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Como os metais tóxicos na agricultura prejudicam a sua saúde

A contaminação por cádmio pode ocorrer mesmo quando a planta não é diretamente ingerida

Tomates: tomateiro foi escolhido por ser uma planta-modelo em genética (Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 1 de fevereiro de 2016 às 08h43.

A contaminação do solo e da água por metais tóxicos constitui um grave problema para a agricultura, prejudicando os produtores, com a perda de produtividade das plantas afetadas; e os consumidores , com efeitos danosos que o consumo dessas plantas pode acarretar para a saúde .

As várias facetas do problema foram estudadas em profundidade pelo projeto temático “Estresse oxidativo induzido por metais: novas abordagens”. Desenvolvida ao longo de cinco anos, de 2010 a 2015, a pesquisa teve o apoio da FAPESP.

“Os dois metais que estudamos foram o alumínio e o cádmio. E a planta eleita para a nossa investigação foi o tomateiro”, disse à Agência FAPESP o pesquisador responsável pelo projeto, Ricardo Antunes de Azevedo, professor titular da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP).

“Diferentemente do que ocorre com o zinco, o níquel e outros metais, o alumínio e o cádmio não são utilizados pelos seres vivos como nutrientes”, afirmou o pesquisador.

“Ao contrário, sua toxicidade prejudica as plantas de várias maneiras – por exemplo, inibindo o desenvolvimento radicular e, assim, rebaixando a absorção de água e nutrientes pelas raízes. As consequências podem ir da diminuição da produtividade da lavoura até a morte das plantas.”

A grande quantidade de alumínio é uma característica natural da crosta terrestre. Ele é, de fato, o elemento metálico mais abundante da crosta.

Como a hidrólise do alumínio produz íons de hidrogênio, a forte presença desse metal constitui um dos principais fatores de acidificação do solo.

“Em pH neutro, o alumínio é geralmente inofensivo, mas, em solos ácidos, pode ter um impacto muito negativo no desenvolvimento das plantas”, informou Azevedo.

O cádmio também é encontrado, porém, em quantidade muito menor. Nesse caso, sua presença se deve principalmente à poluição ambiental decorrente de fatores antrópicos, como, por exemplo, a mineração desse metal e a fabricação e descarte de produtos derivados, como pilhas de níquel-cádmio, pigmentos etc.

“O grande problema em relação ao cádmio, que pode estar presente no solo ou na água de irrigação, decorre do fato de que ele é facilmente absorvido e acumulado pela planta mesmo quando em concentrações muito baixas no ambiente. E, se essa planta vier a ser utilizada por animais ou seres humanos, o metal tóxico poderá eventualmente chegar ao organismo do consumidor”, informou o pesquisador.

Um aspecto muitas vezes negligenciado da questão e apontado pelo estudioso é que a contaminação por cádmio pode ocorrer mesmo quando a planta não é diretamente ingerida.

É o caso, por exemplo, do tabaco. As folhas da planta acumulam cádmio e, durante a queima, o metal é eventualmente transferido ao consumidor por meio do sistema respiratório. Pesquisas demonstraram que a concentração de cádmio tende a ser maior em fumantes do que em não fumantes.

Produtividade da lavoura

Além dos danos potenciais à saúde dos consumidores, a contaminação por cádmio pode comprometer também a produtividade da lavoura, devido principalmente ao estresse causado nas plantas.

“As plantas sofrem dois tipos de estresses: abióticos, provocados por metais, falta de água, excesso de temperatura etc.; e bióticos, provocados por patógenos. Faz parte do metabolismo celular normal a produção de espécies reativas de oxigênio (EROs). Mas há um mecanismo de autorregulação que mantém essa produção abaixo do patamar crítico. Em situação de estresse, porém, ocorre um desbalanceamento e a produção de EROs torna-se muito maior. Dependendo do nível, isso pode levar até mesmo à morte da planta” explicou Azevedo.

A pesquisa abordou a questão por vários ângulos. Especialmente interessante foi o estudo feito com a técnica de enxertia. “Trata-se de uma técnica bastante antiga e muito disseminada na agricultura. Utilizamos a enxertia para entender como uma parte da planta, contaminada por cádmio, sinaliza para a outra parte, não contaminada, que está sendo estressada”, disse o pesquisador.

Na enxertia, o porta-enxerto é constituído pela raiz e base do caule; a ele é acoplado o enxerto, composto pela parte aérea da planta. O procedimento adotado no estudo foi cultivar plantas em presença do metal e plantas sem presença do metal e, depois, fazer a enxertia recíproca.

“Em outras palavras, trocamos as partes de cima das plantas, conectando ao porta-enxerto contaminado o enxerto não contaminado e ao porta-enxerto não contaminado o enxerto contaminado. A ideia é simples, mas sua realização prática exigiu um grande número de controles, pois o próprio processo da enxertia já constitui um estresse para a planta, mesmo que temporário”, afirmou Azevedo.

