uma vaga técnica aqui no Brasil. E mandei meu currículo.

Como foram suas entrevistas?

Foram alguns meses de processo. Tive conversa com a recrutadora, e aí uma série de entrevistas técnicas e não técnicas. No meu time, 50% do tempo a gente cuida de coisas da área, como qualquer outro engenheiro de software, com os times de produtos que ficam lá nos Estados Unidos.  Na outra metade de tempo, a gente ajuda a área comercial. Então tive entrevistas também com área comercial, para ver se meu perfil se encaixava.

O que o candidato deve colocar no currículo para se destacar?

Claro que a gente olha a formação na área de computação, ciência ou engenharia, e se o candidato tem as habilidades necessárias para resolver os problemas que ele vai ter de enfrentar no Facebook. Mas não focamos só nisso. A pessoa deve contar projetos reais que participou e os papéis que teve. É importante para ver de fato o que ele realizou. Especificar esses projetos é muito importante.

E para as entrevista, dá para se preparar?

Nas entrevistas técnicas, focamos bastante na resolução de problemas da área. Então uma forma de o candidato se preparar é resolver problemas do tipo, que são encontrados em maratona de programação. É basicamente o que você aprende em uma universidade voltada para computação. São os fundamentos da computação, e isso se resume bastante à análise de códigos e análise de estrutura de dados. Trabalhando o que ele aprendeu na faculdade, ele está preparado para a entrevista. E na parte social, a gente vê se a pessoa se enquadra na cultura da empresa, se a pessoa entende por que ela quer trabalhar no Facebook e se ela entende a missão da empresa, que é tornar o mundo mais aberto e conectado.

Com um maior número de empresas de tecnologia no Brasil e com muitas startups aparecendo, está mais difícil encontrar bons profissionais, ou está mais fácil porque há um interesse maior dos estudantes na área?

As duas coisas. Sim, temos mais competição no mercado por grandes talentos, mas ao mesmo tempo o volume de pessoas cresceu bastante. Você está sempre em busca do melhor talento, mas o volume grande ajuda a dar uma diluída na grande competição. E o cenário vai crescer bastante, temos universidades de grande nível que conseguem brigar com qualquer universidade lá de fora. Então o mercado só tende a crescer.

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