Caminhão movido a hidrogênio da Toyota inicia testes nos EUA
O chassi é Kenworth, mas as células de hidrogênio são as mesmas do Mirai
Da Redação
Publicado em 24 de abril de 2017 às 22h01.
Última atualização em 24 de abril de 2017 às 22h01.
O hidrogênio seria o combustível perfeito.
Ele não emite poluentes – só água potável –, não precisa ser carregado por horas na tomada, seu reabastecimento é como o de um carro a gasolina e trabalha com motores elétricos, que geram bastante torque.
Em relação aos motores à combustão e os elétricos, a célula de hidrogênio traz a vantagem de não produzir poluentes em nenhuma de suas etapas de operação ou abastecimento – nos EUA, os dois principais geradores de gases com efeito estufa são justamente os setores de transporte e o de geração de eletricidade.
Mas a realidade é um pouco diferente.
Faz 50 anos que a indústria trabalha com o conceito, sem conseguir se aproximar de uma popularização como a que já ocorre com híbridos e elétricos.
Mesmo assim, ela ainda é a meta a ser alcançada – pelo menos para os fabricantes japoneses, que hoje investem em modelos como o Honda Clarity e o Toyota Mirai .
Na Toyota, o chamado ‘Projeto Portal’, estuda a viabilidade de usarcélula de combustível de hidrogênio em grandes caminhões. Grandes mesmo: o primeiro protótipo é baseado no Kenworth T660.
No protótipo, a parte da cabine que correspondia ao leito foi ocupada por quatro tanques de hidrogênio sob alta pressão e duas baterias de ions de lítio de 6 kWh. Também há duas células de combustível saídas diretamente do Toyota Mirai.
Claro que o caminhão não tem motor de apenas 150 cv como o Mirai. São 670 cv e 135,1 mkgf de torque, números equivalentes ao dos motores diesel usado por caminhões deste porte.
Diz a Toyota que este caminhão acelera mais rápido que um convencional a diesel, o que é plausível, pois os motores elétricos geram torque máximo imediato.
Nos tanques vão 40 kg de hidrogênio.
É o suficiente para percorrer 240 km com carga de 27,3 toneladas, ou 384 km com 16,3 t.
Isso ainda é uma desvantagem: com dois tanques de 120 litros umKenworth percorre mais de 1.900 km sem reabastecer.
Não foi à toa que a Toyota realizou testes na área do porto de Los Angeles, com raio de atuação de apenas 112 km.
Caso o hidrogênio e a carga da bateria acabasse no meio do caminho, uma equipe de reabastecimento chegaria até o caminhão em até 40 minutos.
Além da falta de qualquer tipo de infra-estrutura para o hidrogênio, até mesmo no sul da Califórnia onde combustíveis alternativos têm mais espaço, o hidrogênio é caro.
Embora seja o elemento mais abundante no universo, ele não existe em grandes quantidades naturalmente na Terra.
E gasta-se muita energia e material para obtê-lo.
Uma frota maior concentrada em determinadas rotas poderia viabilizar uma rede de abastecimento de veículos a hidrogênio.
Por enquanto, o objetivo é provar que um caminhão com funcionamento tão complexo pode ser confiável diariamente com uma tecnologia tão complexa.
A questão da autonomia deve ficar para depois.
Este conteúdo foi publicado originalmente no site da Quatro Rodas .