E-mail livre de antraz
O jogo do terrorismo internacional já consagrou um vencedor no mundo da tecnologia
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h29.
Uma das conseqüências do ataque ao World Trade Center foi um dilúvio de estranhíssimas cartas enviadas pelo correio contendo pó com esporos de antraz. Não demorou para que um monte de imitadores começasse a soltar cartas cheias de talco em pó. A vantagem pouco evidente disso tudo foi a repentina ascensão do e-mail como uma forma de comunicação por escolha. Embora o uso do e-mail tenha explodido nos últimos anos, ele nunca foi uma forma básica de comunicação. Agora, com todas essas cartas contendo antraz aparecendo aqui e ali, um estranho vencedor vai despontar nesse jogo do terrorismo internacional.
A destruição das torres gêmeas, entretanto, não tem feito muito para estimular a economia. A mais irritante entre as recentes reversões de planos, pelo menos para mim, é a da Sprint, uma das maiores companhias de telefonia dos Estados Unidos e provedora de acesso à internet. Eu uso seus serviços - e não é apenas um dial-up qualquer. Uso um sistema wireless com radiotransmissor de alta velocidade que atinge, em média, 800 Kbps. Só que a Sprint anunciou que não venderá mais o sistema e parece que vai simplesmente desistir desse conceito - eles dizem que é muito caro implementá-lo. Não estou bem certo do que vou fazer com minha próxima conexão em banda larga. Esse será o terceiro fornecedor seguido que usei e decidiu descontinuar os serviços.
Recentemente, estive num evento para ISPs - o Penton's ISPCon em Las Vegas - e descobri que um novo esquema de broadband está sendo desenvolvido, usando um sistema chamado de "emaranhado". É um rádio/repetidor não-direcional que até parece ser uma boa idéia, se funcionar e não ficar sobrecarregado. Funciona assim: você seleciona uma pequena área residencial e instala, em algum lugar lá dentro, uma antena wireless ligada a uma conexão de internet em alta velocidade. Cada assinante do serviço tem de colocar uma antena de recepção e transmissão em seu telhado. A casa mais próxima da unidade de transmissão principal capta o sinal e o retransmite para as próximas. É como se fosse uma mini-internet, forma um emaranhado de conexões que fazem uma rede básica. Todos os sinais passam por todo o sistema: aqueles que têm seu endereço IP vão para você, enquanto os outros seguem seu caminho. No papel, a idéia parece realmente boa.
As pessoas que apostaram na banda larga se desapontaram ao descobrir que ainda vai demorar para se tornar predominante. No ISPCon, falei com vários provedores de serviços de internet e a maioria deles ainda está ganhando um bom dinheiro com serviços de dial-up. Nos Estados Unidos sempre houve uma tradição de chamadas locais gratuitas como parte do serviço de telefonia. Assim, a internet começou com pessoas fazendo ligações locais e ficando na linha por horas. Em outras partes do mundo em que o governo é dono das operadoras de telefonia, existem sistemas que não permitem chamadas locais grátis, então o custo para surfar na web por longas horas é proibitivo. Na maior parte do planeta, ainda é caro demais.
Outro grupo de empresas que mostra sinais de fadiga é aquele que está envolvido com as LANs sem fio, as WLANs. Essas empresas estão tentando ganhar dinheiro com os usuários de computadores móveis que querem baixar seus e-mails enquanto tomam um cafezinho depois do almoço. Certamente, não há muita gente que leve seus computadores ao café - eu, pelo menos, não levo. O que funciona muito melhor são os sistemas independentes criados por indivíduos que não estão tentando ganhar dinheiro, e sim compartilhar banda com os amigos. Eles conseguem uma conexão barata, depois um roteador sem fio barato e aí transmitem de graça. Essa é uma tendência forte, principalmente na Califórnia, e torna difícil a sobrevivência das empresas comerciais de WLANs.
Em outra arena fracassada, vem a Intel, com uma tremenda queda nos lucros. A AMD e praticamente todas as outras empresas de chips estão enfrentando os mesmos problemas. Os lucros da Intel caíram à gritante taxa de 77%, o que me diz que esse é o fundo do poço. Quem vai salvar o dia será o Windows XP - pelo menos é o que esperamos. Os lucros da Microsoft também caíram e muito pode ser atribuído a investimentos infelizes. Os investimentos desacertados de muitas companhias estão ligados ao tal boom pontocom. Todo dinheiro investido nessa área depois de 1999 foi uma péssima idéia.
Outra tendência está emergindo graças à tecnologia japonesa: os animais de estimação robôs. Tudo começou com o caríssimo cãozinho-robô Aibo, da Sony. Agora, a Omron Corporation pretende vender um gato-robô, com pêlo artificial, por 1500 dólares. Batizado de Necoro Neko, ele tem sensores e reage a estímulos variados. Pelo que sei, o Necoro pode expressar seis tipos de emoção e até 48 miados diferentes, ligados a combinações emocionais. Será do tamanho de um gato real, mas, diferentemente do cachorro da Sony, não poderá andar. Se não consegue dar uma simples voltinha, o que ele pode ter de bom? Gostaria de ver um desses robôs andando e expelindo baterias usadas pela casa. Isso seria demais! Quando eles fizerem um gato-robô que seja capaz de andar, com certeza vão conseguir muito mais compradores. Do contrário, será apenas mais um encosto de porta, como muitas coisas de hoje em dia.