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Arquivos revelam que NSA pode gravar 100% das ligações de um país

De acordo com a reportagem, o programa de monitoramento, batizado de MYSTIC, foi iniciado em 2009, e já começou focado em gravar as conversas pelo país não nomeado

nsa (Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 18 de março de 2014 às 14h09.

As proporções da espionagem praticada pela agência de segurança dos EUA só aumentam. Divulgados nesta terça-feira pelo jornal The Washington Post, novos documentos vazados por Edward Snowden mostram que a NSA é capaz de gravar todas as ligações telefônicas feitas em um país – e ainda armazenar todo o áudio por 30 dias.

De acordo com a reportagem, o programa de monitoramento, batizado de MYSTIC, foi iniciado em 2009, e já começou focado em gravar todas as conversas pelo território – que não foi informado na reportagem, aliás. Foram necessários dois anos, no entanto, para que a ferramenta usada, chamada de RETRO, e todos os outros projetos responsáveis pela monitoria atingissem sua capacidade máxima no país-alvo – que segue com sua ligações vigiadas.

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As bilhões de chamadas captadas ficam armazenadas em servidores durante 30 dias, e os dados mais antigos vão sendo substituídos gradativamente, segundo o WP. Cerca de 1% das ligações são ouvidas pelos analistas da NSA, e “milhões de clipes de voz” são enviados para ser processados e armazenados por mais tempo. O conjunto todo, como bem mencionou o jornal, acaba servindo mais ou menos como uma “porta para o passado”, ou um banco de dados cheio de possíveis provas para incriminar um eventual criminoso.

Essa coleta massiva de dados vai bem além dos processos conhecidos feitos pela NSA, que, até então, envolviam apenas metadados das ligações (duração, localização e números envolvidos, basicamente). O monitoramento indiscriminado também indica que boa parte do grande volume de dados é irrelevante para a agência de segurança, mas os oficiais colocam essa “alta capacidade” como algo importantíssimo.

“Novas ameaças podem se esconder dentro do enorme e complexo sistema de comunicações global”, disse a representante Caitlin Hayden, da NSA, em um comunicado ao Washington Post. “Consequentemente, os EUA devem coletar sinais de inteligência em grandes volumes em certas circunstâncias para identificar essas ameaças.” Ou seja, ao menos para a agência, essa vigilância – e eventual invasão de privacidade – praticada pelo MYSTIC seria inevitável.

Segundo os documentos divulgados pelo WP, a vigilância do programa estaria limitada a apenas um país, mas outros cinco não nomeados ainda estavam nos planos. A expectativa era de que um sexto também começaria a ser monitorado em outubro do ano passado, o que indica que a vigilância nas ligações pode já ter começado.

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