Embraer volta a pedir recursos do BNDES
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) pode não ter escolhido o melhor momento para reduzir os financiamentos voltados às exportações da Embraer. Mauricio Botelho, presidente da Embraer, afirmou que a empresa encontra resistência no mercado para captar recursos privados desde a crise de confiança do Brasil no ano passado. Consideramos acertada a decisão […]
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h30.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) pode não ter escolhido o melhor momento para reduzir os financiamentos voltados às exportações da Embraer. Mauricio Botelho, presidente da Embraer, afirmou que a empresa encontra resistência no mercado para captar recursos privados desde a crise de confiança do Brasil no ano passado. Consideramos acertada a decisão de Lessa (Carlos Lessa, presidente do BNDES) em reduzir a exposição do banco a Embraer , diz Botelho. Mas a Embraer encontra um problema conjuntural para conseguir recursos privados e temos certeza de que haverá apoio do BNDES nesse momento." Botelho participou do encontro promovido pela Câmara Americana de Comércio (Amcham) para avalia a internacionalização das empresas brasileiras. O presidente da Embraer fez sua apresentação imediatamente após o diretor da área de exportações do próprio BNDES, Luiz Eduardo Melin de Carvalho e Silva, que foi mais abrangente e tratou dos blocos econômicos. Mas Melin não ficou para ouvir Botelho até o final. Deixou a Amcham no meio da apresentação do executivo para retornar ao Rio.
Para o banco estatal de fomento, essas discussões devem ser feitas entre o BNDES e a Embraer. A assessoria de imprensa do BNDES afirmou que a posição do banco em relação à Embraer já foi declarada duas vezes, isto é, que os empréstimos à empresa aérea serão reduzidos, analisados caso a caso após o pedido ter sido feito, e a principal recomendação: que a empresa precisa encontrar outras fontes de financiamento. Segundo a assessoria de imprensa, 47% dos empréstimos do banco em 2002 foram de alguma forma para a Embraer.
As empresas do setor aéreo tiveram destaque na lista dos 10 maiores financiamentos aprovados pelo BNDES entre 2000 e 2002. Cinco empresas, as americanas Continental Express, American Eagle Airlines, Mesa Airlines e Chautauquia Airlines, clientes da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) -e a própria Embraer- responderam por cerca de 11% dos 96 bilhões de reais em financiamentos aprovados pela instituição. A Continental Express, por exemplo, ocupou o primeiro lugar no ranking dos maiores financiamentos aprovados nos anos de 2000 (1,36 bilhão de reais) e 2002 (3,39 bilhão de reais). Ao assumir a presidência do BNDES, Lessa anunciou que reduziria os desembolsos para a empresa, por considerá-los excessivos.
Segundo Botelho, a empresa reduziu sua dependência do BNDES após a privatização. No ano passado, por exemplo, o banco respondeu por 35% das operações captadas. Em sua palestra no encontro que avalia a internacionalização das empresas brasileira, promovido pela Câmara Americana de Comércio (Amcham), o executivo reservou espaço para ressaltar o papel do poder público no desenvolvimento do setor aéreo. O exemplo foi a Airbus, que recebe financiamentos da União Européia a juros de 25% ao ano. Apesar de ter sido questionada na Organização Mundial do Comércio (OMC) pelo Brasil e outros 28 países, a Emenda Byrd do congresso americano, que favorece recursos para a indústria local, também foi citada por Botelho como mais um exemplo.
Independente das discussões, o fato é que no primeiro semestre do ano, as exportações de aviões caíram 19%. O movimento reverteu a ascensão dos últimos anos, quando as aeronaves subiram ao topo dos produtos mais importantes da pauta brasileira. O item aviões foi o primeiro da pauta de exportação em 2001. Dos dez principais produtos da pauta de exportação em 2002, cinco pertenciam ao setor de manufaturados, sendo o destaque os aviões, que sozinhos totalizaram uma receita de 2,3 bilhões de dólares.
Colaborou Aline Sordili