O resultado foi publicado no artigo “Cadmium stress antioxidant responses and root-to-shoot communication in grafted tomato plants”, na revista Biometals .

A conclusão foi que ocorre a sinalização do estresse tanto em um sentido como no outro. Não apenas o metal da raiz é transportado para a parte aérea (o que era de esperar, apesar da quantidade transportada variar), mas também o metal da parte aérea é transportado para a raiz (e este não era um resultado intuitivo).

Outro tópico importante explorado pela pesquisa foi a genotoxicidade. No caso específico, tratou-se de investigar o efeito do metal tóxico na estrutura dos ácidos nucleicos da planta. Isto é, se o cádmio se ligava ou não ao DNA, e, caso a resposta fosse positiva, que consequências resultariam disso.

“Verificamos que, sim, o cádmio altera bastante a taxa de divisão celular e provoca uma série de aberrações cromossômicas. Entre elas, a formação de quebras e pontes cromossômicas durante a mitose – o processo de divisão celular. Isso ocorre mesmo em concentrações muito baixas do metal. Estas não provocam nenhuma manifestação visível de que a planta esteja estressada. Mas as alterações intracelulares são muito expressivas”, declarou o pesquisador.

As consequências do efeito dos metais dependem de uma série de variáveis. Uma delas é o tipo de cultivar exposto ao metal. Há cultivares mais tolerantes e cultivares menos tolerantes.

Ou seja, existe uma diversidade de mecanismos envolvidos, que podem modificar a taxa de absorção do cádmio pela planta ou reduzir o efeito do metal uma vez absorvido.

Por isso, o projeto também envolveu a mutagênese e a seleção de mutantes mais tolerantes. Para o produtor, a compreensão de tais mecanismos possibilita que estes sejam explorados em programas de melhoramento, com vistas a obter plantas mais resistentes. Mas, para o consumidor, o consumo de uma planta mais resistente pode até mesmo significar, eventualmente, a absorção ainda maior do metal tóxico.

“Para um consumo totalmente seguro, seria preciso saber se o solo ou água utilizados no cultivo estavam ou não contaminados, e, estando, em que parte da planta se acumulou o metal, se naquela que será consumida ou naquela que será descartada. Há uma grande quantidade de fatores, o que torna o estudo bastante complexo”, ponderou Azevedo.

Por isso, outra vertente do projeto temático foi exatamente estudar o processo de fitorremediação, isto é, de recuperação de solos contaminados mediante o plantio de espécies vegetais altamente resistentes capazes de absorver e, assim, retirar os metais pesados do ambiente.

São plantas como a Dolichos lablab, que acumulam grande quantidade de cádmio sem ter seu desenvolvimento afetado, podendo ser utilizadas como fitoestabilizadoras de cádmio.

Artigo a respeito foi submetido para publicação no Journal of Soils and Sediments e encontra-se atualmente no prelo: “Physiological and biochemical responses of Dolichos lablab L. to cadmium support its potential as a cadmium phytoremediator”.

No total, o projeto temático já ensejou mais de 50 artigos em publicações especializadas e há vários outros em processo de elaboração. Toda a experimentação foi realizada em estufa, em plantios no solo ou em sistema hidropônico.

O tomateiro foi escolhido por ser uma planta-modelo em genética, com grande quantidade de cultivares e grande quantidade de mutantes. Além disso, uma das cultivares dessa espécie, a Micro-Tom (tomate-cereja miniatura), que produz uma planta de pequeno porte e frutos pequenos, tem um ciclo de vida muito curto, ao redor de 90 dias, o que constitui uma grande vantagem para a prática experimental.

Finalmente, o tomate é um produto economicamente importante, consumido em larga escala no mundo inteiro, tanto in natura como por meio de derivados.

De tempos em tempos os alimentos entram ou saem das categorias de "vilões" ou "mocinhos" do cardápio de quem procura manter uma alimentação saudável. E novidades que sempre parecem milagrosas precisam de olhar mais atento: será que isso realmente só tem benefícios? "Mantendo uma alimentação balanceada e saudável há o consumo em equilíbrio de diversos alimentos e ela não precisa ser restrita. Todos fazem parte do contexto de cardápio equilibrado se atentarmos à quantidades e momentos de consumo", afirma a nutricionista Beatriz Botéquio.
  • 2. Pães

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  • Veja também

    Por que ele é considerado vilão: considerado um dos maiores "inimigos" da dieta, o alimento é fonte de carboidrato e costuma ser feito à base de farinha branca, que contém glúten e tem alto índice glicêmico. A redenção: exatamente por ser uma fonte de carboidrato o pão é importante para dar energia no dia a dia ao organismo, auxiliando ainda no humor e no bem-estar. "Na versão integral, tem fibras que auxiliam no funcionamento intestinal e colaboram com a saciedade", explica a nutricionista Beatriz Botéquio, especialista em promoção da saúde pela FMUSP.
  • 3. Carne Vermelha

