Carros futuristas são ótimos, mas não rodam após as 17h
A falta de lugares para abastecer é tão grave que donos precisam planejar seus trajetos com base no horário de funcionamento de postos, das 9 às 17 horas
Da Redação
Publicado em 27 de outubro de 2015 às 20h27.
Hiroshi Matsushita está muito orgulhoso por chamar tanta atenção pelas ruas quando ele está dirigindo o carro de seus sonhos, o sedã a hidrogênio com célula de combustível Mirai, da Toyota .
Só tem um problema: seu carrão novo veio com toque de recolher.
A construção de postos de abastecimento de hidrogênio está atrasada no mundo inteiro, o que dificulta as iniciativas das fabricantes de automóveis para convencer os consumidores a trocarem seus carros a gasolina por veículos que emitem vapor de água. Isso está acontecendo até mesmo no Japão , onde a Toyota Motor Corp. e o primeiro-ministro Shinzo Abe desejam formar uma “sociedade de hidrogênio”.
A falta de lugares para abastecer é tão grave que Matsushita precisa planejar seus trajetos com base no horário de funcionamento, das 9 às 17 horas, do posto que fica perto de sua casa em Tóquio.
“Os primeiros compradores precisam superar esse desafio”, disse Matsushita, 63, jornalista automotivo e membro do comitê que decide qual é o carro do ano do Japão. “Tenho que ter muito cuidado com minha programação”.
A experiência de Matsushita adiciona uma dose de realidade aos benefícios que as maiores fabricantes de automóveis do Japão terão que promover nesta semana no Salão do Automóvel de Tóquio, onde os veículos com célula de combustível ocuparão o palco central.
A Toyota exibirá o conceito FCV Plus, que usa hidrogênio para abastecer tanto o carro quanto a casa, e a Honda Motor Co. lançará um modelo de veículo com célula de combustível de maior alcance que deve começar a disputar compradores com o Mirai no começo do próximo ano.
Abe está dando apoio à sociedade de hidrogênio com a desregulação, o que possibilita que a própria Toyota inspecione seus tanques de hidrogênio de alta pressão, e com a elaboração de medidas que permitiria o autoatendimento nos postos de abastecimento. O processo é parecido com o de encher o tanque de gasolina – insira o bocal, aperte o gatilho e espere cerca de 3 minutos para poder dirigir por aproximadamente 650 quilômetros.
Sem chance de lucro
O governo central oferece um subsídio de 2 milhões de ienes aos compradores do Mirai, o que cobre cerca de 25 por cento do custo do carro. O apoio do Japão aos veículos com célula de combustível é maior que o que a China, os Estados Unidos e outros governos do mundo estão oferecendo aos compradores de carros elétricos.
Mesmo assim, o Japão não atingiu a meta de ter cerca de 100 postos de hidrogênio em funcionamento até março. Só 81 foram abertos, em parte devido aos altos custos de construção.
Apenas dois postos foram abertos ao público até o início deste mês em toda a Califórnia, o único estado dos Estados Unidos onde a Toyota já está vendendo o Mirai. A Alemanha e o Reino Unido também estão atrasadas.
“É provável que o problema de reabastecimento do hidrogênio seja a maior barreira enfrentada pelo setor”, disse Claire Curry, analista da Bloomberg New Energy Finance em Nova York.
“Espera-se que quantidades muito pequenas de carros com célula de combustível sejam lançadas até 2020, e isso significa que os postos não terão chance de lucrar”.
Amor
Devido ao atraso da infraestrutura, os carros com célula de combustível continuarão sendo vistos raramente nas ruas nos próximos anos. Projeta-se que o Japão terá 4.200 carros a hidrogênio por volta do começo de 2018, em comparação com 2.300 nos Estados Unidos, 1.200 na Europa e 700 na Coreia do Sul, de acordo com estimativas da Bloomberg New Energy Finance.
Cada posto de hidrogênio custa no mínimo 400 milhões de ienes (US$ 3,3 milhões), de acordo com o governo japonês, que disse que vai subsidiar metade das despesas para os 100 primeiros postos e arcar com parte dos gastos operacionais. A Toyota, a Honda e a Nissan Motor Co. vão arcar com cerca de um terço das despesas administrativas até 2020, e o teto do apoio anual será de 11 milhões de ienes para cada posto.
À exceção do toque de recolher, Matsushita, o dono do Mirai, compara o desempenho de seu novo carro com o de veículos de primeira linha, como o BMW que ele teve antes.
