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Cidade mais verde da Europa testa os limites da vida sustentável

Vaexjoe foi além da maioria em energias renováveis, transporte limpo e conservação de energia

Vaexjoe (©afp.com / ERIK MARTENSSON)

Vaexjoe (©afp.com / ERIK MARTENSSON)

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Da Redação

Publicado em 26 de janeiro de 2014 às 11h10.

Pinhas, líquens e comida estragada estão impulsionando a busca de uma cidade sueca pela sustentabilidade, mas o apego das pessoas aos seus carros pode frear a ambição de ela se tornar neutra em carbono.

Situada entre lagos resplandescentes e densas florestas de pinho, no sul da Suécia, Vaexjoe foi além da maioria em energias renováveis, transporte limpo e conservação de energia, autopromovendo-se como a "cidade mais limpa da Europa".

"Nós começamos muito cedo", disse à AFP Henrik Johansson, no conselho municipal de Vaexjoe.

"Nossos políticos perceberam, nos anos 1960, que se a cidade quisesse se desenvolver, os lagos tinham que ser limpos. Eles foram poluídos pela indústria do linho no século XVIII e pela expansão da cidade", prosseguiu.

A recuperação do corpo hídrico mais poluído, o Lago Trummen - mal afamado pelo odor insalubre desde o século XVIII - agiu como um catalisador de mais projetos ambientais ambiciosos, acrescentou.

"Quando eu era criança, não sonhava nadar nele, agora você pode", disse este funcionário ambiental de 39 anos.

"A mudança bastante óbvia ficou na cabeça das pessoas, demonstrou que se você realmente quer fazer algo e põe isso na cabeça, você consegue", acrescentou.

Nos anos 1990, antes de o aquecimento global chegar às primeiras páginas dos jornais, o conselho municipal anunciou planos para abandonar os combustíveis fósseis até 2030 e cortar à metade as emissões de carbono em menos de duas décadas, entre uma série de 'objetivos verdes' que também resultaram no encorajamento de agricultores locais a cultivar orgânicos e à redução do consumo de papel e o uso de bicicletas e transporte público para a população em geral.

Atualmente, as emissões de CO2 de Vaexjoe são, de fato, quase a metade do que eram em 1993, um dos menores níveis da Europa, com 2,7 milhões de toneladas por pessoa, e quase a metade da já baixa média da Suécia.

Nos anos 1970, Vaexjoe desenvolveu um sistema distrital de aquecimento e eletricidade, bombeando calor e água quente de seu aquecedor central, ao redor da cidade.

Isto não foi uma novidade na Suécia, mas a companhia de energia municipal da cidade foi pioneira na substutuição do petróleo por biomassa, ao incinerar os resíduos da indústria florestal.

Atualmente, quase 90% dos 60 mil moradores da cidade obtêm aquecimento e água quente da usina, que também abastece cerca de 40% da demanda de eletricidade.

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Graças a uma série de filtros, as emissões da usina são quase insignificantes: a vigésima parte do limite nacional.

Dois terços dos lares da cidade firmaram voluntariamente - em troca de impostos menores - e hoje a frota da cidade de ônibus movidos a biogás é abastecida quase totalmente pelo gás produzido pelo esgoto e pela comida estragada.

"É difícil comparar cidades de diferentes tamanhos, mas eu diria que esta é uma das mais verdes da Europa - estão muito avançados e são ambiciosos", disse Cristina Garzillo, especialista em sustentabilidade da rede de governo local ICLEI em Freiburg, Alemanha.

Ryan Provencher, um engenheiro de 39 anos, mudou-se do Texas para a Suécia cerca de 10 anos atrás e pode ser descrito como um convertido fervoroso à revolução verde.

"Nós reciclamos quase tudo. Eu só uso o meu carro duas vezes por semana e costumo ir ao trabalho correndo ou de bicicleta", afirmou.

Provencher vive com a esposa e três filhos numa casa ambientalmente amigável, que devolve energia à rede local, graças ao telhado, coberto de painéis solares e a uma rede de outros dispositivos que economizam energia.

Ele disse que o contraste com sua vida em Waco, onde vivem seus pais, é como "o dia e a noite".

"A gasolina é tão barata lá que ninguém pensa duas vezes sobre a direção", prosseguiu.

Vaexjoe pode estar a um mundo de distância de Waco, mas muitos de seus moradores têm um apego similar aos seus carros - cerca de 60% da população dirige - e isto parece algo difícil de mudar, tornando mais distante a meta da cidade de se tornar livre de emissões.

"Nós dependemos de mudanças nacionais nas indústrias automobilísticas e de combustíveis para tornar as alternativas disponíveis. Não podemos forçar as pessoas a se livrar de seus carros", disse Johansson.

"Mas estamos tornando cada vez mais atraente usar bicicletas ou ônibus e mais difícil dirigir em curtas distâncias. É bem fácil fazer melhoras rápidas: postos de gasolina já estão misturando biocombustíveis ao combustível normal, assim todos podem começar a reduzir suas emissões de CO2", prosseguiu.

"Em 2030, penso que estaremos 80% livres", disse Johansson.

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