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  • Por que ele é considerado vilão: o consumo constante da proteína animal acarreta problemas de colesterol , pois tem uma quantidade maior de gordura do que carnes brancas. Além disso pode aumentar a concentração de toxinasno corpo por requisitar um tipo de enzima para a digestão da proteína - e assim dificultar a eliminação pelos rins. "Pessoas com colesterol alto devem consumir com moderação, em torno de 1 bife pequeno por dia", aconselha a nutricionista. A redenção: "A carne vermelha é a principal fonte alimentar de ferro e proteína. O ferro é o transportador de oxigênio no sangue, além da proteína contida no alimento ser essencial para formação de células do corpo todo. O ferro presente nela é o melhor absorvido pelo organismo humano, por ter uma digestão e absorção mais rápida", afirma Beatriz.
  • 4. Batata

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    Por que é considerado um vilão: por ser fonte de carboidratos simples, é visto como o responsável pelo "engordar" - principalmente se for frita e consumida em grandes quantidades. A redenção: da mesma forma que o pão e sua parente fitness, a batata-doce, o tubérculo é ótimo para fornecer energia ao organismo, sendo um bom substituto para outros alimentos como o arroz ou massas. "Para compor uma refeição equilibrada, o ideal é apenas uma fonte de carboidrato, escolher entre a batata ou arroz, ou moderar na quantidade de cada um."
  • 5. Coco e abacate

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    Por que são considerados vilões: ambas as frutas possuem uma grande quantidade de gorduras e são mais calóricas do que outras frutas. A redenção: o abacate é excelente para reduzir os níveis de cortisol no organismo e combater inflamações. Já o coco conta com boas gorduras equantidades de ácido láurico e monolauril, substâncias que reduzem o armazenamento de energia nas células. "Ambas as frutas têm também uma boa variedade de vitaminas e minerais. O coco ainda possui fibras, que auxiliam na regulação do funcionamento intestinal e colaboram com a saciedade."
  • 6. Banana

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    Por que é considerado um vilão: diz-se que a banana é uma fruta de alto índice glicêmico e, por esse motivo, seria muito calórica para ser consumida em excesso. A redenção: "O fato é que uma unidade possui em torno de 90 calorias e índice glicêmico médio, ou seja, não é uma fruta calórica e sua composição de nutrientes colabora com a saciedade. A banana é uma ótima aliada da alimentação saudável", explica a nutricionista. Nenhum alimento é completamente isento de benefícios ou de desvantagens para o organismo, principalmente quando se trata de emagrecimento. É preciso ficar de olho nas escolhas e mais ainda nas quantidades, pois consumir em excesso pode levar ao ganho de peso - e não o contrário!
  • 7. Castanhas

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    Por que são consideradas mocinhas: "As castanhas são fontes de gordura boas, vitamina E e antioxidantes, nutrientes com efeito antienvelhecimento", ensina Beatriz. E são essas boas gorduras responsáveis por auxiliar no controle do colesterol ruim (LDL). O outro lado: "Por serem ricas em gordura, mesmo que essas sejam boas, as castanhas possuem alta densidade de energia e é por isso preciso controlar a quantidade a ser consumida. De forma geral, uma porção de castanhas não deve ultrapassar 8 unidades".
  • 8. Adoçantes

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    Por que são considerados mocinhos: os substitutos do açúcar refinado são aliados da alimentação de diabéticos e ajudam a controlar a quantidade ingerida de calorias. O outro lado: existem alguns tipos de adoçantes que podem trazer outros prejuízos à saúde como influências cancerígenas, na pressão alta (por conta da quantidade de sódio) e na regulação natural da fome.
  • 9. Frios (peito de peru, presunto)

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    Por que são considerados mocinhos: são opções práticas e rápidas na preparação de lanches, saladas e outros pratos, além de serem boas fontes de proteínas, que ajudam a aumentar a saciedade. O outro lado: "Como todo alimento embutido, são ricos em sódio. Por isso, pessoas com pressão alta devem ficar atentas a frequência e quantidade de consumo desses alimentos, para equilibrar a alimentação", alerta Beatriz.
  • 10. Alimentos diet

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    Por que são considerados mocinhos: o fato de serem diet significa que não contêm açúcar na formulação e normalmente são indicados para quem tem diabetes , já que essa parcela da população precisa controlar a quantidade ingerida do ingrediente. O outro lado: "A retirada do açúcar do alimento não o torna menos calórico e nem mais saudável, pois é necessária a adição de outros ingredientes para manter textura e sabor, como gorduras", ressalta.
  • 11. Queijo branco

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    Por que é considerado mocinho: ele sempre figura como a melhor opção dentre os queijos , principalmente os amarelos. Ele tem bastante proteína e cálcio, substâncias importantes para manutenção dos músculos e ossos do corpo. O outro lado: "Nem sempre ele possui baixo teor de gordura e calorias, por isso não pode ser consumido à vontade (como nenhum outro alimento). Uma ou duas fatias por dia já são suficientes."
  • 12. 7 alimentos que podem substituir os produtos de limpeza

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