“Quando você ama alguém, você não se importa com as restrições”, disse ele.
Hiroshi Matsushita está muito orgulhoso por chamar tanta atenção pelas ruas quando ele está dirigindo o carro de seus sonhos, o sedã a hidrogênio com célula de combustível Mirai, da Toyota .
Só tem um problema: seu carrão novo veio com toque de recolher.
A construção de postos de abastecimento de hidrogênio está atrasada no mundo inteiro, o que dificulta as iniciativas das fabricantes de automóveis para convencer os consumidores a trocarem seus carros a gasolina por veículos que emitem vapor de água. Isso está acontecendo até mesmo no Japão , onde a Toyota Motor Corp. e o primeiro-ministro Shinzo Abe desejam formar uma “sociedade de hidrogênio”.
A falta de lugares para abastecer é tão grave que Matsushita precisa planejar seus trajetos com base no horário de funcionamento, das 9 às 17 horas, do posto que fica perto de sua casa em Tóquio.
“Os primeiros compradores precisam superar esse desafio”, disse Matsushita, 63, jornalista automotivo e membro do comitê que decide qual é o carro do ano do Japão. “Tenho que ter muito cuidado com minha programação”.
A experiência de Matsushita adiciona uma dose de realidade aos benefícios que as maiores fabricantes de automóveis do Japão terão que promover nesta semana no Salão do Automóvel de Tóquio, onde os veículos com célula de combustível ocuparão o palco central.
A Toyota exibirá o conceito FCV Plus, que usa hidrogênio para abastecer tanto o carro quanto a casa, e a Honda Motor Co. lançará um modelo de veículo com célula de combustível de maior alcance que deve começar a disputar compradores com o Mirai no começo do próximo ano.
Abe está dando apoio à sociedade de hidrogênio com a desregulação, o que possibilita que a própria Toyota inspecione seus tanques de hidrogênio de alta pressão, e com a elaboração de medidas que permitiria o autoatendimento nos postos de abastecimento. O processo é parecido com o de encher o tanque de gasolina – insira o bocal, aperte o gatilho e espere cerca de 3 minutos para poder dirigir por aproximadamente 650 quilômetros.
Sem chance de lucro
O governo central oferece um subsídio de 2 milhões de ienes aos compradores do Mirai, o que cobre cerca de 25 por cento do custo do carro. O apoio do Japão aos veículos com célula de combustível é maior que o que a China, os Estados Unidos e outros governos do mundo estão oferecendo aos compradores de carros elétricos.
Mesmo assim, o Japão não atingiu a meta de ter cerca de 100 postos de hidrogênio em funcionamento até março. Só 81 foram abertos, em parte devido aos altos custos de construção.
Apenas dois postos foram abertos ao público até o início deste mês em toda a Califórnia, o único estado dos Estados Unidos onde a Toyota já está vendendo o Mirai. A Alemanha e o Reino Unido também estão atrasadas.
“É provável que o problema de reabastecimento do hidrogênio seja a maior barreira enfrentada pelo setor”, disse Claire Curry, analista da Bloomberg New Energy Finance em Nova York.
“Espera-se que quantidades muito pequenas de carros com célula de combustível sejam lançadas até 2020, e isso significa que os postos não terão chance de lucrar”.
Amor
Devido ao atraso da infraestrutura, os carros com célula de combustível continuarão sendo vistos raramente nas ruas nos próximos anos. Projeta-se que o Japão terá 4.200 carros a hidrogênio por volta do começo de 2018, em comparação com 2.300 nos Estados Unidos, 1.200 na Europa e 700 na Coreia do Sul, de acordo com estimativas da Bloomberg New Energy Finance.
Cada posto de hidrogênio custa no mínimo 400 milhões de ienes (US$ 3,3 milhões), de acordo com o governo japonês, que disse que vai subsidiar metade das despesas para os 100 primeiros postos e arcar com parte dos gastos operacionais. A Toyota, a Honda e a Nissan Motor Co. vão arcar com cerca de um terço das despesas administrativas até 2020, e o teto do apoio anual será de 11 milhões de ienes para cada posto.
À exceção do toque de recolher, Matsushita, o dono do Mirai, compara o desempenho de seu novo carro com o de veículos de primeira linha, como o BMW que ele teve antes.
“Quando você ama alguém, você não se importa com as restrições”, disse ele.